O título do post de hoje deveria fazer referência a outro aniversário. Desta vez, entretanto, não seria de um amigo de blog... apesar disso, seria de uma pessoa marcante em minha vida: meu pai.
Isso mesmo, hoje é aniversário do meu pai. Infelizmente, "Pai Garcia" - como era conhecido pelos meus amigos - não está disponível para conversarmos e bebermos aquela cervejinha. Nem por isso, diria que ele deixa de estar vivo. Esse sempre foi o meu "sentimento": ele está vivo nas ações e comportamentos de todos que têm carinho por ele, e que tentam repetir sua honestidade, tranquilidade, simpatia, gentileza e educação.
É verdade que temos sentido a falta de suas conversas, que estavam sempre recheadas de experiências interessantes e de comentários sobre fatos históricos. Suas opiniões, mesmo as mais "apaixonadas", eram sempre plenas de equilíbrio. Mas a melhor forma de mantê-lo vivo é fazer do meu comportamento aquele que ele me mostrou realmente ser o mais valoroso... apesar de respeitar as nossas diferenças pessoais.
Hoje, então, teria que fazer o registro de seu aniversário de uma forma especial. Escolhi, então, um trecho do texto do antropólogo Roberto Da Matta, cujo título é "Depois de tudo: em torno de heranças e legados", que consta do livro "Crônicas da vida e da morte".
É certo que as descrições de "herança" e de "legado" não correspondem àquelas do Direito, mas vale a pena refletir sobre elas.
Lá vai, então:
"A pessoa morre, mas o papel social que desempenhou permanece. No plano visível... quando o papel alcança, em virtude do excepcional desempenho do seu ocupante, um nível de virtuosismo, de generoso desempenho e de sucesso, essa dolorosa separação produz o legado (que, neste sentido, ultrapassa a herança), deixando ver algo além do vazio da morte. Ou melhor: permitindo que o grupo lide satisfatoriamente com a angústia da finitude que chega com o falecimento do corpo, mas que, nesses casos, garante a presença indiscutível da alma.
... todas as vidas, mesmo as mais humildes, sempre deixam uma herança, mas nem todas produzem essa 'mais-valia' moral, essa reserva de alentos que divide as grandes histórias das biografias comuns. O legado grandioso, visível, gritante e concreto é a ponte da eternidade.
A herança é, em geral, aquilo que quem se foi deixa de qualquer modo e independentemente de sua vontade. Pois, mesmo quando não planeja ou deseja, trata-se de algum conjunto garantido pela hereditariedade e pelo direito sucessório. Penso que se pode estabelecer uma correlação entre os grandes mortos e suas vidas vividas como entregas incondicionais que produziram legados (e, com eles, ressurreições); e os pequenos mortos que, ao contrário, deixam muita herança e pouco legado".
Seguindo o texto, então, parece-me que "em virtude do excepcional desempenho" na vida, a nossa "dolorosa separação" produziu um "legado", "permitindo que o grupo lide satisfatoriamente com a angústia da finitude que chega com o falecimento do corpo, mas que, nesses casos, garante a presença indiscutível da alma".
Por fim, sinto a presença do pai sob aquela espécie de eternidade da qual falava Spinoza, em virtude justamente de seu comportamento enquanto entre nós... talvez, ecoando o que disse Da Matta: "... todas as vidas, mesmo as mais humildes, sempre deixam uma herança, mas nem todas produzem essa 'mais-valia' moral, essa reserva de alentos que divide as grandes histórias das biografias comuns. O legado grandioso, visível, gritante e concreto é a ponte da eternidade".
Antes de dar parabéns para o pai, dou para nós, que tivemos a grande felicidade de desfrutar de seu convívio e de receber o seu "legado".
3 comentários:
Ricardo, parabéns pro seu pai. Pelo que vc disse e pelo seu jeito, acho que ele era mesmo legal. O único defeito dele foi fazer o filho ser tricolor tb. E ele não ia ficar muito contente de ver o time quase caindo novamente, já que deve ter visto muito craque com a camisa tricolor.
Um abração em vc como se fosse nele.
SDS
Bem Não poderia deixar de prestar homenagem a Pai Garcia com quem tanto convivi, lembrando ao Julio que Seu Rosecleres (Pai Garcia) era legitimo torcedor Vascaíno, assim como a mae do Ricardo, o fato de Ricardo ter nascido Tricolor é aquela velha história citada pelo Ricardo, respeitava as diferenças pessoais , então por isso apesar de Pai Garcia ser um excelente carater, pessoa que aliava verdadeira sabedoria a nos orientar na adolescencia, tinha somente um defeito se assim podemos dizer de ser Vascaíno, mas o que de fato sempre interessou é que seu Garcia era uma ótima conversa, tantas vezes nos emprestou aquela Velha Brasilia azul para sairmos na noite de Nikiti, poderia não gostar de algumas atitudes que tomavamos na nossa juventude, pois tomamos muitas erradas, mas nunca levantou a Voz ou repreendeu ninguém de forma desequilibrada, se o Ricardo é hoje que é, deve em muito a retidão do saudoso Pai Garcia, outro amigo nosso Paulo Zaccour que frequenta o blog com menos frequencia está aí para não nos deixar mentir, Tomar uma Cerveja Antartica com Pai Garcia era um excelente motivo para escutar tantas histórias , algumas nem tão divertidas no sentido de ser alguma experiencia desagradavel vivida, mas sempre colocada com extrema leveza e sabedoria, que ríamos todos juntos, quando se le por aqui que Tres adolescentes , Ricardo, Paulo,Eu e algumas vezes Renato outro amigo nosso, se sentavam a mesa com enorme prazer para escutar as histórias de Pai Garcia, é porque de fato era uma pessoal especial, que de onde ele esteja possa estar vendo a evolução de seu Amado filho, que em muito nos faz lembrar Pai Garcia e com toda sinceridade ele no plano onde está sente enorme orgulho da sua maior Obra aqui na Terra, seu Filho, um Grande abraço para o Amigo e Compadre, um grande beijo ao familiares e amigos que tiveram a chance de conviver com ele e hoje é dia de se Tomar um Cerveja em Homenagem a ele Pai Garcia, e só não celebro este dia junto com Ricardo , pois afazeres me ocupam e não me permitiriam de degustar uma Cerva na companhia do Compadre, mas hoje beberei uma em homenagem a ele e quem sabe durante a semana possamos beber várias em Homenagem a um ser tão iluminado como foi Pai Garcia,e caso seja possível esta Reuniao que ela se faça junto com Paulo e Renato, importantes personagens nesta jornada de nossa VIDA, antes de ir ergo um Brinde a Grande amizade que nos uniu em 1979, e agradecer a Vida por ter podido conviver com seu Garcia.
Era uma tarde de final de semana, como tantas outras, em Iguaba. Bebíamos uma quantidade generosa de cerveja, eu, compadre Ricardo (irmão CED), pai Garcia e um amigo seu, cujo aperto de mão mais parecia um torno mecânico.
A capacidade de ingestão alcoólica era tão diametralmente oposta a velocidade com que os copos iam sendo preenchidos, que eu e Ricardo não tínhamos mais qualquer alternativa, que não fosse a de embromar, derramando de forma “desapercebida” o excesso de cerva.
Essa foi apenas uma das inúmeras passagens vividas felizmente com pai Garcia. Eu que também perdi meu pai, bem antes do meu compadre perder o dele, considerava “seu” Garcia como meu pai. E me comove redigir estas linhas. O admirava muito, pela paciência, sobretudo tranqüilidade, além de uma prudência de quem sabia viver, pois entendia que não havia sentido atropelar o tempo, ao contrário, víamos que as coisas seguiam um ritmo só dele.
Irmão basta eu pensar no seu pai, e na minha mente vem a voz plácida, de lição de vida, do comentário de alguma notícia do jornal, do bate papo agradável, dos ensinamentos, ou do convite para tomar aquela geladinha, ali, no point, no caminho do prédio do “Tijolinho”.
Ele está bem, com certeza. Sem conjecturas. E viveu elegantemente a vida, com alegria. Até para repreender, ele era sereno, sem deixar de ser convincente. Formou uma sólida família, estruturada, esmerada em educação e justa, verdadeiras heranças refletidas no comportamento reto de cada um.
Neste dia, falamos dele e ressaltamos sua convivência, mas em verdade, lembro do seu pai constantemente. Impossível não associar alguma rotina do cotidiano a algo vivido com pai Garcia.
Assim sendo, que este amor pelo teu pai esteja cada vez mais presente em nós, agregando-se a toda energia positiva que tua bela família se traduz, animando os caminhos das próximas gerações, como Ricardinho, um rapaz sensacional, e Rafinha, tua linda filha e minha preciosa afilhada, que, mesmo não podendo curtir os paparicos do avô, certamente é iluminada por ele.
A você, tua mãe, teus filhos, tua esposa, o meu carinho, amor e orgulho de ter aprendido muito com teu pai e dele só poder reter na minha saudade, ótimos e inesquecíveis momentos.
Te amo pai Garcia! que está vivo sim, em nós.
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