Suspendi momentaneamente a leitura de "Horror metafísico", do Kolakowski, para ler rapidamente o livro "O curso das ideias - História do pensamento político no mundo e no Brasil", de Roberto Saturnino Braga.
Apesar de só ter lido metade das poucas 105 páginas, já foi possível ter uma percepção clara da qualidade do livro. Embora seja engenheiro e economista, por formação, o autor lista bem todos os movimentos da análise filosófica da política ao longo da História do Ocidente. Importante registrar que o prefácio é de Afonso Arinos Filho.
Embora Saturnino indique, logo no início do livro, que o texto não tem "finalidade acadêmica", tratando-se de um "livro para leigos... - políticos, militantes e interessados na política", pouco depois, ele afirma categoricamente que "ideias políticas são parte da Filosofia". Ou seja, mesmo sem ter "finalidade acadêmica" e sendo apenas para "interessados na política", o livro tem que "enfrentar" a Filosofia. E, pessoalmente, acho que conseguiu fazê-lo com muita qualidade.
A análise começa lá na Grécia de Sócrates, Platão e Aristóteles; passa pela República Romana; Idade Média; Renascimento - onde dá uma parada estratégica no brilhante Maquiavel -; explica o momento de três revoluções importantes - a Revolução Gloriosa, a Revolução da Independência norte-americana e a Revolução Francesa -; chegando ao momento em que estou, que se refere ao surgimento do socialismo.
Interessante é perceber que, apesar de serem chamados de ingênuos, os socialistas utópicos, como Charles Fourier, Robert Owen, conde Saint-Simon e Joseph Proudhon, realmente tentaram empreender, em termos práticos, um movimento de melhor distribuição de riquezas. De um modo geral, por motivos diferentes, acabaram colhendo insucessos.
Com um aparelhamento teórico mais bem estruturado - oriundo da filosofia hegeliana -, Marx consegue levar à frente suas ideias, que culminaram na Revolução Russa de 1917...
Depois que eu ler mais, conto mais.
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