Esse é o título de uma boa coleção de DVDs lançada numa parceria entre a Editora Paulus e a Atta Mídia e Educação.
Na capa do DVD está escrito: "O que os filósofos têm a dizer aos educadores? Muito. A começar por ajudar na compreensão dos papéis do professor e no desenvolvimento dos alunos, focalizando os limites e as potências de sua atuação, além de analisar o que fazer para melhorar suas práticas educacionais e pedagógicas. Esta coleção traz um dos filósofos e educadores mais reconhecidos do Brasil, Antônio Joaquim Severino, doutor em Filosofia pela PUC e professor da USP, falando das inestimáveis contribuições à educação de pensadores como Sócrates, Aristóteles, Platão, Kant, Nietzsche e Gramsci".
Parece-me que essa coleção começou com os filósofos acima citados e foi se estendendo um pouco, pois já conta com vídeos sobre Agostinho e Tomás de Aquino, Descartes, Rousseau e Marx.
Gostei muito do material e acho que ele pode servir muito bem numa sala de aula. Há uma breve introdução histórica sobre o pensador, que é logo "embutida" na exposição de seu pensamento. O professor Antônio Joaquim vai explicando os conceitos chave do pensador, enquanto aparecem imagens que remetem àquela explanação.
De ruim - para nós, que apreciamos a Filosofia - só a duração dos vídeos, que têm pouco menos de meia hora cada. Por outro lado, certamente é uma vantagem em sala de aula, para que a apresentação não se torne maçante.
Gostei muito do vídeo que apresenta as ideias de Gramsci. Registro aqui algumas poucas partes apresentadas.
"Ao mesmo tempo que a educação dissemina a ideologia, ela também tem a função de criticar essa ideologia [disseminando uma concepção de mundo contraideológica]";
"Para Gramsci, a escola deve ter um caráter unitário, não se separando em 'escolas técnicas' (mais práticas) e 'escolas teóricas'. A mesma escola tem que formar o aluno para participação total na sociedade, ou seja, para integrar a pessoa em todas as dimensões de nossa existência";
"Paulo Freire tem uma inspiração gramsciana quanto à educação ser necessariamente emancipatória"; e
"O professor não deve simplesmente passar a experiência dele, ele tem que ser um suscitador de experiências significativas".
Pelo pouco que foi dito, percebe-se em Gramsci uma forte consideração pela educação vivenciada pelo aluno, e não meramente exposta, como algo "morto" que é simplesmente revisitado, mas que não diria nada à existência do próprio aluno. Além disso, a ênfase numa educação que componha um mundo "total" para o aluno e não que fragmente esse mundo em saberes "pontuais". Essa, infelizmente, parece ser uma coisa mais difícil de realizar, em função de vivermos num mundo "técnico". Mas há que se buscar sempre um equilíbrio, que coloque um mundo "vivo" diante de nós, e não um "conceito" que não pode ser vivido visceralmente. Por último, mas não menos importante, a visão gramsciana de que a tradição - ou, a ideologia, na sua linguagem - tem que ser ensinada, mas ao mesmo tempo criticada... não para substituí-la por qualquer outra "coisa", mas para possibilitar sempre um alargamento do horizonte do mundo criado por ela. E, a partir disso, poder lançar-se à tarefa de construir algo que sempre valha mais a pena ser vivido.
Pelo pouco que foi dito, percebe-se em Gramsci uma forte consideração pela educação vivenciada pelo aluno, e não meramente exposta, como algo "morto" que é simplesmente revisitado, mas que não diria nada à existência do próprio aluno. Além disso, a ênfase numa educação que componha um mundo "total" para o aluno e não que fragmente esse mundo em saberes "pontuais". Essa, infelizmente, parece ser uma coisa mais difícil de realizar, em função de vivermos num mundo "técnico". Mas há que se buscar sempre um equilíbrio, que coloque um mundo "vivo" diante de nós, e não um "conceito" que não pode ser vivido visceralmente. Por último, mas não menos importante, a visão gramsciana de que a tradição - ou, a ideologia, na sua linguagem - tem que ser ensinada, mas ao mesmo tempo criticada... não para substituí-la por qualquer outra "coisa", mas para possibilitar sempre um alargamento do horizonte do mundo criado por ela. E, a partir disso, poder lançar-se à tarefa de construir algo que sempre valha mais a pena ser vivido.
7 comentários:
Este é um assunto que muito me interessa.
Aonde consigo estes videos?
Guilherme:
Eu os adquiri na Livraria Paulus, aqui no Rio, que comercializa os produtos da editora. Se você não conseguir por aí, diz-me, que eu posso tentar mandar daqui para ti.
Seria interessante se pudesses conhecer ao menos um, para verificar se o "estilo" interessa.
Fiquemos em contato.
Beleza, vou tentar.
Qualquer coisa volto a te incomodar ;)
Putz adorei!!
Não conhecia, vou pesquisar e tentar adquirir...
Obrigado pela dica.
Olá Ricardo tu tem msn?
To precisando ouvir mais filosofia e compartilhar o pouco que tenho em minha mente.
Teu blog é Spinoza já viu este post?
http://cafesfilosoficos.wordpress.com/2009/07/31/espinosa-o-apostolo-da-razao/
Abraço
Amigo Roberson:
MSN, eu até tenho. O problema é que não uso. Já dá um trabalho danado ter um blog e participar das comunidades do Orkut. Se eu ainda for usar MSN, eu nem durmo... ou a minha esposa pede o divórcio! Rsss.
Qualquer papo maior - que não caiba por aqui - manda um e-mail, amigo, por riclavello@globo.com
Abração.
Ah... sobre o filme, Roberson, eu já conhecia. É interessante, pois abre o "apetite" para o pessoal conhecer o Spinoza.
Abraço.
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