Se o "método geométrico" fez algum sucesso com o empirista Hobbes - como já vimos no post anterior -, impossível negar que seu ápice se deu com o racionalista Spinoza. Mas, embora o holandês tenha se debruçado sobre a obra do inglês na década dos 1660, aparentemente seu "gosto" pelo mos geometricus é herança cartesiana. No entanto, o próprio Descartes parece ter tido alguma resistência quanto ao método em questão. Sinal disso é o que nos conta Steven Nadler, no seu Spinoza's Ethics - An Introduction, quando diz que, ao pedido de Marin Mersenne para escrever o argumento das Meditações em método geométrico, Descartes sugere que o modo em que estava desenvolvido o texto - ou seja, não demonstrativo - se prestava a um entendimento melhor.
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Método Geométrico e Empirismo
Todos estamos acostumados a associar o Método Geométrico de exposição aos racionalistas. A proposta do uso deste método aparece, nos Manuais de Filosofia, sempre ligada ao "pai do Racionalismo Moderno", René Descartes (1596-1650). O acabamento mais perfeito deste método se encontra, obviamente, em nosso querido Spinoza, com sua Ethica ordine geometrica demonstrata. Até aqui, nenhuma novidade.
Interessante, entretanto, foram duas leituras que fiz há pouco tempo. Uma, do esplêndido Uma nova História da Filosofia, do Anthony Kenny, e outra, menos famosa, mas de muita qualidade também, Espinosa, de Wolfgang Bartuschat.
Kenny conta, citando John Aubrey, que Thomas Hobbes, com aproximadamente quarenta anos, leu uma proposição nos Elementos, de Euclides, e a achou impossível, "até que por fim ele se convenceu, por demonstração. [...] Isso fez dele um apaixonado pela geometria". Hobbes "vira então a utilidade do método geométrico para a exposição de questões filosóficas".
Bartuschat, entretanto, explica que "Hobbes o limitara [o método geométrico] aos campos em que os objetos podem ser, de fato, engendrados por nós [... como] na política, cujas leis reguladoras da convivência humana são decretadas por nós".
Embora Spinoza fosse leitor de Hobbes, não acredito que tomou deste a confiança no Método Geométrico, que certamente lhe veio como herança do Cartesianismo juvenil.
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