segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Qual a lição da saia da Geyse?

A pergunta que dá título ao post é feita pelo Jornal do Brasil, em relação ao episódio do microvestido usado pela aluna Geyse Arruda, que deu origem a uma verdadeira perseguição por outros alunos dentro das instalações da universidade Uniban.
Essa estória ainda me parece estar mal contada nas suas origens. Uma aluna de microvestido aqui no Rio seria perseguida por garotos que quisessem "pesquisar" o pouco que permaneceu oculto... mesmo assim, nos colégios primário e secundário, com aquela galera de pré-adolescentes e adolescentes. Numa universidade, o mais provável é que os convites para um choppinho "pós horário letivo" abundassem - sem qualquer referência ao ainda escondido pelo pouco pano da peça.
Mas na Uniban, moços e moças foram perseguindo a aluna, xingando-a, até acuá-la em uma sala de aula, de onde só saiu com escolta policial e "coberta" por um jaleco.
A manutenção da dignidade e do respeito dentro de instituições escolares parece que já inexiste há algum tempo. Neste episódio, concorreu a falta de sensibilidade da moça em usar uma roupa excessivamente provocativa, mas a absurda reação dos outros alunos é que beirou o imponderável. Se o fato já incomodava muito havia algum tempo, por que a instituição não "sugeriu" à moça um guarda-roupa mais adequado? Caso a coisa estivesse "saindo do controle", melhor seria indicar que, para evitar "futuros constrangimentos", melhor seria a moça transferir-se para outra instituição. Isso, no caso de realmente estar ocorrendo algum desconforto em relação ao vestuário da aluna.
A justificativa dos companheiros de escola de que Geyse parecia uma prostituta não ajudam em nada. Afinal, prostitutas - até onde eu sei - também têm direito de cursar uma universidade, desde que se adequem às exigências da instituição em que frequentam seus cursos.
De qualquer forma, queria deixar registrada um trecho da resposta dada pela deputada federal Maria do Rosário, que é professora e presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara:
"Embora este ainda seja um caso inconcluso, ele já suscita lições... Afinal, que educação estamos legando para nossos filhos, se um simples vestido curto é capaz de provocar os instintos mais primitivos em centenas de jovens - algo similar com os apedrejamentos medievais - e uma reação obscura do conselho universitário que se posiciona pela condenação da vítima? ...  Dentro de uma universidade que funciona acoplada a um shopping - onde academias de ginástica e lojas de lingerie se misturam a lanchonetes e lan houses - alguém querer supor que possa haver uma forma adequada de se vestir é a maior das imposturas".
Sem me considerar um sujeito excessivamente puritano, mas sem ser afeito, também, aos "excessos", acho que esse caso dá o que pensar em relação à superexposição e ao respeito ao ambiente e às pessoas com os quais lidamos. Regras mais "claras" e dois "pingos" a mais de bom senso, talvez, tenham feito um pouco de falta nesse caso.
Agora, uma coisa é fato: a moça anda obtendo bem mais que quinze minutos de fama!

10 comentários:

mundy disse...

Bom Dia, olha sobre este caso da "Estudante", as aspas aqui foram colocadas, pois a mo~ça me parece que anda querendo tirar proveito da situação, eu sinceramente nao entendi até agora o motivo da reação, pois vemos nas ruas moças com vestidos mais curtos que a da Dona Geyse, a explicaçao que tento encontrar, vendo a moça ontem no fantastico, exibicionista ao extremo e feia por demais, desculpem a mulheres que frequentam este espaço, mas a moça é muito feia em diversos aspectos, podemos escolher desde o Rosto ao comportamento que tenta demonstrar, para mim a reação irada deve ser por parte do rapazes que ela é bastante feia, por isso a reaçao exagerada, pois se fosse uma bela mulher, tipo Gisele Bundchen a moçoila nao sofreria tal reaçao negativa, e das mulheres deve ser pelo fato da audacia daquela coisa feia estar se exibindo daquela maneira, é lógico que o preconceito deles e até o meu ao rotular a moça como feia, foram demonstrados, agora sinceramente me causa espanto, numa sociedade em que os valores estao totalmente invertidos,onde Bruna Surfistinha conhecida garota de programa é tratada como celebridade, numa sociedade que esta acostumada a ver meninas nas praias ou piscinas, como é o caso paulistano com biquinis que nada escondem,terem esta reação por uma moça que vestiu um microvestido, só vejo um motivo e que ja expliquei acima, o povo perseguiu a GEYSE por nao querer que ela mostrasse tanta feiura , pois me desculpem o que vou dizer, aquela mulher feia e horrorosa que deu entrevista no fantastico tem mais é se vestir de maneira comportada, pois ela nao possue predicados para mostrar o qie deve ficar devidamente guardado , pois naõ há nada de belo naquela suposta nudez.

Prof. Guilherme Fauque disse...

Rapaz, que loucura isto... me lembrou, na hora, uma histeria coletiva. Desta forma surgem os linchamentos, agressões em grupos, etc.

Por outro lado, tu já ouviste a famosa frase "falem mal de mim, mas falem"? rsrsrsrsrs

A menina está aproveitado, aliás, acho ela está até agradecendo a tal atitude dos alunos - rsrsrsrs

Cleitonzm disse...

Mundy, parece que no tue discuros vc apresenta uma clara cisão entre aqueles que podem sair na rua com roupas insinuantes e aqueles que não, sem querer polemizar, mas acho uma atitute positiva se mostrara mesmo estando fora dos padrões que nos são impostos. Afinal, por que Gisele poderia e a Geyse não? E se ela está aproveitando a fama, bem faz ela, rsrsrs. Imaginem que ruim a moça ser humilhada daquela maneira e não poder tirar nenhum proveito.

Ótimo texto Ricardo, comos empre.

Abraços

mundy disse...

Rapaz longe de mim querer proibir a moçoila de exibir o que tem de belo ou nao, deixa ela ter seus dias de fama, eu fico aqui na minha insignificancia, pois certamente entre ver a GEYZE de microvestido ou eu de Terno a maioria há de preferir a GEYZE, espero, hehehehehehehehehehehehe.

Barbara Rita disse...

OLÁ!!BOM CONSEGUIR FALAR-LHE!
Um dia vou chegar a postar tudo o que desejo!!E então será muito bom! Por enquanto fico tentando aproveitar o tempo que me é permitido pela vida! Acredito, que se todos nós usássemos mais a possibilidade de !!filosofar!!estaríamos em outro momento da História do Homem.Isso sem considerar a VELHA filosofia e as questões redibitórias do Academicismo!
Bom tê-lo junto a nós! Um abraço!

Ricardo disse...

Compadre:
Quer dizer que o pessoal estava se insurgindo contra o fato de uma moça tão feia querer mostrar o que não pode? Rssss. Você vai criar polêmica, hein! Rsss.
Eu ainda acho que essa estória tem algo de mal contado. Será que o comportamento da moça, quando os primeiros colegas "repreenderam" suas vestes, não foi meio "mal educado"? Obviamente, nada deveria motivar aquela resposta dos outros alunos, mas deve haver um histórico anterior a isso. Não consigo imaginar isso como um fato isolado.

Ricardo disse...

Amigo Guilherme:
Realmente, o quadro foi preocupante. Se alguém mais exaltado desse um tapa na moça, acho que teríamos um linchamento, sim. A massa é sempre perigosa. Se quem a conduz for mal intencionado, então...
O que eu faço questão de destacar é justamente essa "irracionalidade", essa falta de bom senso atingir - e, para sorte de todos nós, ficar num limite onde as agressões foram mais morais do que físicas - um grupo relativamente esclarecido - pelo menos, teoricamente -, afinal, são universitários.
"Ultimi barbarorum!". Rsss

Ricardo disse...

Amigo Cleiton:
Penso que o compadre Mundy pegou um viés mais humorístico do acontecimento. Mas, mesmo antes de ler o teu comentário, eu já havia opinado que era um lado possivelmente polêmico.
Eu nem vou discutir o aspecto estético da questão, afinal, dizem que o importante é a pessoa sentir-se bem. Se este foi o caso da jovem Geyse, que ela faça bom proveito do vestido. Talvez, mesmo não se sentindo bem, ela seja adepta do "Falem mal, mas falem de mim" - como bem lembrou o nosso amigo Guilherme.
De minha parte, ainda acho que "há boi na linha" - expressão que não sei se faz sentido no Brasil inteiro -, mas que indica haver algo obscuro na estória.
Como eu disse, não sou puritano, mas, outro dia, alarmei-me em ver uma mãe que foi buscar o filho na escola católica, onde minha pequena estuda, com um vestido mais "micro" que esse da Geyse... e a mãe ainda tinha que subir escadas! Ninguém perseguiu a mãe, obviamente. Mas continuo achando que deve haver bom senso... não exatamente no que se veste, mas onde se veste. Ninguém repreende uma moça de ir de biquini à praia, mas não se espera que ela entre, da mesma forma, em uma igreja.
Mas, volto a dizer, nada justifica o comportamento dos outros alunos. Parecia um bando de "debiloides".
Será que isso reflete o nível educacional da instituição? Segundo informação da deputada Maria do Rosário, esta universidade é uma das piores classificadas na avaliação do MEC.

Ricardo disse...

Cara Bárbara:
Fico muito satisfeito em vê-la deixando um comentário por aqui.
Concordo totalmente com você, no que concerne à necessidade de filosofar mais. Obviamente, não me refiro a conhecer a História da Filosofia e os tecnicismos que, no nível mais profissional, ela necessariamente envolve, mas de nos permitirmos avaliar criticamente nossas circunstâncias... e nós mesmos. Através dessa atitude, penso, ressignificamos nossas relações existenciais.
Agradeço sua presença, e espero que venha mais vezes.
Abração.

Ricardo disse...

Pessoal:
Não é que a Geyse deu Ibope até aqui no blog. Poucos posts têm tantos comentários.
Acho que o "resumo da ópera" é que a intolerância continua incomodando muito a quem tem alguma sensibilidade.