Como o mundo todo, tenho acompanhado o desenrolar dos fatos no Irã. Entretanto, ao contrário de muitos, tenho me permitido uma reflexão mais demorada do que testemunho, através de leituras e reportagens feitas pela televisão.
O que mais me tem impressionado é o comportamento "ativo" do povo, exigindo o que acha um direito: escolher o seu presidente de forma justa.
Digo que me impressiona, em função de um filme ao qual assisti não há muito tempo, de nome "Persépolis".
Para quem não assistiu, conto um pouco. O filme se passa no Irã, e mostra o período da Revolução Islâmica, com a queda do xá Reza Pahlevi e a ascensão do aiatolá Khomeini. A personagem principal vivencia, enquanto criança, essa mudança.
Como em tantas outras revoluções, o tempo mostra que a proposta revolucionária inicial não se "encaixa" bem com a prática quotidiana. Parte do povo, principalmente os intelectuais, então, começa a questionar os governantes revolucionários. Infelizmente, de forma similar àquela ocorrida sob a atuação da polícia política do xá deposto, esse grupo não pode expressar suas opiniões. O povo acaba se submetendo à força dos poderosos e permanecendo passivo diante do que ocorre.
E, aqui, voltamos ao que ocorre neste momento: o que mudou, para que o povo manifeste com tanta força sua opinião?
O regime não se flexibilizou - prova disso é a postura do aiatolá Khamenei, que já sinalizou com um derramamento de sangue, caso as manifestações continuem -; o povo continua armado de paus e pedras, contra as milícias "Basij" e a polícia, perfeitamente equipadas para o extermínio, conforme a jovem Neda Agha-Soltan já descobriu, da pior forma possível, pagando com a própria vida; e não parece haver um apoio externo ao povo, tentando enfraquecer o regime ditatorial.
O que mudou, então? Continuo refletindo sobre isso...
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