Esta semana que passou, tive aula sobre Spinoza, na Casa do Saber. O professor é um velho "conhecido", pois, no começo do ano, ele ministrou uma aula sobre Descartes, a qual assisti. Além disso, um dos livros que chamo de "figurinha carimbada" - aqueles com o autógrafo do autor - foi ele quem "carimbou". Lembro que até citei aqui no blog: "Verdade e certeza em Spinoza". Trata-se do professor Marcos André Gleizer, de quem eu já lera "Espinosa & a afetividade humana", inclusive citado no post de ontem.
A aula foi interessante, porque refez o caminho da "Ética", começando com a parte metafísica do tratado; fazendo a passagem para o âmbito humano e, finalmente, tratando do que seria a ética spinozana, propriamente dita, com seus dilemas sobre o comportamento humano e a possibilidade de se alcançar a felicidade.
Em breve, postarei algo mais específico sobre a aula. Por ora, só queria registrar uma coisa, a conceitualização de "racionalismo".
Num dos momentos da aula, o professor Gleizer disse "Spinoza era um racionalista absoluto!". Surpresa, de minha parte. Afinal, como já registrei em post anterior, o professor Danilo Marcondes havia afirmado, conforme meu entendimento, que não era correto tomar Spinoza como um racionalista puro - opinião que destaquei ser a mesma que a do autor Alcantara Nogueira. Enquanto eu já pensava numa pergunta para esclarecer o "rótulo" dado ao nosso querido filósofo, o professor explicou "Isto, porque ele não admitia nenhum mistério, nenhuma área 'nebulosa' na realidade. Tudo poderia ser esclarecido pela razão".
Peraí... um momento... mas essa ideia de "racionalismo" não se opõe a de "empirismo", que classicamente é tomada como os pólos opostos da modernidade. Voltamos simplesmente à oposição entre "racionalismo" e "irracionalismo"... ou, em um caso extremo, à oposição entre "racionalismo" e "misticismo". Num caso, acredita-se que a "luz natural" pode iluminar todos os recantos da natureza, esclarecendo o ser humano sobre o funcionamento da ordem natural; enquanto, em outro, admitem-se "mistérios" - quer seja por que são de uma ordem além da natural, quer seja por que estão além da capacidade de entendimento, necessariamente finito, do ser humano.
Quantos "racionalismos" existirão, afinal?
6 comentários:
Bem depois de um longo sumiço ,eis que me atrevo a escrever em seu blog, apesar de acompanhar quase que diariamente , confesso que nao tenho escrito, pois o blog esta se aprofundando cada vez mais em assuntos que nao domino, o que não é culpa nem do Blog e muito menos do autor dos textos, é minha mesmo que nao nutro forte paixao pelo assunto, entao na falta de poder argumentar a altura do que os textos e o blogueiro merece, fico só na espreita, mas resolvi escrever para o amigo nao pensar que nao tenho dado audiencia ao seu espaço, tenho dado sim, só nao me sinto a altura e conhecimento que o Blog merece, minha cultura geral é muito básica, desconheço noventa e cinco por cento do que é trazido ao debate, eu gosto é de assuntos mais triviais como futebol , entao nao se aborreça se minha presença por aqui se torne um pouco mais rara, quando der e sentir que devo emitir opiniao entro e escrevo, pois deve ser muito ruim , que eu escreva sempre sobre assuntos off topic.
Um Grande abraço.
Primeiro de tudo queria regozijar-me com a presença de mais um amigo no blog – “existenz“. Depois saudar o Mundy , dizer-lhe que tinha saudades da sua escrita Saramaguiana , também que sou perita em off topic e que o Ricardo já se habituou.
Depois senhor Ricardo, eu que agarrei no pc para preparar as aulas de amanhã, quis dar um “rebuçado” a mim própria e antes de “mergulhar” na escola fui visitar o “meu amigo” Pessoa.
Vou deixar-lhe um endereço que tenho a certeza que gostará .
http://ocanto.esenviseu.net/pesmetaf.htm
Só para acicatar o seu interesse , repare como começa:” Heidegger diz algures que o poeta e o filósofo habitam montanhas muito próximas separadas por profundo abismo.” E mais à frente a cereja no topo do bolo…rs
“Para sermos breves e claros, atemo-nos a um poema caracteristicamente metafísico de que salientamos os momentos decisivos. O poema é de Álvaro de Campos e intitula-se: «Ah, perante esta única realidade que é o mistério...».
Neste poema, distinguimos quatro momentos. No primeiro, F. Pessoa situa-nos frente ao mistério do ser com um vocabulário que surpreende, porque se antecipa a Marcel, a Sartre, a Heidegger e conjuga a admiração grega com a vertigem, a angústia, o medo dos modernos, diante do enigma do ser. “
Senhor Ricardo e esta, hein??!! Rs
Agora deixe-me ir trabalhar.
Um abraço para todos
Maria
Amiga Maria, muito obrigado por citar me , mas nao sei se levo como elogio ou fina ironia o fato da amiga falar que tinha saudade da escrita saramaguiana, pois voce nao me parece ser muito fã de Saramago, hehehehehe, e por outro lado eu estou muito longe de ter algo parecido com SARAMAGO, pois o escritor é de sábia competencia em sua escrita e na sua argumentação, o que considero me um péssimo escriba, hehehehehehe, mas de toda forma um sincero muito obrigado por tecer palavras a minha pessoa.Um Fraternal abraço do Amigo Mundy, saudoso de tantas coisas.
Xiiii, fui apanhada pelo Mundy e onde está o cavaleiro andante Ricardo , para me defender?
Penso que o Ricardo é apenas nome mesmo, já não fazem Ricardos coração de leão como antigamente.
Confesso , Mundy, que não sou fã de Saramago, mas , por outro lado já estive mais longe de o ser…rs Quem gosta de análises de obras também gosta da obra, né?
Mas o que eu queria que soubesse mesmo é que senti a sua falta. Mesmo da sua escrita sem praticamente pontuação. Estar só no blog, com Ricardo , dir-lhe-ei que não é muito…confortável. 2 off topics me agrada muito mais. Ele que fale em alhos e nós responderemos em bugalhos , pelo menos não me sinto tão só. E afinal o senhor Mundy há-de convir que fala muito bem de economia , política e outros assuntos. Embora eu não esteja muito a par do que aí se passa, penso que é a cópia perfeita do que se passa deste lado do Atlântico…corrupção e mais corrupção, escândalos e mais escândalos. Não podemos confiar nestes políticos que volta e meia dão um tiro no pé. Como alguém disse , e , muito bem, vivemos numa “asfixia democrática” onde aqueles que criticam o governo são silenciados. Há semanas fecharam um dos jornais de sexta “ Sexta à noite”, porque a jornalista tem sido a viva voz da oposição. Claro que tudo fazem para demonstrar que não foram eles, mas não somos assim tão tapados. Mas ainda assim muito crédulos de tal maneira que domingo haverá eleições legislativas e as sondagens apontam para que novamente vença o partido do governo – PS. Pelo menos não já com a maioria absoluta…ufa…pelo menos isso!!!
Viu como vagueio também?
Um abraço
Maria
Há algum tempo não vejo quatro comentários no blog... é com pesar que digo isso.
Salvando nossa querida Maria, realmente tenho que dizer que ela sentiu sua falta, meu querido compadre.
Aliás os seus 'off topic' estão circulando pela net. Sempre os uso como referência para alguém que quer falar algo... mas não propriamente daquele assunto que está ali no post.
Com ou sem off topic, sua presença é empolgante. Até já apelei à inautenticidade heideggeriana para definir nossos momentos 'off philosophy'. Rsss.
Agora... uma dúvida: Você disse que Filosofia não é um assunto pelo qual nutre paixão, mas não foi você que me propôs entrarmos juntos na faculdade?
Fico feliz em tê-los aqui. A Maria, a mais frequente comentadora e você, o mais ausente dos 'off topiqueiros'. Rsss.
Maria:
Correrei para ver o sítio que indicaste. Depois comento algo.
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