Ainda refletindo sobre os eventos que se desenrolam no Irã, li uma coluna de Miriam Leitão e um Editorial de O Globo que versavam sobre o assunto. A bem da verdade, acho que a resposta sobre o que mudou no Irã não foi respondida, mas... sempre ganhamos mais alguns dados para enriquecer nossa meditação.
Miriam Leitão escreve o seguinte: "Os levantes populares sempre parecem surpreendentes para quem está de fora. Mas eles são construídos devagar. Embaixo da capa de uniformidade que os regimes autoritários conseguem construir, as mudanças acontecem sem que externamente se saiba". Escreve ainda que "... a corrente dos descontentes vai se adensando, até que um fato detona a explosão". Realmente, isso é o que percebemos a partir dos fatos: algo explode e, deve haver um fato que explique isso. Relacionamos esse fato inicial a uma "agitação" interna ao sistema, que já existe, mas que não é visível... principalmente para quem está de fora daquela sociedade, e ainda mais se o sistema não é um exemplo de transparência. Mas será que existia uma "corrente de descontentes", ou será que existiam só "descontentes", de uma forma atômica? Será que há um "movimento articulado" de ação? Sinceramente, não é o que parece a mim!
O Editorial fala de "aiatolás divididos". Não sei se isso é só uma constatação, ou se essa divisão seria a causa do acontecido. Se já existia uma preferência de alguns poderosos - como dos ex-presidentes Rafsanjani e Khatami, bem como do aiatolá Ali Montazeri - pela eleição de Moussavi, enquanto o grupo do aiatolá Khamenei continua seu apoio ao atual presidente Ahmadnejad, poder-se-ia explicar o movimento atual como um movimento orquestrado pelo primeiro grupo, a fim de afastar do poder o outro grupo.
Novamente, a mim não parece que seja este o caso. Mas, realmente, o problema é complexo para uma avaliação tão superficial.
Espero, de qualquer forma, que a solução seja a menos traumática possível... com a menor quantidade de violência necessária a um confronto dessas proporções.
"Que Alah proteja todos os seus filhos!"... quisera eu poder dizer isso.
Um comentário:
Senhor Ricardo!!
Primeiro de tudo vou penitenciar-me (nem pense que vou fazê-lo à maneira medieval entre chicotes e fogueiras), porque o levei a induzir em erro. Quando escrevi que era da poesia que tinha citado não me referia à “Tabacaria”, mas sim à outra que citou de Alberto Caeiro “Há metafísica bastante em não pensar em nada”. Aliás Campos navega mais no eu interior seria “incapaz “ de escrever sobre a natureza, porque não é isso que lhe interessa. Ele faz um exercício de “catarze” de dentro para fora, contrariamente ao Caeiro. Parece que falamos de pessoas diferentes, né? Realmente Pessoa teve a capacidade de através da multiplicidade chegar ou tentar chegar à unidade.
Quanto a vocês gostarem mais dele e aqui estar em “queda” ...Vou pedir-lhe que faça uma viagem pela sua imaginação…preparado? Então agora imagine símbolos do mal…caveiras, ossos, bruxarias…è tudo oq eu estou a pensar sobre esse assunto e não consigo verbalizar…rs
Pessoa não ter escrito os heterónimos naquele dia? Claro que não, nem poderia ter sido….rs Aliás foi um trabalho meticuloso como muito bem o senhor referiu… Já reparou que cada um dos heterónimos tem uma carta astral e tudo, mesmo tudo se encaixa ? Seria humanamente impossível criá-los nesse dia . Se desejar viajar um pouco por ele vão aí 3 páginas onde fala da criação dos heterónimos. O português não é grande coisa, pareceu-me até meio atrofiado, mas está aí o essencial da criação deles. http://www.fpessoa.com.ar/heteronimos.asp?Heteronimo=ricardo_reis.
http://www.fpessoa.com.ar/heteronimos.asp?Heteronimo=alvaro_de_campos
http://www.fpessoa.com.ar/heteronimos.asp?Heteronimo=alberto_caeiro
No que concerne à bebida de Pessoa fala-se aqui duma – absinto, como sendo uma das bebidas predilectas dele. Cachaça deve ser a nossa água ardente…penso que tb se fala sim. Como sabe eu nem gosto nem sou conhecedora de bebidas alcoólicas…Ele bebia, é um facto…rs
Senhor Ricardo, ficaria a “conversar” sobre Pessoa o resto da minha vida, mas, meu corpo não me iria perdoar se não lhe desse atenção e não fosse colocá-lo mais uma vez à prova da sua resistência. Simplificando está na hora do exercício físico. Hoje não tenho mais oportunidades de o fazer. A escola espera-me e logo, à noite, é o jantar do Jorge que , hoje, assume o cargo de Director da escola. Não poderia deixar de ir.
Espero que o senhor e seus visitantes estejam tão bem quanto eu me sinto...rs
Um abraço
Maria
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