quinta-feira, 23 de julho de 2009

Paranormalidade

Normalmente, gosto das matérias publicadas na revista Superinteressante. Desta vez, entretanto, achei que o texto "Mundo paranormal" foi apenas "interessante" - em vez de "super". Rsss -, pois penso que o tema mereceria uma descrição mais extensa. Além disso, na parte "Para saber mais", onde são indicados livros para enriquecer o conhecimento sobre o assunto, só há três livros, e em inglês. Será que não há mais publicações e nada em português, sobre o assunto?

A paranormalidade é algo que me causa muita curiosidade. Ao mesmo tempo em que percebo que há muita "pilantragem" nessa área, reconheço que há estórias que são difíceis de explicar - seja de curas, seja de premonições, etc.

Para aguçar ainda mais minha curiosidade, há algum tempo, a TV Globo mostrou uma matéria em que um repórter movia uma bolinha com o "poder da mente". A coisa não era muito bem explicada, além de mostrar que existia um "capacete" cheio de fios, colocado pelo sujeito e que, concentrando-se numa bolinha, ela "flutuava", impulsionada pelo fluxo de ar de um ventilador. O repórter explicava que, se a "concentração" diminuísse, a bolinha caía.

Mas, voltando à revista...

A matéria mostra que várias entidades utilizam serviços de paranormais - entre elas, o exército americano, departamentos de polícia e empresas privadas. Aliás, um estória muito famosa é apresentada. A de um paranormal que, inquirido sobre o que os russos construíam em um galpão, em 1977, respondeu que era um submarino. Os militares riram do sujeito, visto que o tal galpão estava a quase um quilômetro do mar. Entretanto, quatro meses depois, saía de lá, realmente, um submarino.

Depois da constatação do uso da paranormalidade no mundo "real", vem a parte que chamaria mais minha atenção: evidências científicas.

O texto afirma que os experimentos científicos sobre a paranormalidade começaram na década de 30, com o psicólogo Joseph Rhine, na Universidade Duke, nos EUA. Explicam-se alguns dos experimentos realizados, no campo das adivinhações, da telepatia e da telecinese. Aliás, neste último campo, ao contrário do que intuitivamente pensaríamos sobre um teste desse gênero, que seria o pesquisador mandar um paranormal mover objetos, o teste consistia em mudar a reflexão da luz de uma determinada superfície. O resultado foi a mudança dos 8% naturais para 8,005% - Nossa... Tudo isso?! Rsss.

Uma passagem interessante do texto é a que tenta justificar cientificamente a validade da paranormalidade. Esté escrito "Dizer que a paranormalidade está 'além da imaginação' não adianta. Metade da Física está 'além da imaginação'. A mecânica quântica, por exemplo, ensina que existem partículas capazes de ficar em dois lugares ao mesmo tempo. E não são excentricidades loucas. Você mesmo é feito dessas partículas. Em outra frente, a da Física que explica a geometria do espaço e do tempo, está provado que o tempo, da forma como o percebemos, simplesmente não existe".

Uma especialista em "Psiência" (a "Ciência dos Fenômenos Psi"), a astrofísica Elizabeth Rauscher, que já deu aulas na Universidade de Stanford, apela para o próprio Einstein. O texto indica que "se toda a história do Universo estivesse em um rolo de filme, o primeiro frame seria o momento do Big Bang; no meio estaria o nosso presente e o futuro completaria o resto do rolo. Só tem um detalhe: os frames que formariam o futuro já estão lá. Você não sabe se vai sair no fim de semana ou não? Quem pudesse olhar o Universo pelo 'lado de fora' saberia... Se os eventos do futuro já estão impressos de alguma forma, a gente não poderia ter algum sentido capaz de captar o que está por vir? É exatamente isso que Rauscher e outros entendidos em Física e chegados em parapsicologia imaginam... alguém poderia nascer com o talento de ler o que está escrito no que viria a ser o futuro".

Segundo o texto, "Enquanto Einstein fica com a explicação para as premonições, telepatia e telecinese se apoiam na mecânica quântica. Mais precisamente no fenômeno mais inexplicável desse ramo da ciência: uma espécie de telepatia entre partículas. Os físicos chamam a coisa de 'entrelaçamento quântico'. Funciona assim: os físicos pegam duas partículas fundamentais (como elétrons) e, quando mexem em uma delas, a outra se move também. Instantaneamente, sem que haja nada as unindo... É um prato cheio para os parapsicólogos. Se elétrons podem se comunicar a distância, então as partículas do nosso cérebro também poderiam interconectar-se com as do mundo exterior".

Agora, como toda boa abordagem sobre um assunto, a revista apresenta o outro lado da estória: o dos céticos.

No ponto de vista dos céticos, os mesmos dados que afirmariam a validade da paranormalidade são analisados sob nova óptica, dando margem a outras interpretações, que minimizam o apoio aos fenômenos estudados.

O "apoio" mais forte parecia vir da Física Quântica, mas o texto apresenta a opinião do neurocientista Renato Sabbatini, da Unicamp. A "Super" indica que "a teoria quântica aceita que coisas como o entrelaçãemnto só podem acontecer mesmo nesse mundo infinitesimal... Imaginar, então, que algo enorme como um cérebro conseguiria 'conectar-se' com outro por entrelaçamento não faz sentido para a ciência convencional - pelo simples motivo de que as experiências de laboratório indicam o contrário".

Quanto ao apoio da Teoria da Relatividade à premonição, o texto indica que "A relatividade mostra, de fato, que o espaço e o tempo são como um grande rolo de filme, em que o futuro já está impresso. Mas não há nada na teoria, nem fora dela, mostrando que dá para o cérebro ter acesso a regiões do espaço-tempo que não sejam o que chamamos de presente".

Entretanto, a revista é coerente ao registrar que "Nada disso significa que os pesquisadores dos fenômenos psi sejam charlatães ou burros. O ponto é que, no estágio em que a ciência está hoje, ainda não existe nada que corrobore suas teorias. E seus experimentos, que não têm nada de desonestos, precisam de resultados mais consistentes do que os que apareceram até hoje, para que a ciência convencional os leve realmente a sério. Os próprios estudiosos da paranormalidade concordam".

Eu não sou apologista de que tudo tem que ser comprovado pela ciência. Acho que há coisas, inclusive, que fogem a essa possibilidade. Entretanto, não posso deixar de negar que uma comprovação científica, em geral, diminui as possibilidades de engano. E isso tanto é verdade que várias das pessoas que creem na paranormalidade trabalham para possibilitar esse tipo de comprovação.

A revista lembra, ainda, que até hoje está "em aberto" o desafio de um milhão de dólares, feito pelo mágico James Rand para o primeiro que demonstrar poderes paranormais em seu laboratório.

Mas faltou explicar a tal bolinha flutuando com o poder da mente, apresentada pela TV Globo.

Aí vai a explicação contida na revista...

"Quando você se concentra, seu cérebro emite ondas dentro de um certo padrão, diferente do normal. Quando um sistema [de eletrodos contidos no capacete, ligado a um aparelho semelhante ao de eletroencefalograma, que "lê" as ondas cerebrais] detecta isso [esse padrão diferenciado], faz um ventilador se mover. E ele levita a bolinha". Ou seja, não é o "desejo de manter a bolinha no alto" que faz com que ela "levite". É, sim, o padrão de ondas cerebrais desenvolvido em qualquer tipo de concentração - até mesmo em um beijo na telenovela -, padrão que é lido pelo aparelho, que aciona o ventilador... como poderia acionar qualquer outro aparelho elétrico, mesmo que não ligado ao evento da bolinha flutuante.

Agora eu vou dormir mais tranquilo com a explicação da bolinha... mas, ainda, cheio de dúvidas quanto à paranormalidade!

3 comentários:

Anônimo disse...

Buenas... este foi um assunto que pesquisei muito a alguns anos atrás. Sempre fui muito curioso com a questão de que ainda não exploramos completamente a capacidade do corpo humana (mente e corpo, como espinosista não vejo uma separação real entre os dois).

Por isso acabei entrando para a AMORC, em 1997, como você já deve ter percebido no meu texto Spinoza e a Rosacruz. Lá pesquisei mais afundo esta temática, aliás, lá tem um excelente livro-curso sobre Parapsicologia. Tb fiz alguns cursos sobre o assunto para conhecer mais.

Aqui no Brasil temos algumas linhas de pesquisa, como a do Padre Quevedo, que é uma linha católica, temos aquela Espírita e, por fim e a que gosto mais, a linha mais científica, embora esta linha restrinja algumas áreas da pesquisa pela dificuldade de pesquisa científica. Por isso não restringi minhas pesquisas, indo bem mais além...

Mas, enfim, este é um assunto delicado, gera ceticismos, até porque tem ótimos mágicos que fazem truques belíssimos e confundem muitas pessoas ;). É um campo complicado de entrar...

Anônimo disse...

Dá uma olhada nesta sequência de videos...

ESte é o primeiro, mas lá tem os outros.

http://www.youtube.com/watch?v=DNk5MsejGBE

Abraços

Ricardo disse...

Guilherme:
Como eu disse, esse é um assunto que me deixa muito curioso.
É bom saber que você já pesquisou sobre isso; assim, posso saber um pouco mais do que pensa sobre o assunto... o que, afinal, é a ideia do blog. Mesmo sendo um tema que envolve certa polêmica e mesmo crença, gostaria de vê-lo discorrer sobre ele.
Em relação às linhas que abordam o tema no Brasil, admiro a perspicácia do padre Quevedo, mas detesto sua falta de educação. Nas entrevistas que vi dele, nem houve apelo à religião católica. Mas, a verdade é que foram mais entrevistas com um cunho "negativo" - isto é, de negação de algum caso específico de paranormalidade. De qualquer forma, não consigo me filiar a nenhuma linha que seja "religiosa", pois acho que há um vício fundamental, que é o interesse em comprovar os aspectos imateriais da própria fé. Ou seja, não há isenção. Já se parte de um "pré-conceito", que tem que ser comprovado "a qualquer custo".
A linha científica - pretensamente mais neutra - seria a única a qual eu me dirigiria para interrogar algo desse tipo. Apesar, de como eu disse no post, não ser um "positivista".
Acima de tudo, como você bem disse, acho que não exploramos todas as capacidades humanas. Há até uma tese de que a intuição seria uma forma de evolução da raça; não num sentido teleológico espiritualista, mas bem materialista darwiniano. Isto é, algum grau de paranormalidade garantiria uma vantagem a mais para a raça humana, o que, aos poucos, iria então se integrando entre as nossas capacidades.
Sobre o seu post do Spinoza e a Rosacruz, eu já o li. Pretendo comentar o post, em breve.
Sobre o vídeo que você indicou. Vou ver e depois comento com você.