Já ouvi diversas vezes nosso querido Spinoza ser chamado de "o último dos escolásticos" - obviamente, por adversários do seu pensamento, que insistiam em ver no seu sistema uma "requentada" defesa racional da teologia e, especificamente de Deus, conforme a dos escolásticos.
Entretanto, é a primeira vez que me deparo com o rótulo - entre os tantos que aparecem - de "neoplatônico" para o luso-holandês. Eu até desprezaria essa "alcunha", não fosse ela dada por alguém que tem sua tese de doutoramento justamente sobre Spinoza... que é o nosso caro Leszek Kolakowski.
O título não é de todo infundado, visto que Kolakowski apela à semelhança entre a ideia spinozana de Substância e o Uno - entidade infinita, autoidêntica, produtora de toda a realidade - dos neoplatônicos.
Entretanto, ainda que partilhando de um monismo, eu acho que é carregar muito nas tintas chamar Spinoza de neoplatônico. O que acham?
3 comentários:
Fico contigo... acho que é um exagero. Sabemos do abismo entre Platão e Spinoza, creio que para dizermos que este seria um neo-platônico, seria necessário muito mais.
Mas confesso que gostaria de poder ler mais afundo sobre esta ideia. Aonde foi mesmo que você viu esta denominação?
Guilherme:
Depois, eu posso escrever um pouco mais sobre o assunto. A fonte é o livro "Horror Metafísico", do Kolakowski.
De qualquer forma, quero registrar que ele conduz muito bem o assunto "Absoluto". Aliás, é interessantíssima a análise que ele faz da bondade divina e também da criação da realidade a partir do Uno (ou de Deus).
Confesso que nunca tinha ouvido falar deste livro. Vou ver se encontro um exemplar.
Postar um comentário