quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Leinbniz... novamente

  Herr Leibniz frequenta nosso espaço de novo... um pouco indevidamente, aliás, já que se trata de um local para "amigos de Spinoza", o que certamente não é o caso desse senhor. Mas... admitamos essa exceção. Afinal, por determinado período, ele se disse amigo do nosso querido holandês, que acreditou nele, a ponto de dar-lhe uma parte da Ética, em manuscrito, a fim de que Leibniz a estudasse. De qualquer modo, o magnânimo espírito de Spinoza acolheria o vil alemão em sua casa, apesar dos pesares, portanto, repetiremos aqui o que seria seu ato.
  Vamos ao que interessa.
  O post se refere ao capítulo que trata de Leibniz no livro "Sobre o que nos perguntam os grandes filósofos", de Leszek Kolakowski.
  Antes, porém, gostaria de deixar registradas algumas observações sobre um comentário feito pelo amigo Existenz no post anterior sobre Leibniz.
  Em primeiro lugar, é inegável que Leibniz se tornou referência do Racionalismo, estendendo sua influência no cenário filosófico alemão até a chegada de Kant. Entretanto, segundo nos conta Bertrand Russel, essa influência teve uma "marca" de Christian Wolff. Escreve Russel: "Seu [de Leibniz] discípulo Wolff, que dominou as universidades alemãs até a publicação da Crítica da Razão Pura, de Kant, deixou de lado tudo o que havia de mais interessante em Leibniz e produziu um modo de pensar seco e professoral". Além disso, o filósofo inglês "relativiza" um pouco essa "grande influência leibniziana", quando escreve que "fora da Alemanha, a filosofia de Leibniz teve pouca influência; o seu contemporâneo Locke governou a filosofia britânica, enquanto, na França, Descartes continuou a reinar, até ser destronado por Voltaire, que pôs na moda o empirismo inglês".
   Quanto à influência da teoria das mônadas sobre filósofos contemporâneos, como Husserl e Castoriadis, também citada pelo amigo Existenz, ainda que eu não a conheça, tendo a imaginar que deva ser da ordem mais intuitiva que definitivamente conceitual e deduzida. Afinal, implicaria, como bem citou Existenz, uma definitiva tendência ao idealismo, carregando consigo a necessidade de outros conceitos anacrônicos e difíceis de serem defendidos, a não ser que se "encarne" o espírito teórico leibniziano. Parece-me que o aspecto mais "simbólico" - e até poético - das mônadas serve, inclusive, para outras áreas do pensamento, que não a Filosofia. Eu já vi uma conceituação de "inconsciente" utilizando praticamente o texto da Monadologia.
  Vamos ao texto de Kolakowski.
  Conta-nos ele que "Leibniz foi o último homem da Europa que sabia tudo [...] Sua mente brilhante... tudo em que tocava era enriquecido [...] Todavia, não é a diversidade dos interesses de Leibniz o mais importante, mas sua procura por uma única raiz comum para todo o conhecimento". Mais radical que Spinoza, que empreendeu a tarefa de filosofar de "modo geométrico", Leibniz pensava na possibilidade de criar uma characteristica universalis, que, talvez ao modo da mathesis universalis cartesiana, seria uma maneira de resolver qualquer problema - desde os metafísicos até os morais.
  Justificando o rótulo de racionalista, Leibniz, conforme nos conta Kolakowski, afirmava que "para tudo o que existe deve haver uma razão suficiente que o faça ser... dessa maneira [...] Isso não significa que essas razões nos são sempre acessíveis; na maioria dos casos, não o são. Mas é vital saber que tais razões têm que existir".
  Da "razão suficiente", Kolakowski passa a explicar a distinção leibniziana entre "verdades da razão" e "verdades de fato". Esses conceitos, penso, foram muito bem aproveitados por Kant posteriormente, através dos seus conceitos de "juízos analíticos" e "juízos sintéticos". Entretanto, mesmo nessa ótima percepção, Leibniz se perde, pois acaba mostrando que, ao contrário do que postula inicialmente, as "verdades de fato" também são verdades necessárias, com a diferença de que o são apenas para uma "mente absoluta", Deus. 
  Em relação às "verdades" se manifestam dois problemas quase impossíveis de serem contornados, mas que Leibniz, com sua potente lógica, consegue "aliviar".
  O primeiro diz respeito à "impotência" divina diante das "verdades da razão". Explica-nos Kolakowski como Leibniz fugiu do problema. "Deus não poderia determinar que três multiplicado por si mesmo não resultasse em nove... As verdades matemáticas pertencem, de modo eterno e imutável, ao universo dos números e nem o próprio Deus pode mudá-las" - até aqui, tudo certinho! -"... Isso não significa que Ele, em seu poder, esteja constrangido por algum outro tipo de força ou leis, pois essas leis se identificam com Ele mesmo. Elas são, por assim dizer, os elementos imutáveis do seu Ser; não são seus caprichos". Se é assim, Deus não tem livre-arbítrio, já que sua vontade não pode se manifestar livremente. Ele estaria tão "constrangido" pela sua própria natureza quanto qualquer um de nós, pobres mortais.
   O outro problema diz respeito, ainda, ao livre-arbítrio, só que ao dos humanos, desta vez. Esse problema aparece quando percebemos que Leibniz indica que as "verdades de fato", que de início só poderiam ser conhecidas empiricamente, após a ocorrência do evento, já são verdades necessárias (como as "verdades da razão"), na mente de Deus. Ou seja, por conhecer plenamente a minha "essência", Deus já sabe tudo o que ocorrerá comigo e como agirei diante de todas as situações fáticas. Se Ele sabe disso conhecendo apenas o "conceito" de "Ricardo", o determinismo impera em minha vida... bem ao modo spinozano de ver as coisas. Mesmo assim, Leibniz insiste no livre-arbítrio. Kolakowski explica: "[Para Leibniz] as ações humanas não são necessárias, embora determinadas nos planos de Deus". O polonês foi mais longe ainda, pois não só indicou a ciência de Deus sobre os acontecimentos, mas também um plano prévio para sua ocorrência, o que, na minha opinião, dificulta mais ainda o problema. Mas, continua ele: "Somente são necessárias aquelas verdades cuja negação nos leva a uma contradição... As verdades contingentes são previstas por Deus, mas a negação dessas verdades ou acontecimentos continua sendo possível sem que caiamos em contradição". E conclui: "O homem sempre age... livremente". Ah... entendi: Deus prevê os acontecimentos, mas pode errar sua previsão por conta do homem ser livre? Quer dizer que, de certo modo, o homem pode contrariar as previsões divinas? Poderosa essa criação, que contraria até as expectativas do criador que sabe tudo!?!?!
  Aguardem, no próximo capítulo: o Problema do Mal e as mônadas, segundo a teoria leibniziana.

6 comentários:

Anônimo disse...

Olá Ricardo. Pertinentes suas observações, mas acho que há algo que deve ser acrescentado a isso. Primeiro sobre a influência de Leibniz: ela continuou na filosofia depois de Kant, e não estou dizendo só com a teoria das mônadas. Podemos citar vários nomes do século XIX, como Bolzano (que, diga-se de passagem, é meu chará), Lotze e Teichmüller. São alemães ou austríacos, você está correto, e também não são muito lembrados hoje em dia, mas ainda sim influenciaram razoavelmente o pensamento alemão que surgiu no século XIX e no início do XX, principalmente no que tange aos estudos sobre a lógica (como Cantor, por exemplo), matemática e a teoria da linguagem, além do próprio Husserl. A própria teoria das mônadas, apesar de provavelmente reformulada, foi abertamente utilizada por Castoriadis e Husserl (digo abertamente pois ambos utilizam o termo ‘mônada’ em suas teorias, você poderá observar isso no ‘Meditações Cartesianas’ de Husserl, por exemplo). Mas, como você bem colocou, trata-se de filósofos que possuem uma inclinação para o idealismo, o que não quer dizer que seja um tipo de pensamento anacrônico e já plenamente superado, mesmo que eu concorde que possua questões bastante problemáticas.

E, para mim, qualquer um que coloque Deus no meio da sua teoria terá que enfrentar grandes dificuldades, seja Leibniz, Descartes e até o próprio Spinoza. Não que eu seja contra a crença em Deus, o problema seja articular isso com uma filosofia, e isso quer dizer trabalhar com críticas racionais e profundas das convicções defendidas. Falo o mesmo do livre-arbítrio: conceito problemático e de difícil compatibilidade com a existência concreta e selvagem da vida (o que não quer dizer que se deve cair no seu oposto: o determinismo, pois ambos são erros irmãos) e principalmente com a interferência divina. Assim, não culpo Leibniz, ele era um pensador do século XVII, o que quer dizer que viva em uma época onde esses dois elementos eram problemas dos quais o filósofo precisava se debruçar. Provavelmente Spinoza pode ter se dado melhor, isso eu não posso concordar nem negar pois conheço pouco dos dois autores, no entanto, isso não muda a influência à posteridade e a genialidade de ambos. Um abraço.

Ricardo disse...

Amigo Existenz:
Você sempre traz contribuições importantes. Uma delas é esta da influência de Leibniz, mesmo depois de Kant, sobre Bolzano, Lotze e Teichmüller. Ainda assim, como você mesmo citou, esses filósofos eram "germânicos" e suas filosofias não são muito destacadas hoje... pelo menos, no quotidiano filosófico.
Especificamente no que diz respeito à lógica e à matemática, não há em que duvidar da grandeza de Leibniz. Portanto, é totalmente compreensível sua influência posterior nesses campos... inclusive deixando Kant para trás.
Aliás, de Cantor já não podemos dizer o mesmo dos três primeiros citados, visto que ele é referência obrigatória no seu campo de estudo, como também Frege, Whitehead, Russel, etc.
Em relação a Castoriadis e Husserl, continuo achando pertinente o seu comentário... mas, ainda que sem conhecer especificamente como tomaram o conceito de mônada, acho que deve haver poucas semelhanças efetivas com a leibniziana. Mas é só uma opinião. Teria que partir para a teoria e verificar.

Concordo, uma vez mais, com o problema que é usar "Deus" em reflexões filosóficas, pois parece que toda opinião pode ser garantida pelo fato de termos tido acesso a uma fonte "especial", onde a verdade inegavelmente está.

E concordo, novamente, com a visão de que Leibniz, como Spinoza, eram homens do seu tempo, e tinham, portanto, que lidar com problemas de então. Aliás, eu tenho um livro entitulado "Problemas de Filosofia no Século XVII"; e ele basicamente trata de dois temas: 1) Deus e a liberdade e 2) a liberdade humana.
Acho, entretanto, que esses não são problemas totalmente ultrapassados. Em relação ao primeiro, é verdade que o debate é muito maniqueísta, hoje em dia. E a maioria do que é exposto já serviu de argumento lá no distante século XVII - Russel, aliás, diz que o "atual" argumento do desígnio, para provar a existência de Deus, já estava em Leibniz.
Entretanto, no que se refere à liberdade humana, acho que existe uma argumentação atualizada - ainda que com base em diversas premissas antigas -, principalmente nos debates éticos.

Obrigado pela participação e pelas valiosas informações e ponderações.

Anônimo disse...

Olá Ricardo. Em relação as semelhanças e diferenças do conceito de mônada em Leibniz e em Husserl e Castoriadis acho que você pode estar certo: provavelmente estes já avançaram bastante em relação à teoria original. Entretanto, o quanto isso se deu eu não poderia dizer com certeza. Fora outros que também possam ter usado da teoria das mônadas e que eu ainda não tomei conhecimento.

Você disse bem: para alguns Deus pode ser usado nas próprias teorias como fonte da “própria verdade”, e assim, legitimar absolutamente quaisquer que sejam suas opiniões. Mas a questão ainda pode ficar mais complicada: como será a articulação de Deus dentro de uma filosofia, ou seja, como se “encaixa” Deus numa ontologia, numa epistemologia, etc? E como fazer isso tendo que se alinhar com o que diz os textos sagrados, e, além disso, como fazer essa “ponte” racional com esses textos que foram escritos sem nenhuma pretensão de serem racionalmente justificáveis ou mesmo universalmente compreensíveis?

A respeito da atualidade da idéia de liberdade eu concordo com você, ela ainda é bastante presente e importante para a filosofia nos dias de hoje. O que eu não consideraria dessa forma seria a idéia de livre arbítrio. Ambas podem ser idéias semelhantes, mas não iguais, e é nessa diferença que mora o perigo. A liberdade é uma idéia bem mais sutil e rica, pelo menos na minha opinião.

Sobre a informação de que o argumento de Leibniz para existência de Deus é ainda usado hoje, pra mim é uma novidade. Isso me causou certa surpresa, pois se ainda usam o argumento de Leibniz quer dizer que não existem mais novas tentativas consistentes de se tentar provar racionalmente a existência de Deus (pelo menos fora do campo científico, o que, de vez em quando, ouço falar de alguém tentando).
Um abraço.

Ricardo disse...

Amigo Existenz:
Em relação a Castoriadis, nem tentarei fazer alguma consideração, pois ele me é totalmente não familiar. Já quanto a Husserl, em função da fonte que você forneceu, poderei tentar, no futuro, retomar o texto - parado bem no início - e ver o desenvolvimento que este filósofo deu à mônada leibniziana.
Perfeitíssima sua colocação sobre a curiosidade em ver o "encaixe" da presença do conceito de Deus em considerações ontológicas e epistemológicas. Entretanto, penso, que a necessidade do mesmo encaixe com os textos sagrados já pode ser minorado. Afinal, os maiores teólogos (enquanto filósofos) destacaram a forma "metafórica" da narração bíblica, eximindo-se da rigidez desse "encaixe". Obviamente, há limites interpretativos, mas esses limites foram bem "alargados" em determinados momentos. Isso sem falar na margem de julgamento que as próprias ortodoxias nos dão, ao referendarem pontos de vista tão antagônicos. Esse ponto foi otimamente explorado, já lá no século XI/XII, por Pedro Abelardo com seu "Sic et Non".
Portanto, parece-me que sua preocupação com a construção dessa "ponte" - que deveria ser a mesma dos teólogos - entre a razão e a revelação pode mostrar-se excessiva. Afinal, vários pilares da "ponte" foram construídas sobre bases irracionalistas e várias sapatas desprezam o apoio no terreno arenoso do texto revelado.
Em relação ao livre-arbítrio, em breve, postarei algo para "avivarmos" o braseiro dessa discussão. Espero que você "abane" daí, também. Rssss.
Sobre as provas da existência de Deus ou de sua inexistência, até onde conheço, elas são apenas "requentadas". As justificativas "científicas", inclusive, são problemáticas nesse campo, pois buscam um objeto que normalmente extrapola seus limites. Portanto, melhor falar da busca dessas provas pela Teologia Racional, campo clássico da Metafísica.
Entretanto, eu gostaria de fazer uma ressalva sobre um pequeno mal entendido. Eu disse que a "prova do desígnio" - recorrentemente utilizada atualmente, principalmente para se opor aos ateus "dogmáticos" como Richard Dawkins - é que já estava, segundo Bertrand Russel, seminalmente em Leibniz. Este teria se utilizado de quatro provas: a ontológica, a cosmológica, a das verdades eternas e a da harmonia preestabelecida. Esse último, segundo o inglês, é que poderia se aproximar ao "argumento do desígnio", visto que essa "harmonia" identificada por nós faria parte de um projeto anterior, posto em prática pela determinação divina.
Portanto, eu não falei de todos os outros... embora, o cosmológico - que também permite aproximações com esse argumento de um projeto - continue bastante "badalado", hoje em dia.
Abração.

Anônimo disse...

Olá Ricardo.
É certíssima a sua colocação de que muitos teólogos não “encaixam” em um discurso racional tudo que eles obtém das escrituras. E, acredito eu, não poderia ser de outro jeito, esse lado místico e hermético das mensagens divinas é uma das principais razões da manutenção das religiões, pois, do contrário, os dogmas de fé poderiam ser contestados racionalmente (pois tudo que é racional pode ser criticado), destruindo-se com facilidade a autoridade de qualquer instituição religiosa organizada. O limite mais longínquo de uma linha argumentativa como essa, de qualquer forma, sempre termina na fé (entretanto, não posso deixar de colocar, que mesmo os filósofos mais “racionais” ainda “sujam seus pés” no “terreno arenoso” de alguma crença irrefletida mesmo que esse terreno possa ser mais firme racionalmente do que o que encontramos no terreno da fé), o que, dentro da perspectiva mística inerente ao “sobrenatural”, é completamente coerente. Mas, ainda sim, esse tipo de elaboração não deixa de trazer enormes problemas filosóficos que não poderiam ser respondidos em definitivo por simples interpretações (mesmo que alargadas) de fragmentos das escrituras.

Concordo plenamente que a “prova” ou não da existência de Deus extrapola o que compete à ciência. Por outro lado, não consigo encontrar nenhuma área do saber humano que pudesse se incumbir dessa tarefa (a ciência, no entanto, seria a última onde eu iria procurar), já que algo “sobrenatural”, por si mesmo, estaria além de qualquer “prova” ou “confirmação” possível a surgir além do que entra no âmbito da Vida (mesmo Kant já tinha visto isso, mesmo que também ainda pensasse que possuímos em nós certas verdades absolutas oriundas de um algum “campo” ainda “transcendente”). Já falei de algo assim em algumas de nossas cartas.

A respeito das provas da existência de Deus de Leibniz e as que são usadas hoje em dia, o que eu posso dizer é que não conheço nada. Talvez um dia você possa me explicar sobre isso com mais calma.
Um abraço.

Ricardo disse...

Amigo Existenz:
Seus comentários são sempre "agudos". Essa dos filósofos racionais que "sujam seus pés... no terreno... de alguma crença irrefletida" foi uma figura fantástica! Desde nossos encontros "esquinéticos" - em vez dos meramente "néticos" -, não saio de uma conversa com você sem alguma "pulga atrás da orelha". E muito obrigado pelo seu interminável estoque de "pulgas". Rssss.
Sobre os possíveis campos adequados para a comprovação da existência de Deus, concordo com você de que eles parecem não existir no âmbito do "conhecer humano". Engano terrível é procurá-lo na Ciência, penso. E aí é que pecam muitos dos "ateus dogmáticos" de hoje em dia, que esperam encontrar aí essa possibilidade. Coitados...
Em relação às provas da existência de Deus leibnizianas, será um prazer colocá-las em questão num próximo post. Só não me diga que posso "explicá-las" a você, porque isso é provocação. Posso, no máximo, mostrá-las. Afinal, sei que sua especialidade filosófica é mais contemporânea... e menos voltada à Metafísica, no seu aspecto da Teologia Racional.
Grande abraço e, sempre, obrigado pelo comentário.