Ao contrário do que eu pensei, o livro de Homero Santiago não é lançamento recente. Ele foi publicado em 2004. Mas era totalmente desconhecido por mim - o que é raro, no que se refere a obras sobre Spinoza -, até a indicação de sua existência por parte do amigo Guilherme.
O livro, segundo o autor, retoma sua dissertação de mestrado, defendida em 2001, que versava sobre a ordenação geométrica com que Spinoza produziu seu "Princípios da Filosofia Cartesiana".
O Prefácio começa tratando da expansão da filosofia cartesiana no seu começo. Interessante destacar, conforme escreve Homero Santiago, que é na Holanda que o cartesianismo é estudado no meio acadêmico formal. Na França, "a doutrina dissemina-se à margem das universidades e escolas, sendo discutida nas casas de nobres". E, justamente por "frequentar" o meio acadêmico, é na Holanda que "já ao final da década de 30 do século XVII inflexões cartesianas fazem sentir-se".
Em 1663, Spinoza faz publicar seu "Princípios da Filosofia Cartesiana", a partir das aulas dadas por ele a um jovem universitário. Conforme diz Homero, "seu objetivo primeiro, anunciado pelo título e sobre o que insiste o prefácio, é a exposição dos princípios da filosofia cartesiana segundo a maneira geométrica". Aliás, a famosa "ordem própria dos geômetras" foi definida pelo próprio Descartes nas Segundas Respostas. Disse ele: "as coisas que são propostas como primeiras devem ser conhecidas sem a ajuda das seguintes, e as seguintes devem depois ser dispostas de tal forma que sejam demonstradas só pelas coisas que as precedem". Ou seja, é o ideal da clareza e distinção! Entretanto, Descartes não conseguiu fazê-lo. E Spinoza?
Se o "jovem" Spinoza não conseguiu a perfeição na sua tentativa, pelo menos, esta o prepara para a tarefa futura, que seria a de realizar o mesmo encadeamento, só que com o seu próprio sistema... que vem à luz com "Ética".
O livro de Homero Santiago parece bem "denso". Para os spinozanos, penso que vale à pena ser comprado. Ainda que não sirva como introdução ao pensamento do nosso querido filósofo, pode fundamentar o entendimento de como ele pretendia estruturar um sistema segundo uma "ordem geométrica". Além disso, é a melhor forma de entender a doutrina cartesiana - mas que os cartesianos não nos leiam. Rsss.
4 comentários:
Ah, eu imaginei que não fosse lançamento recente. Me pergunto se não há outro "incógnitos" por aí - rsrsrsrsrs
Abraços
Pois é, caro Guilherme, tens razão, deve haver um montão de "incógnitos" por aí. Um dos que me fez mais feliz, entre esses "incógnitos" descobertos com atraso, foi aquele de Alcântara Nogueira, que eu chamei de "tesouro spinozano". Aliás, fiquei ainda devendo uma análise mais profunda dele, aqui no blog. Mas o "futuro" é uma criança...
Me interrogo sempre como é que o senhor, e alguns dos seus amigos, conseguem ler a um ritmo alucinante. Mesmo sabendo que é o que mais gosta de fazer, onde vai buscar o tempo? Não dorme, as 7 /8 horas como o comum dos mortais?
Quando acordo, ainda mal deu tempo para espreguiçar e bocejar, já mil e uma solicitações me esperam. Casa para limpar e arrumar, refeições para fazer, mamãe para visitar, aulas para preparar, família para cuidar, amigos para conversar…Onde consigo colocar –livros para ler?
Será que o vosso dia tem mais horas que o meu?
Me enviaram a divulgação de uma peça de teatro aí na cidade onde vive -*RAPUNZEL*, que estará em cartaz no Teatro da UFF, aos sábados e domingos de
NOVEMBRO/2009, às 17h. Parece-me que o bilhete, ou ingresso como dizem aí, é de 20 reais(?) com 50% de desconto para crianças. Lembrei-me da sua menininha.
Engraçado, para ver peças de teatro o meu dia, ou melhor minha noite, se parece agigantar…rs Realmente tudo é relativo.
Um bom resto de FDS para o senhor e seus amigos
Maria
Até onde sei, apesar de estarmos no Novo Mundo e tu, no Velho Mundo, dispomos apenas das mesmas 24 horas por dia.
Mas - que os machistas não nos ouçam - acho que as mulheres precisariam mesmo de mais tempo. Afinal, as atividades ligadas à casa roubam-lhes horas preciosas do dia.
De qualquer forma, levo vantagem em um ponto específico: não dirijo enquanto vou para o trabalho. Portanto, esse é sempre um tempo de leitura. Além desse, uso todas as "filas" para ler. Os momentos da televisão da família também me servem à leitura... e assim vai.
Mas não posso enganar-te quanto aos últimos posts. Podes notar que não disse que li, efetivamente, os livros, mas que fiz um sobrevoo por eles. Aliás, como é usual, compro - e sobrevoo - muito mais livros do que leio. Tomara que minha velhice seja bastante longa... e com bons olhos. Rsss.
Quanto ao teatro de que falaste, esse é o que fica mais perto de minha casa, e é aquele a que levo a pequena com maior frequência.
Lembro-me de ter passado por ele e ter visto em cartaz "A pequena sereia", mas vou prestar atenção e ver se já está lá a "Rapunzel". Obrigado pela dica cultural vinda do outro lado do oceano. Rsss.
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