terça-feira, 12 de julho de 2011

Planeta Extremo

   No domingo passado, um dos quadros do "Fantástico" - programa semanal da TV Globo -, que é apresentado pelo repórter Clayton Conservani, o "Planeta Extremo", relembrou uma história de extrema emoção, ocorrida em 1972.
  Jovens de um time de rugby do Uruguai, acompanhados de parentes e amigos, viajavam de avião, para jogarem no Chile. Na parte argentina da Cordilheira dos Andes, o avião caiu. Eram 45 pessoas a bordo, das quais 29 morreram imediatamente. 
    Os sobreviventes não tinham roupas adequadas para enfrentar os - 30°C, restando-lhes, ainda, pouca água e comida. Em determinado momento, para quem não lembra, ou não conhece a história, acossados pela fome, eles tiveram que lançar mão de um expediente bastante "complicado": alimentar-se daqueles que não sobreviveram ao desastre.
   Contado assim, parece até óbvio que eles acertaram na decisão. Afinal, foi possível manterem-se vivos, e, aos mortos, pouca diferença faria essa "profanação" de seus corpos já inservíveis em si mesmos.
    Problema maior do que romper as tradições culturais que vetam o consumo de carne humana, parece-me, diz respeito ao fato de que havia um laço emocional com aquelas pessoas que já não tinham vida. Não se tratava, portanto, simplesmente de se alimentar de carne de um ser humano, mas de alguém que lhe era caro, sentimentalmente falando. Além disso, para aliviar um pouco a culpa que deveria pesar-lhes no coração, fez-se um pacto entre os sobreviventes, de que, se algum deles morresse, sua "contribuição" para com o grupo seria justamente a de servir-lhes de alimento.
   Decisão tomada e ação empreendida, em prol da manutenção da vida, alguns dos sobreviventes caminharam em condições absolutamente adversas, por cem quilômetros, até encontrarem alguém que os ajudou a se comunicarem com equipes de busca, as quais conseguiram resgatar os que ficaram aguardando próximo à fuselagem do avião.
   Um dos sobreviventes foi Gustavo Zerbino, então com 19 anos, que retornou ao local do acidente e deu uma entrevista emocionante ao repórter Clayton Conservani.
   Além de falar do acontecido e da memória dos amigos e parentes, ele jogou uma partida de rugby naquele frio todo, como uma homenagem aos companheiros que não sobreviveram.
   Conto tudo isso, apenas para registrar uma frase de Zerbino que me marcou muito. Disse ele: "Quem reclama da vida é quem está bem. Quem realmente está mal, cerra os dentes e vai em frente!".
   Lição para toda a vida! Obrigado, Gustavo Zerbino.


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