Ainda bem que falo e leio fluentemente em... Português! Rsss. Afinal, vieram de Portugal as minhas duas últimas aquisições literárias: "Viver para quê? - Ensaios sobre o sentido da vida", organizado por Desidério Murcho, e "Compreensão e Política e outros ensaios", de Hannah Arendt.
Em que pese o fato do primeiro ser organizado pelo brasileiro Desidério Murcho, professor de Filosofia da Universidade Federal de Ouro Preto e um dos autores do excelente blog "Crítica na rede", a publicação é da editora portuguesa Dinalivro. O livro reúne ensaios de vários pensadores contemporâneos, como Thomas Nagel, por exemplo.
Apesar de não lido, parece ótimo!
O segundo, também uma coletânea de ensaios, é da Relógio d'Água Editores, também portuguesa. Dois que já li são: "O que fica? É a língua materna que fica" e "O que é a Filosofia da Existência". O primeiro é a transcrição da entrevista de Hannah com Günter Gaus, da qual eu já havia dado o link, aqui no blog, no You Tube. Em vez da "irritante" legenda que ora sumia rápido demais, ora ficava "eternizada" na tela, enquanto a pensadora "desfiava" seu Alemão, o livro contém nosso belo Português em tranquilo repouso - preto no branco. A segunda é a tradução de um ensaio publicado em Alemão em 1948. Ele contém vários conceitos importantes, explicados por alguém muito próximo ao fantástico Heidegger - a nossa Arendt -, mas que aborda também Kierkegaard, Jaspers e Schelling, por exemplo... sobrando até, numa rápida passagem, o que me pareceu uma crítica ao "nosso" Spinoza.
Depois escrevo mais sobre ambos os livros.
7 comentários:
Olá Ricardo!
Excelentes sugestões bibliográficas!
Amigo Sérgio:
Impossível não ter uma pontinha de inveja de ti e dos irmãos portugueses, em função dos livros que são publicados aí e não o são aqui.
O idioma certamente não impede que leiamos o que vem daí. O problema, penso, é que o custo fica relativamente alto, dificultando o acesso de muita gente interessada.
De qualquer forma, temos que agradecer aos irmãos portugueses por derrubarem, pelo menos, uma das barreiras, que é o idioma. Afinal, ler Hannah Arendt no original não me parece ser dos exercícios mais fáceis de se fazer. Rsss.
Abração a ti. Obrigado pelo comentário.
Bem, senhor Ricardo...faço de suas palavras as minhas...Ibsis verbis ...em termos de Teatro tenho uma imensa inveja de vocês aí...Há imensos livros aí que não são publicados aqui...Mas as vossas vantagens não se ficam por aí...O Teatro aí, apesar de também viver em grande parte de subsídios do estado está bem mais desenvolvido( se bem que eu pessoalmente ache que nossa pronúncia se adeque mais ao teatro que a vossa) que aqui. Muita mais bibliografia, muitos mais cursos, muita mais dedicação ao meu amado Dionísio.
Sobre pronúncia parece que o vosso Jô Soares vem declamar Pessoa sem a pronúncia brasileira...pelo menos a divulgação do espectáculo que ele fez fazia isso...Achei meio estranho. Pessoa declamado em brasileiro é igualmente bonito e vocês o amam tanto ou mais que nós. Depois não foi ele que disse " A minha pátria é a língua portuguesa"??!!
Um abraço
Maria
Olá Ricardo.
É um pouco estranho ouvir você a dizer isso. Quando estava a estudar na faculdade, portanto, entre 1994 e 2000, acredite que muitas obras de referência de vários filófos, entre outras obras e livros eram de tradução brasileira! Agora e ainda bem, estamos a melhorar. Posso dizer-lhe que o primeiro contacto que tive com a revista Super Interessante foi na edição do Brasil. Quando ela foi lançada em Portugal fiz-me assinante, mas depois de 3 ou 4 anos abandonei, pois a edição portuguesa pouco ou nada trazia sobre Filosofia, ao contrário da edição brasileira. Basicamente a portuguesa trazia artigos de biologia, ecologia, um pouco de arqueologia.
Abraço
O meu aplauso ás palavras da Maria!
Queridos Maria e Sérgio:
Acho que há um "complô de gentileza" entre vocês. Para não nos percebermos - nós, brasileiros - inferiorizados com a realidade dos fatos, vocês nos lançam um maravilhoso alento.
Mas, como ambos têm crédito comigo, acreditarei em suas palavras - mesmo com uma "pulga atrás da orelha" -, esperando que, pelo menos em determinadas áreas de publicação, possamos oferecer à "Metrópole" algo realmente interessante.
Brincadeiras à parte, fico feliz por saber que há, ao contrário da minha visão inicial, mais "troca" do que "via de mão única".
De qualquer forma, agradeço ao que vem daí... esperando que vocês gostem do que vai de cá.
Agora, especificamente para a Maria: será que valerá mais à pena ouvir Jô Soares declamando Pessoa em "Português luso" que em "Português brasileiro", quando deve haver tantos declamadores de alto nível por aí? Particularmente, duvido. Mas... deixemos meu compatriota - que, aliás, deve declamar em diversos idiomas, dado sua imensa cultura - ganhar uns euros em terras "alienígenas". Rsss.
Abraços aos dois amigos e obrigado pelos comentários.
Postar um comentário