Há questões que poderiam ser melhor elaboradas por especialistas. Quando me surge uma dessas, procuro recorrer a um. Desta vez, imaginei um paralelo entre uma parte específica dos pensamentos de Maquiavel (por coerência com o modo como registro Spinoza, deveria ser Machiavelli, mas neste caso vou me render ao uso comum) e Nietzsche. Apelei a meu amigo, especialista no alemão, Guilherme. Infelizmente, ele está envolvido com outros projetos. De qualquer forma, registro no blog, para, no futuro, poder voltar ao assunto.
A ideia é a possibilidade de concepção da "virtu", do italiano, como sendo uma efetiva materialização da "Vontade de Potência", do alemão. E da "amoralidade" no âmbito da política, de Maquiavel, podendo ser estendida, sem o cunho de "negatividade" dado pelo pensar cristão, à vida social como um todo, como pretendia a "transvaloração dos valores", de Nietzsche.
Principalmente nesse segundo aspecto, haveria que se tomar cuidado com a proposta de aproximação. A "amoralidade" a que me refiro seria um abandono das "tábuas de valores" previamente estabelecidas pela moral judaico-cristã, e não uma "imoralidade", no sentido de um poder fazer o "mal", segundo o entendimento de que "os fins justificam os meios". Estaríamos, nietzscheanamente, "além do bem e do mal".
Se alguém quiser, opine. Do contrário, o tempo amadurecerá a ideia.
2 comentários:
Lindo! Belíssimo! Com ressalvas para a aproximação entre os respectivos conceitos, alguém precisa tratar essa aproximação. Certamente Nietzsche e Maquiavel podem ser considerados muito nobres, num sentido que poucos - entre os quais, eles - entendem...
Desconfio que a maioria dos filósofos se encontraram no tempo, mas cada um usando os termos próprios para se expressar. Se você observar bem, percebe que muitas das grandes obras se entrelaçam na prática. Um exemplo disso é a brutalidade respectiva de Maquiavel, Niet, Darwin, e, por último, a prática de Hitler. Hitler não era um louco, apesar de desumano e obcecado pela excelência humana. Hitler apenas levou a cabo tudo aquilo que vemos no dia a dia, outrora observado e anotado pelos pensadores citados. Claro que o Nazismo foi execrável, mas foi apenas um retrato fiel do ser-humano (todos, inclusive os moralistas que matam pecadores).
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