quinta-feira, 30 de junho de 2016

"O que é socialismo, hoje"


   O título do post é o mesmo do livro de autoria de Paul Singer, e é a propósito dele que eu trato neste post.
   É um livro pequeno, de pouco mais de setenta páginas. Só comecei a ler hoje, mas gostei das primeiras ideias do autor. Ele foi escrito em 1979, portanto, não reflete sobre o relevantíssimo evento da queda do muro de Berlim. Mas... vamos lá.
   Logo na Introdução, ele diz: "quando hoje se levanta a bandeira do socialismo, surge inevitável e justificadamente a pergunta: mas, afinal, de que socialismo se trata?"
   Esta questão se mostra absolutamente pertinente a partir da observação do autor de que "a concepção do que seja socialismo não pode ser sempre a mesma, na medida em que o capitalismo avança".
   Uma questão interessante que o autor põe é: "Onde os meios de produção são propriedade privada e os trabalhadores, assalariados - eis o capitalismo. Mas onde os meios de produção são juridicamente do Estado podemos ter qualquer coisa - capitalismo de estado, economia centralmente planejada ou até socialismo".
   Esta última observação é importante porque, segundo ele: "A abolição da propriedade privada dos meios de produção é, certamente, uma condição necessária à superação do capitalismo e portanto à construção do socialismo, mas não é condição suficiente".
   Quando avançar, falo mais sobre o texto.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

"10 Lições sobre..."


   Gosto muito da Coleção "10 Lições sobre...", da Editora Vozes. Os livrinhos possuem um volume de informações e uma densidade que não parece combinar com a reduzida extensão do texto. É coisa de mágico! Rsss.
   Os últimos volumes que comprei foram Adorno, Leibniz e Weber. Mas, só comecei a bisbilhotar o referente a Max Weber. E... sem nenhuma surpresa, achei-o ótimo. Este volume é de autoria de Luciano Albino, doutor em Sociologia, e professor no Programa de Pós-graduação da Universidade Estadual da Paraíba. 
   A primeira lição é biográfica. Interessante, mas só para situar a polimatia de Max Weber.
   A segunda lição é um show! O título é "Fundamentos sociológicos". São apresentados vários dos conceitos utilizados por Weber em sua formulação de Sociologia. 
   Diz o texto:
   "o principal conceito sociológico de Weber é a ação social, quer dizer: 'um comportamento humano sempre que e na medida em que o agente ou os agentes o relacionem com um sentido subjetivo".
   E explica que:
   "A sociologia, em particular, seria a ciência especializada em interpretar a ação social [...] [e] compreender a conexão de sentido objetivada pelo agente".
   Contudo, para que não percamos de vista a ciência específica que está em jogo, o autor diz:
   "Torna-se oportuno [...] destacar o caráter social da ação, tendo em vista que Weber se preocupou em diferenciar a sociologia da psicologia. [...] [A] Teoria da Ação Social se torna mais sistemática e sociológica no momento em que ele elabora tipos para as mesmas".
    E o livro apresenta, então, de modo breve essa tipologia ideal de Weber: a ação racional com relação a fins;  a ação racional referente a valores; a ação irracional - eu prefiro ação afetiva - e a ação tradicional.
   Como se não bastasse, ainda trata, neste mesmo pequeno número de páginas, de poder e dominação. Ah... é mágica mesmo! Rsss.
   Depois, falo mais.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

"Viagens com Epicuro" (2)


   O livro é bem interessante. Dentro da estória que se desenrola, vamos travando contato não apenas com a filosofia epicurista - como era de se esperar -, mas também com figuras como Edmund Husserl, Martin Heidegger, Soren Kierkgaard, etc. Além disso, há  pequenas citações sobre livros, como Filosofia do tédio, de Lars Svendsen, entre outros. E, ainda, explicações de alguns conceitos filosóficos, inclusive indo ao grego clássico para esclarecê-los.
  Apesar disso, o texto é leve e a leitura flui bem. 
  Boa dica. Depois, comento mais.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

"Viagens com Epicuro"


   Comprei hoje um livro que parece ser bem divertido, cujo título é o do post. O autor é Daniel Klein, que também escreveu Platão e um ornitorrinco entram num bar: a filosofia explicada com senso de humor. A editora é a LP&M.
   Vou dar uma lida rápida, e depois escrevo algo.
   De qualquer modo, antecipando as minhas observações, vou pegar carona no que está no próprio livro.
  "Quando nos deparamos com uma encruzilhada na vida, a quem recorrer: Daniel Klein recorreu aos gregos [...]. Tomando como principal mentor Epicuro, filósofo grego que se dedicou a entender os caminhos que conduzem à felicidade e observando os hábitos dos moradores locais [...], Klein arrebanha o leitor e o leva numa jornada transformadora. Graças à sua prosa saborosa e bem-humorada, e ao seu talento ímpar de aproximar a filosofia da vida cotidiana, o resultado é uma obra encantadora sobre os segredos do bem viver. Tão aprazível quanto repleto de ensinamentos, Viagens com Epicuro fará o deleite de todos os tipos de jovens - dos jovens de idade aos jovens de espírito". 
   O marketing é bom...

"A Short History of Ethics"


   O título do post é o mesmo de um livro de autoria de Alasdair MacIntyre, publicado pela Routledge.
   Eu tenho o livro há algum tempo. Cheguei a utilizar parte dele na minha dissertação do mestrado - o capítulo "Luther, Machiavelli, Hobbes, and Spinoza". Aliás, há passagens fantásticas nesta parte do livro.
   Mas, agora, eu estou lendo outro capítulo, que trata da Ética em Aristóteles, comentando obviamente a Ética a Nicômaco. Mas há referências, também, à Política.
   Como meu alvo é um estudo filosófico da "felicidade", chamou minha atenção logo o começo do capítulo:
   "And the work which is called the Politics is presented as the sequel to the Ethics. Both are concerned with the PRACTICAL SCIENCE OF HAPPINESS in which we study what happiness is, what activities it consists in, and how to become happy. The Ethics shows us what form and style of life are necessary to heppiness, the Politics what particular form of constitution, what set of institutions, are necessary to make this form of life possible and to safeguard it". (Grifo meu)
   Projeto "pequeno" esse do Estagirita, hein! Rsss

Corrupção e financiamento de campanha


   O livro da Míriam Moraes, de alguns posts atrás, traz uma informação que tem se confirmado a cada vez que um político envolvido em recebimento de dinheiro desviado é acusado numa delação premiada. Tais políticos lançam notas curtas, dizendo simplesmente que todos os recursos recebidos em suas campanhas  eleitorais são legais, e foram registrados junto ao TSE.
   Vejamos o que nos diz Miriam: 
 "Entenda: Na esfera do Poder Público não existe o termo 'corrupção", existe apenas 'contribuição para campanhas'".
   Ou seja, para lavar um dinheiro sujo obtido em corrupção - ou por obter, num momento futuro -, basta que este valor seja transformado em doação de campanha para os políticos que podem favorecer as tais empresas "doadoras".


Janot vs.Cunha


   Acho difícil alguém que se diga ético ter simpatia pelo presidente afastado da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha. Por tudo o que já surgiu, parece que o nobre deputado está num "enrosco" danado, seja com a Receita, seja com a Comissão de Ética da Casa, seja com a Lava Jato... e sei lá mais com quem.
   Contuuuuuudo... penso ser muito esquisito o comportamento do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, para com o deputado - aliás, do jeito que vai, está mais para ex-deputado. Explico-me. Janot pediu a prisão de Cunha. Ok! Sem problemas! Mas, no mesmo pedido, ele solicita que, caso a prisão não for decretada, se utilize tornozeleira eletrônica para monitorar Cunha. Ok! Sem problemas! Porém, há mais. Janot quer que Cunha seja impedido de manter qualquer contato com um sem número de autoridades, seja por telefone, e-mail ou qualquer outro meio, e que não frequente repartições públicas sem autorização prévia.
   Isso não é exagero, não?

terça-feira, 14 de junho de 2016

Sérgio Besserman Vianna


   Neste último fim de semana, o economista Sérgio Besserman escreveu em O Globo uma coluna bem interessante, sob o título "Esquerda?".
   No texto, Sérgio registrou o momento de polarização política atual. De um lado, os favoráveis ao impeachment; do outro, os "contra o golpe" - nas palavras do próprio autor.
   Sérgio marca claramente sua posição quando diz: "A narrativa do 'contra o golpe' [...] não apenas não se sustenta no confronto com as evidências como contém em si um núcleo profundamente autoritário e antidemocrático". Portanto, não se trata, para o economista, apenas de não ser correta, mas de ser "autoritária", a posição dos "contra o golpe".
   Ele explica sua opinião. 
   Há gente boa e qualificada apoiando cada um dos dois lados. Cada um deles apresenta fundamentos aparentemente igualmente sólidos para justificar suas posições. Diz Sérgio: "Fosse apenas uma questão de opinião, cada um ficava com a sua, e vida que segue. Como se trata do encaminhamento da vida política, é preciso um critério de decisão e uma instância final para o contraditório".
   Aí vem a justificativa que, penso, embasa bem a opinião de Sérgio a respeito do engano na tese dos "contra o golpe": "Numa democracia, esse critério só pode ser a Constituição, e a instância final sobre a constitucionalidade, o STF. Como isto está sendo integralmente observado, é incoerente e absurda a afirmação de que está ocorrendo um golpe".
   É importante lembrar que quem começou a falar em manipulação dos ministros do STF foi justamente os que fala de golpe. Pelo menos, é que depreendemos dos trechos de gravação divulgados.
   Já em relação à tese do autoritarismo e viés antidemocrático desta posição, Besserman diz: "Quem é 'contra o golpe', consciente ou inconscientemente, tem na mente alguma forma de resolver o contraditório que passa por impor sua posição pela força, assim definida qualquer outra forma que não o recurso ao STF".
   Gostaria de destacar, na passagem acima, a questão do "consciente ou inconscientemente". Decerto há os que falam em "guerra", em "resistência até o último homem", em "luta armada", que fariam parte daqueles que defendem uma posição antidemocrática conscientemente; mas há, também, os que estão embarcando nessa postura de modo menos óbvio. 
   Por fim, só explicando o título. Sérgio explica que o Brasil ainda guarda uma cicatriz profunda em sua sociedade, que é a desigualdade. Para combater isso, segundo ele, precisaríamos de uma "esquerda do século XXI, democrática e antenada com os imensos desafios do mundo contemporâneo". Mas o que temos, de acordo com sua opinião, é uma esquerda que não corresponde a isso. Diz: "Não é a esquerda à qual sinto, desejo e quero pertencer. Não é a esquerda de que o Brasil necessita. Não é nem esquerda".
   É isso. 

Faltou dizer...


   ... sobre Míriam Moraes, que ela é membro da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), como especialista em jornalismo político, além de pedagoga.
   Essas informações fazem todo o sentido diante do conteúdo do livro, que, como eu disse, contém tanto informações mais básicas, quanto mais avançadas sobre Política, digna de alguém que sabe conduzir bem o aprendizado.
   Parabéns, Míriam!

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Miriam Moraes


   Passei os olhos, e registrei algumas coisas, pelo livro Política: como decifrar o que significa a política e não ser passado para trás: um guia politicamente correto para entender o sistema de poder no Brasil, opinar e debater a respeito. Ufa... que título enorme! Rsss
   Na verdade, na capa do livro, o que vemos escrito em letras maiores é simplesmente "Política". Em letras menores, aparentemente sem fazer parte do título, veem-se essas outras informações. O que eu lancei como título "oficial", contudo, é o que está na ficha catalográfica.
   O livro é muito interessante. O público alvo não me parece bem definido, contudo. Embora isso, na verdade, possa representar uma qualidade do livro. Há informações muito básicas, mas existem outras que ajudam a fundamentar discussões mais elevadas, como, por exemplo, às que dizem respeito à reforma política.
   De um modo geral, é um livro com bom conteúdo, escrito de forma muito agradável. Parabenizo a autora Míriam Moraes.
   Só para dar início aos comentários sobre o livro, gostaria de fazer uma citação que consta do mesmo:
   "O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio dos exploradores do povo". (Bertold Brecht)

"A política como vocação"


   Leio, agora, A política como vocação, de Max Weber. 
   O texto é interessante sob diversos aspectos. Além de uma visão histórica sobre a questão da Política, há vários conceitos específicos desta área que interessam a qualquer estudioso.
   Gostaria de compartilhar alguns deles aqui. Um pouco em função do último post, sobre doação para partidos com ideologias possivelmente diferentes das dos doadores, gostaria de registrar algo sobre "partidos". 
   Um pouco descontextualizado, lá vai...
   "[...] os partidos, sem nenhuma base doutrinária, reduzidos a puros instrumentos de disputa de postos, opõem-se uns aos outros e elaboram, para cada campanha eleitoral, um programa em função das possibilidades eleitorais. [...] A estrutura dos partidos subordina-se, inteira e exclusivamente, à batalha eleitoral [...]".
   Alguma semelhança com nossos partidos sem ideologia? 

"Doações"


   Fico imaginando por que alguém fazendo uma "delação premiada" mentiria, correndo todos os riscos de invalidar seu acordo e aumentar sua pena. Mas, admito que isso possa ocorrer... em tese.
   Numa das mais recentes delações premiadas, Sérgio Machado diz que captou recursos para a campanha da deputada Jandira Feghali, do Partido Comunista do Brasil (PC do B) junto a empresas fornecedoras da Transpetro. Notícia veiculada em O Globo, por exemplo, diz:
"Em suas duas últimas eleições, 2010 e 2014, Jandira recebeu doações da UTC, Keppel Fels, Brasfels e Queiroz Galvão, todas empresas envolvidas na Lava-Jato".
   Em sua defesa, a nobre deputada indicou que todas as doações que recebeu para suas campanhas foram devidamente registradas. Ok... Fico, contudo, pensando: Por que um grande capitalista doaria seus recursos para financiar a campanha de uma representante de um partido comunista? Ué... capitalistas e comunistas não são adversários no campo ideológico?
   E alguém poderia dizer: Quanta inocência, Ricardo! 

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Frédéric Lenoir


   Estou lendo, agora, Sobre a felicidade - uma viagem filosófica, do autor que dá título ao post. Para quem não conhece Frédéric Lenoir, transcrevo o que diz a orelha do livro: "Filósofo, sociólogo e historiador das religiões, Frédéric Lenoir é também romancista e dramaturgo. É doutor e pesquisador associado na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS)".
   É mole, ou quer mais? Rsss
   Eu já tinha visto um outro livro dele - A cura do mundo -, mas achei o título por demais otimista, e não dei muita bola. Rsss. Como o tema "felicidade", analisado filosoficamente, muito me interessa, comprei o que trata deste assunto. Logo a seguir, fui procurar o outro, e constatei que se tratava, também, de um bom livro para ler... ainda que não exatamente neste momento.
   Mas... trato agora de Sobre a felicidade. 
   O livro apresenta o pensamento de diversos filósofos sobre o tema. Desfilam diante de nossos olhos, a opinião de Sócrates, Aristóteles, Epicuro, Voltaire, Kant, Schopenhauer, entre outros. Há capítulos cujos títulos já remetem diretamente ao pensamento de um filósofo, enquanto em outros aparecem só algumas referências dentro do tema, para dentro dele serem suscitadas os pensadores. Além de filósofos, há também a referência a mestres como Jesus, Buda, Chuang-Tzu. E até a cientistas contemporâneos.
   Embora eu não tenha citado antes, obviamente não poderia ficar de fora dessa lista de tão eminentes pensadores o nosso tão querido Baruch Spinoza. Além de aparecer em um capítulo específico, ele é citado em vários momentos do texto.
   Depois eu conto mais.