domingo, 27 de setembro de 2009

Leszek Kolakowski (2)

Conforme a Márcia (Menina Virgem) sugeriu, procurei o texto de Ghiraldelli sobre Kolakowski.
O texto é interessante mesmo. Ghiraldelli conta que "doou" os seus volumes de "Main currents of marxism", de autoria de Kolakowski. O fato dessa ser a obra mais famosa do polonês poderia sugerir que o brasileiro rejeita o ideário de Kolakowski. Entretanto, Ghiraldelli mostra que "há outro Kolakowski, menos conhecido do público. Com este, nunca deixamos de aprender. Trata-se antes do Kolakowski filósofo do que do historiador ou especialista em marxismo".
Ghiraldelli conta que, em determinada reunião, vários filósofos comentavam um texto de Richard Rorty. Habermas brilhou, tanto no conteúdo quanto na forma. Gellner fez observações interessantíssimas. Kolakowski, por sua vez, também teria feito, segundo Ghiraldelli, um bom texto, mas sua melhor contribuição foi "um pequeno escrito, de observação direta à preleção rortyiana. Dispensando erudição excessiva ou rodeios, brindou [o texto de Rorty] com aguçadas questões, dando oportunidade de Rorty deixar claro, na época, alguns tópicos polêmicos do seu pragmatismo".
Parece-me que é "esse" Kolakowski que aparece nos pequenos livros que adquiri.
Obviamente, comecei a ler os livrinhos pelos filósofos de que mais gosto... e dos quais, não por coincidência, conheço um pouco mais - Spinoza, Kant, Schopenhauer. Num primeiro momento, achei que o texto era ótimo, mas que talvez não alcançasse o objetivo de esclarecer a quem não tinha "intimidade" com um determinado filósofo. Engano meu!
Passei para Kierkegaard e Bergson - filósofos mais "afastados" de mim - e percebi que Kolakowski "mira" um ponto central do pensador em questão; "estica a corda" do seu "arco teórico" e lança sua "flecha" de explicações, que acerta a "mosca"!
É espantoso que, em tão poucas páginas, o autor consiga captar a essência de um determinado pensador, e ainda ultrapasse o esperado, comentando teses menos "centrais" dos filósofos e, por fim, ainda proponha perguntas que nos fazem refletir sobre o que lemos e o que não lemos.
Continuo a leitura, bastante empolgado!
Por fim, avancei um pouco em conhecimentos sobre o polonês, utilizando as ferramentas "néticas". Vocês não vão acreditar... a tese de doutorado de Kolakowski foi sobre, ninguém menos que, Spinoza!!!
Ou seja, Kolakowski tinha algo em comum comigo... não o diploma de doutorado, mas o interesse por Spinoza.
Acho que esse senhor vai merecer mais algumas pesquisas, hein!

2 comentários:

Odifamadordacopula disse...

se gosta de Spinoza talvez aprecie ler estes seus textos...
http://www.excitador.net/forum/viewtopic.php?t=4103
e quem sabe o meu blog
http://odifamadordacopula.blogspot.com/
interessante essa relação de interesse com Spinoza

Ricardo disse...

Ao Alexnietzsche já respondi, diretamente no seu blog.
De qualquer forma, cabe registrar aqui a visita a partir de um post mais antigo. Ou seja, mesmo o que já foi escrito há algum tempo continua reverberando por aí. Muito interessante essa possibilidade "nética".
Sobre os links que ele enviou, gostei de ambos. Infelizmente, no que diz respeito especificamente ao espaço destinado a Spinoza - gerado a partir de um post do próprio Alexnietzsche -, esse se reduziu a algumas poucas citações da Ética, sem um maior aprofundamento. De qualquer forma, é sempre bom ver as palavras do grande filósofo aparecerem como uma "verdade" ainda válida nos nossos dias, e sobre a qual ainda vale a pena refletir.
A passagem que Alexnietzsche citou, aliás, diz respeito à percepção de Spinoza sobre a não autenticidade da nossa opinião sobre o livre-arbítrio... e é uma das que eu defendo mais veemência em relação aos acertos de Spinoza.
Sobre o blog do Alexnietzsche, penso, vale a pena dar uma olhada e ver a ironia e a acidez com que ele aborada coisas do nosso quotidiano... mas também poemas e pequenas crônicas literárias (seria assim que eu deve-los-ia chamar, Alexnietzsche?).
Quem puder, dê uma conferida!
Abração ao Alexnietzsche... representando todos esses leitores que passam pelo "Spinoza e amigos", ainda que sem registrar formalmente suas passagens.