O professor Leandro Chevitarese, que ministrou o curso "O que significa conhecer?", na Casa do Saber, em uma das aulas, contou que sempre se lembra de um professor seu que, em uma de suas primeiras aulas na faculdade de Filosofia, disse: "Eu não falo de filósofos mortos!". Os alunos, entre eles o Leandro, naquela ocasião, ficaram surpresos e pensaram "Ué, a maior parte dos grandes filósofos já morreu! Será que ele não falará de nenhum desses 'gigantes' da Filosofia?". Mas o professor esclareceu: "Eu só falo de filósofos que 'conversam' conosco atualmente, ou seja, cujos pensamentos nos dizem algo ainda hoje. Se eles não estão 'presentes' na nossa vida, eles estão mortos. Então, eu não falo deles!".
Ah... aí, sim!
Eu não sei quando o professor do Leandro disse isso, mas certamente foi depois de Heidegger ter escrito "A tese de Kant sobre o ser", que é de 1961. O começo do texto diz algo que lembra a afirmação do professor do... professor Leandro. Vejamos:
"Pelo título, pode-se ver que esta exposição enfocará um aspecto doutrinal da filosofia de Kant. Ela nos instruirá sobre UMA FILOSOFIA DO PASSADO. Isto PODERÁ TER sua UTILIDADE; sem dúvida, porém, APENAS NO CASO DE AINDA CONTINUAR DESPERTO O SENTIDO PARA O QUE NOS VEM PELA TRADIÇÃO". (Grifo meu)
Ou seja, esse "continuar desperto" é justamente o "dizer algo a nós, ainda hoje". E, realmente, a beleza do pensamento de todos os que fizeram história na Filosofia é terem produzido algo que ainda sentimos ecoar em nós, mesmo passados vários anos, décadas, séculos e até milênios.
2 comentários:
Ah, muito legal esta afirmativa de "não falar de filósofos mortos". Vou adotar esta "tática" nas minhas aulas. rsrsrrsrsrs
Guilherme:
Também gostei muito da ideia do professor... do professor, tenha ela, ou não, sido "absorvida" de Heidegger.
O que mais me empolga nesses encontros na Casa do Saber é justamente o contato com professores das mais diversas especialidades... e com as mais diversas experiências, portanto.
Adote mesmo essa "tática". Acho que ela despertará, inicialmente, a curiosidade da "rapaziada" e, posteriormente, a lição de que Filosofia não é um assunto das ideias de pessoas do passado, mas de ideias presentes de gente que está mais presente ainda.
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