quinta-feira, 4 de junho de 2009

Uma charge ética

Já que falamos da ética kantiana, baseada no "dever", coloquei essa charge de autoria de Alex Xavier, onde Kant defende sua tese, diante de Aristóteles - que baseia a ética na ação virtuosa - e John Stuart Mill - cuja ética é utilitarista.
O aluno, ao lado dos citados mestres, fica na maior "banana" sobre o que escolher. E nós, que ética escolheríamos?

2 comentários:

Júlio disse...

Ricardo, se o Spinoza tivesse nesse papo, o que ele ia dizer?

Ricardo disse...

Júlio:
Primeiramente, peço-lhe desculpas pela dificuldade em prosseguir no que seria uma brevíssima introdução à ética spinozana.
Ando com a vida meio "suspensa" - uma espécie de "epoché" husserliana. Rsss.
De qualquer forma, posso, nesse comentário, esclarecer mais um pouco do assunto.
Na verdade, Spinoza não concordaria com nenhum dos três personagens. Se eu tivesse que colocar a visão de Spinoza em uma expressão só, talvez escolhesse "alegria ativa". Isto corresponde a uma alegria que tem a nossa participação direta, ou seja, que não nos vem por condições meramente de "oportunidade" externa... e, ao mesmo tempo, que não nos "submete", tornando-nos temerosos da perda daquela mesma alegria.
Eu acrescentaria que Spinoza não pode concordar com a ética deontológica de Kant em função de que o luso-holandês não aceitaria como ação ética algo que nos fosse imposto como penoso, e não fosse percebido por nós como, pelo menos futuramente, alegre.
Com Aristóteles, a Ética fala por si, em relação à discordância de Spinoza. Lá está: "A felicidade não é o prêmio da virtude, mas a própria virtude; e não gozamos dela por refrearmos as paixões; mas, ao contrário, gozamos dela por podermos refrear as paixões" (Livro V, Prop. 42).
Sobre John Mill, Spinoza poderia até pensar na alegria ativa do grupo como algo muito relevante, mas acho que ele teria dificuldade em fazer o tal cálculo da utilidade. O "bem" a ser feito para o grupo é algo problemático de se estabelecer de modo fixo para Spinoza, já que, para ele, bem e mal são relativos.
Espero ter ajudado um pouco.