terça-feira, 22 de agosto de 2017

O grande debate


   Eu já falei aqui no blog, há algum tempo, do livro Esquerda e direita - guia histórico para o século XXI, de autoria de Rui Tavares. Aliás, livro muito interessante, que acho que voltarei a mencionar aqui.
   Na época em que li este livro, havia a menção a uma forma alternativa de entender a famosa distinção entre esquerda e direita. 
  Como sabemos, a forma mais tradicional de tratar do início histórico desta distinção é aquela que remete à Revolução Francesa. Em 28 de agosto de 1789, estava em discussão se as deliberações aprovadas pela Assembleia Constituinte poderiam ser vetadas pelo rei. Os deputados contrários ao direito de veto real entraram e tomaram assento à esquerda do presidente da sessão, enquanto os favoráveis àquele direito se sentaram à direita. Esta organização espacial foi mantida quando houve a segunda discussão sobre o mesmo tema, em 11 de setembro de 1789.
   O livro diz, sobre isso: 
   "A oposição que se firmou em torno do direito de veto do rei [...] transcendi uma mera diferença de opiniões sobre um ponto específico, e via-se bem que se estendia a uma visão de múltiplas coisas: do próprio poder ao sentido da história, daquilo que constitui uma nação àquilo que constitui uma noção de direitos". 
  Mas... o livro informava também que:
  "Um autor norte-americano [...] chamado Yuval Levin, conta uma história diferente para o nascimento da esquerda e da direita, que situa entre a Revolução Americana e a Revolução Francesa [...]. Para isso vai buscar dois autores, Edmund Burke e Thomas Paine, como precursores da esquerda e da direita".
  Aí entra a novidade do post. 
  Agora, em 2017, foi lançado no Brasil o livro Grande debate - Edmund Burke, Thomas Paine e o nascimento da esquerda e da direita, de Yuval Levin, pela Editora Record. Este é justamente o livro a que se referia Rui Tavares em seu texto. Já comprei o meu, mas ainda não li.

Quotas (3)


   Vamos, agora, aos problemas.
   Como eu mostrei no último post, "fórmula [para reserva de vagas] foi se tornando mais complexa e mais abrangente, com a diminuição crescente do peso da questão racial". Agora, estão em jogo, também, dados sociais dos postulantes às vagas segregadas, como, por exemplo, o fato de ter estudado em escolas públicas. Mas vejamos o que a matéria diz:
   "Uma brecha permite que se qualifique para a reserva de vagas quem estudou em escola privada e, no finzinho do curso, fez um supletivo - e isso vale como carimbo de temporada em escola pública. A falta de limite de renda em uma porção das vagas desvirtua a proposta ao abrir espaço para alunos de nichos de excelência na rede pública, como os colégios militares e de aplicação".
   O maior problema, contudo, ainda está relacionado à própria noção de "ser negro", no que se refere ao candidato, "num país multiético e tão miscigenado". 
   A matéria conta um caso curioso:
  "[Em 2007, na UnB], a seleção era feita por fotos enviadas pelos candidatos. Dois gêmeos idênticos se candidataram. Tinham a aparência do que, no cardápio multicolorido da pele brasileira, se pode chamar de 'café com leite'. Cada um enviou a sua foto. Um foi aceito; o outro não". 
   Diante da experiência de insucesso, a UnB instituiu um novo sistema: uma entrevista presencial com os candidatos, por uma bancada. Tal evento passou a ser chamado pejorativamente de "Tribunal Racial". Mas, em 2013, tal "tribunal" foi desativado, e se voltou à "era da autodeclaração".
   Um dos coordenadores do "tribunal", o senhor Nélson Inocêncio, disse, sobre essa nova era: "Em um país movido a jeitinho, â burla, a autodeclaração produz injustiça. Muito branco acaba passando no critério da cota racial".
   Ele tem razão. Lembro que, há algum tempo, foi publicada uma matéria na mídia que mostrava o caso de alguns alunos quotistas da Uerj. As redes sociais desses alunos exibia jovens de pele branca, vários deles com olhos claros, que se declaravam "negros". 
   A revista informa que "A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) [...] criou recentemente um comitê para, com base em cor da pele e formato do nariz e boca, bater o martelo sobre quem pode ser contemplado". Esquisito isso. Não fica com cara de avaliação de "raça pura" esse negócio?
   Aliás, a própria matéria indica que este procedimento "não tem como contornar o fulcro da questão: definir com precisão científica quem é branco, pardo ou negro, simplesmente porque, a rigor, raça é uma invenção social". (Grifo nosso)
   Ainda me parece que o mais correto são as quotas sócio-econômicas. Uma pessoa com baixa renda per capita familiar; que mora em favela; que só cursou o ensino público, seja branco e loiro de olhos claros ou negro, merece ter acesso diferenciado aos bancos universitários, a fim de que se tente diminuir a desigualdade social.
   Mas surge outra pergunta: vale à pena dar tanta importância ao ensino superior, mesmo reconhecendo que o ensino médio público, de um modo geral, é de tão pouca qualidade?
   Depois falo sobre isso...

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Quotas (2)


   Voltando à matéria da revista Veja, para falar um pouco mais do sistema de quotas.
   A primeira universidade a implantar o sistema de quotas foi a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, em 2002. Somente em 2012, o sistema foi tornado obrigatório em todas as universidades federais do país.
   O "achismo" sobre esta política é muito grande, mesmo quinze anos após a primeira experiência desta ação positiva. A própria matéria informa que "não há estudo de abrangência nacional sobre o resultado das cotas". Isso é muito ruim. Qualquer política social implantada por um governo precisa ser objetivamente avaliada. Isto porque há custos para toda a sociedade. Estes precisam ser otimizados. Além disso, tem que haver uma avaliação precisa sobre a efetividade dessas políticas de exceção, a fim de verificar por quanto tempo elas precisam continuar sendo implementadas.
   De qualquer modo, ainda segundo a matéria, existem pesquisas isoladas sobre algumas das questões suscitadas pela adoção do sistema de quotas.
  Antes de tratar destas questões, vale à pena lembrar que "a fórmula [para reserva de vagas] foi se tornando mais complexa e mais abrangente, com a diminuição crescente do peso da questão racial".
   Seguem cinco mitos que parecem ter sido extintos:
   (Texto adaptado da matéria)
   1) A NOTA DE ENTRADA NA UNIVERSIDADE CAIRÁ MUITO - a nota média dos não quotistas é, de fato, maior que a de quotistas, mas a variação é irrisória - não chega a 5%.
  2) OS QUOTISTAS NÃO TERÃO CONDIÇÕES DE ACOMPANHAR AS AULAS E APRESENTAR BOM DESEMPENHO - quotistas tiram, em média, notas 10% menores na prova de conhecimentos específicos do Enade, teste que mede a qualidade do ensino superior. Mas, na UnB, que avaliou uma década de quotas, o desempenho dos dois grupos é praticamente igual, inclusive nos cursos considerados mais exigentes, como engenharia, ciência da computação e medicina.
   3) OS QUOTISTAS DEIXARÃO A FACULDADE NO MEIO DO CAMINHO - Os estudos revelam o contrário. Na Uerj, até hoje, dos que ingressaram por quotas, 26% desistiram no meio do caminho. Entre os não quotistas, o índice é de 37%.
   4) OS QUOTISTAS SERÃO PROFISSIONAIS DESPREPARADOS QUE NINGUÉM VAI QUERER EMPREGAR - Veja ouviu trezentos graduados - metade pelo sistema de quotas, metade pelo regime convencional. Em número de pessoas com emprego, os quotistas e os não quotistas se equivalem. Mas uma diferença persiste: na média, não quotistas ganham mais.
   5) AS QUOTAS VÃO EXACERBAR A QUESTÃO RACIAL NO BRASIL - Não se tem notícia do agravamento de conflitos raciais em campi universitários. Tudo sugere que os eventos que ocorrem são fruto do racismo que, historicamente, permeia a sociedade brasileira de modo geral. 
    
   Gostei... Mas é óbvio que existem problemas. Falo deles depois.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Quotas


   Passei na banca hoje e percebi a revista Veja desta semana. A matéria de capa tratava do sistema de quotas. Já na capa estava indicado que a revista tinha analisado dez pesquisas sobre o assunto.
   Sou favorável ao sistema de quotas, com algumas restrições ao modelo aplicado no Brasil. De qualquer modo, pensei ser interessante observar resultados de estudos sobre a questão.
   Escreverei depois sobre o que li, mas não queria deixar de registrar uma coisa que me deixou muito sensibilizado. Trata-se de um dos casos concretos apresentados pela revista. 
   Irapuã Santana tem trinta anos e é advogado. A matéria conta:
   "O casal José e Mirna, ele maquinista, ela dona de casa, trata o diploma do filho único como joia de família. Tem motivo para isso: Irapuã foi o primeiro do clã a pisar em uma universidade, e o fez com estilo. Em 2004, ingressou no curso de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), um dos melhores do país. Venceu o vestibular com o benefício das cotas raciais, mas a partir daí alçou voo sem ajuda. Escalou da graduação para o mestrado, do mestrado para o doutorado. Arranjou emprego de advogado, foi procurador e, atualmente, trabalha como assessor do ministro Luiz Fux no Supremo Tribunal Federal, em Brasília. Irapuã é uma exceção dentro de sua família, mas também entre os amigos de infância do subúrbio carioca onde morava. 'De um grupo de quarenta garotos, só uns dez estão vivos e fora do sistema prisional', calcula. Ele não tem dúvida: 'Sem o empurrão das cotas, provavelmente não teria chegado tão longe'".
   Mas depois eu conto mais...

10 Lições sobre Bobbio (2)


   Primeiro, uma citação de Bobbio, bem apropriada ao nosso momento tão polarizado do Brasil:
  "Sempre fui, ou creio ter sido, um homem do diálogo mais que da polêmica. A capacidade de trocar argumentos, em vez de acusações recíprocas acompanhadas de insultos, está na base de qualquer pacífica convivência democrática".
   Ainda no mesmo clima, e também válida para nosso momento Brasil atual:
   "Da observação da irredutibilidade das crenças últimas extraí a maior lição de minha vida. Aprendi a respeitar as ideias alheias, a deter-me diante do segredo de cada consciência, a compreender antes de discutir, a discutir antes de condenar. [...] [F]aço mais uma [confissão] [...] : detesto os fanáticos com todas as minhas forças".
   Outra citação, de seu livro de memórias, ao falar do debate com os religiosos:
   "Quero apenas dizer que sempre me pareceram mais convincentes as razões da dúvida que aquelas da certeza. [...] Também aqueles que acreditam, acreditam de acreditar [credono di credere] [...]. Eu acredito não acreditar". 
   Parece-me haver um problema lógico na fala de Bobbio. Quem acredita não acreditar é o ateu. Se as razões da dúvida são mais convincentes que as da certeza, como ele indica, ele deveria simplesmente duvidar do acreditar. 
   Eu, por exemplo, assumo que sou um crente... um crente na inexistência de Deus. Portanto, acreditando na sua inexistência, considero-me ateu... uma espécie de crente negativo. Rsss.
   Depois conto mais...

sábado, 12 de agosto de 2017

10 Lições sobre Bobbio


   Já tratei várias vezes da coleção "10 Lições sobre...", publicado pela Editora Vozes. Acho os livrinhos muito bem escritos. A escolha dos temas de cada um dos capítulos é muito feliz. Os textos são recheados de referências bibliográficas, o que facilita a expansão do conhecimento, através de uma pesquisa pessoal.
   O exemplar sobre o pensador Norberto Bobbio não foge à regra. Ontem, adquiri o meu. Mesmo com outras leituras, fui dando um jeitinho de avançar na leitura... mas confesso que só cheguei à metade. De qualquer modo, fico tranquilo para confirmar a qualidade do texto, de autoria de Giuseppe Tosi, graduado e pós-graduado em universidades da Itália que atualmente leciona no Brasil.
   Como sempre, vou apresentando pedacinhos do livro aos poucos.
   A Introdução registra uma figura realmente digna de pesquisa, quando diz:
   "Bobbio foi, e continua sendo, um interlocutor privilegiado tanto para os liberais quanto para os socialistas. Aos primeiros, relembra a necessidade de conciliar a liberdade com a igualdade e critica os excessos do neoliberalismo de mercado. Em relação à esquerda, relembra que sem liberdade não pode haver socialismo e critica os perigos totalitários que rondam os projetos políticos de inspiração marxista".
   Vale à pena explorar, não é?

Vauvenargues (2)


   Achei curioso um fato. Depois que postei a citação do marquês de Vauvenargue, fui dar uma vasculhada em mais referências sobre ele. 
   O Dicionário Universitário dos Filósofos, da Martins Fontes, não tem nada. Os dicionários do Ferrater Mora, do Lalande e do Abbagnano não têm nada?!?!?
   O Dictionary of Philosophy, da Oxford, traz pouco mais de dez linhas sobre o filósofo. 
   A Wikipedia em Português traz um artigo sobre ele que dá algumas informações interessantes sobre suas ideias. Pensei: "A versão em inglês deve ser bem melhor!". Surpreendi-me. Ela é menor?!?!? Pensei: "Se ele é francês... o artigo no seu idioma deve ser bastante completo". Que nada... bem fraquinho. Biografia; apresentação pequena de ideias; obras e lista de citações. 
   Eu tenho Das Leis do Espírito, publicado pela Martins Fontes, que contém duas partes - Introdução ao conhecimento do espírito humano e Ensaios de moral e de filosofia. Normalmente, a Martins Fontes, insere uma apresentação do autor, antes das obras que publica do mesmo, com uma análise do seu pensamento. Neste, entretanto, há apenas uma "cronologia" da vida do pensador.
   Do Wikipedia, selecionei:
  
  "[...] afirmando a 'ordre immuable et nécessaire' de tudo o que acontece. Ele também rejeita a 'liberdade da vontade' e afirma a relatividade do 'bem e do mal'. 'On n'a point de volonté', pondera ele, 'qui ne soit un effet de quelque passion [...]', acrescentando 'donc l'homme ne peut agir que par les lois de son Dieu'. Como em Espinosa, o 'Deus' em Vauvenargues não é o criador do universo, a fonte do bem e do mal, o guardião e juiz do homem, ou o legislador divino que estabelece as regras da moralidade. Ele é simplesmente a totalidade da natureza e suas leis inalteráveis. Assim, para Vauvenargues, a moral é construída pelo homem e 'l'humanité est la première des vertus'".
   
   Percebe-se, imediatamente, algo parecido com o pensamento spinozano, a quem o trecho selecionado faz menção. Porém, há um pouco mais, na sequência do texto da Wikipedia:
   
   "As principais influências que deram forma à sua Filosofia foram Bayle e, em especial, Espinosa [...]. Mas o Espinosismo de Vauvenargues é uma Filosofia individual intensamente moralista, senão também uma instância política, a serviço do indivíduo liberado. Preocupado com as implicações do sistema de Espinosa para o estilo de vida e a moralidade, ele parece de todo alheio às polêmicas da crítica à Bíblia do Tractatus [Tratado Teológico-político] e do sistema cuidadosamente criado na construção da Ética. Tipicamente vauvenargueniano na sua luta com o paradoxo contido no coração do sistema de Espinosa, que todas as ações e decisões humanas são determinadas necessariamente, e não há livre arbítrio, mas que, no entanto, esse fatalismo 'n'exclut point la Liberté'". 

  Pesquisarei mais sobre o marquês de Vauvenargues. Depois registro aqui.

Vauvenargues


   Luc de Clapiers (1715-1747) ficou mais conhecido como marquês de Vauvenargues. Era um ensaísta e moralista francês, autor de frases bem interessantes. Uma delas, em particular, chamou minha atenção:
   "O espírito é o olho da alma, não sua força; sua força está no coração, isto é, nas paixões. A razão mais esclarecida não faz agir e querer. Basta ter a vista boa para caminhar? Não é preciso ainda ter pés e a vontade com o poder de movê-los?"
    Paixões prevalecendo sobre a razão... isso me faz lembrar outro pensador. Rsss

Estupro legalizado (2)


   A notícia explicava ainda que "o Supremo Tribunal [do Paquistão] tentou dar fim a essas assembleias tradicionais, tornando-as ilegais em 2006. Contudo, para tentar acelerar a Justiça, o governo voltou a autorizá-las para resolver conflitos locais".
   Para "tentar acelerar a JUSTIÇA"???? Ah... entendi. Parece estar funcionando realmente muito bem... só que não!

Estupro legalizado


   No começo deste mês, noticiou-se que, no Paquistão, uma instância jurídica, ordenou o estupro de uma menina de dezesseis anos. 
   Num primeiro momento, parece que a notícia está errada. Não seria "puniu o estupro de uma menina"? Não. A informação está correta.
   Na vila de Raja Jam, na província de Punyab, o panchayat ou jirga, que é um conselho de "sábios", que representa uma espécie de tribunal para julgamento e aplicação das normas, conforme a tradição paquistanesa, puniu com a pena de estupro a jovem, como reparação pelo insulto infligido a uma outra menina de doze anos.
   Detalhes mais perversos da história são: (1) a "criminosa" recebeu a pena por ser parente do estuprador da criança de doze anos e (2) o "agente da lei", responsável por aplicar a pena, seria o irmão da primeira vítima - a menina de doze anos. 
   Pensemos. A "criminosa" não fez nada de errado, a não ser ter um parente delinquente... o que já foi o suficiente para fazê-la ser estuprada sob o império e a proteção da lei.
   Além disso, o irmão da vítima original, que deveria estar profundamente sensibilizado - e mesmo horrorizado - com o ocorrido à sua irmã, terá que perpetrar o mesmo tipo de crueldade com outra pessoa inocente... tão vítima quanto a primeira criança.
   Relativismo cultural... entendo... só que não!

domingo, 6 de agosto de 2017

Fluminense fazendo história


  Sou tricolor de coração... Como tal, orgulho-me com vários fatos envolvendo o Fluminense ao longo da história do futebol brasileiro - e mesmo mundial. Decerto que nem todos, mas... isso é estória para outro post.
   Desta vez, fiquei curioso ao ler uma afirmação de Tony Platão - tricolor fanático -, sobre o Fluminense ter sido o primeiro clube fundado contendo a palavra "futebol" na sua "certidão de nascimento". Seria uma visão excessivamente valorizadora do clube de coração? Fui pesquisar. 
   A Wikipedia tem um artigo com o título "Lista dos 60 clubes de futebol mais antigos do Brasil". Pronto... Está lá:
119/07/1900Sport Club Rio GrandeRio GrandeRSMais antigo clube brasileiro ainda em atividade a ser fundado[1]
211/08/1900Associação Atlética Ponte PretaCampinasSPMais antigo clube paulista ainda em atividade a ser fundado[2]
314/07/1902Esporte Clube 14 de JulhoSantana do LivramentoRSFundado em cidade na fronteira com o Uruguai[3]
421/07/1902Fluminense Football ClubRio de JaneiroRJPrimeiro dos 12 maiores do Brasil a entrar em campo e o primeiro a ostentar a palavra futebol no nome[4]
513/09/1902*Esporte Clube VitóriaSalvadorBAFundação do clube: 13/05/1899. Primeiro clube baiano ainda em atividade a entrar em campo, em 22/05/1901, informalmente por associados. Departamento de futebol inaugurado em 1902, primeira partida do clube em 13/09/1902[5][6]
615/09/1903Grêmio Foot-Ball Porto AlegrensePorto AlegreRSPrimeiro clube de Porto Alegre ainda em atividade a ser fundado
    Confirmado. O Fluminense é o quarto clube de futebol mais antigo do Brasil, sendo o primeiro a utilizar a palavra "futebol" - na forma inglesa. Após o tricolor carioca, outro tricolor, o gaúcho, faz uso da expressão.
   Parabéns aos tricolores!

Maoísmo


   No mesmo livro da PubliFolha citado no post anterior, há a descrição do Maoísmo. Da mesma forma que o Leninismo, mostra-se que Mao Tsé-tung fez sua própria leitura do Marxismo.
   O livro diz:
   "Assim como Lênin, Mao pegou os preceitos básicos da teoria da luta de classes marxista e adaptou-os à sua realidade. Embora os princípios básicos da visão marxista de progresso da história prescrevessem que a revolução comunista só poderia ocorrer no contexto do capitalismo avançado, Mao acreditava que a teoria poderia ser adaptada à sociedade chinesa de base camponesa dos anos 1930 e 1940. O próprio Mao definia sua abordagem como 'marxismo adaptado às condições chinesas'".

Leninismo


   Já falei daquele livro introdutório, publicado pela PubliFolha, chamado Política - 50 conceitos e teorias fundamentais explicados de forma clara e rápido, cujo editor é Steven L. Taylor. Acho que como apresentação inicial de conceitos, teorias e personagens, o livro funciona muito bem. É certo que, por vezes, a apresentação é tão "superficial", para não se tornar complicada, que fica aquele gostinho de "quero mais", como se não tivesse sido suficiente o conteúdo registrado. Mas esse é um defeito compreensível dentro do espírito deste tipo de obra.
   No caso do Leninismo, achei bem interessante a apresentação da ideia de que esta "variante" do Marxismo pode ser mais uma "traição" do que uma "evolução".
   Lá está assim:
   "O leninismo nasceu do marxismo. No entanto, tem-se discutido se representa uma contribuição ao marxismo ou uma corrupção deste. Seus detratores argumentam que o leninismo inverteu a ordem da economia precedendo a política ao negar a necessidade da existência do capitalismo plenamente desenvolvido loga antes da revolução proletária espontânea."
   E explica o porquê disso:
  "A fim de criar uma base teórica pragmática para a transição socialista à época, ele adaptou o marxismo às condições de seu país, transformando o marxismo de teoria utópica [OBS.: os marxistas não concordariam com o adjetivo 'utópica' vinculado à teoria baseada na ação, proposta por Marx] em realidade revolucionária. Lênin sugeriu que [...] países subdesenvolvidos como a Rússia poderiam realizar a primeira revolução proletária em lugar dos países industriais avançados, porque estes últimos, a fim de evitar a revolução, conseguiriam fortalecer o capitalismo e suavizar as relações domésticas entre capital e trabalho [...]. Lênin acreditava que a classe operária só desenvolveria a consciência revolucionária e derrubaria o capitalismo se fosse liderada por uma vanguarda de revolucionários profissionais, provenientes principalmente da intelligentsia burguesa".
   Achei o texto bem elaborado para uma introdução.

Tese bem diferente


   Notícia bem interessante a de que um aluno se doutorou com uma tese escrita no formato de quadrinhos.
   Trata-se de Nick Sousanis, aluno do curso de Educação da Universidade Columbia. A tese, apresentada em 2014, acabou sendo publicada como livro, e agora chega ao Brasil sob o título Desaplanar. Na obra, que chegou a ser premiada, o autor analisa o processo de aprendizagem, questionando a primazia da palavra escrita na linguagem e defendendo uma simbiose das palavras com as imagens.
   Ele declarou, sobre seu projeto:
  
 "Comecei a pensar na forma como a página estática e plana ['flat', em inglês] de um quadrinho poderia conter mais informações do que parecia possível – a meu ver, mais do que um texto conseguiria [...]. De alguma forma, a página estava 'desaplanando' ['unflattening', em inglês] para mim. O termo ficou na minha cabeça."
   
   Bem interessante este caso, mostrando que há espaço para uma flexibilização no mundo acadêmico... pelo menos no exterior.
   

sábado, 5 de agosto de 2017

Injustiça com Locke


   Outro dia, eu ouvia um discurso de uma pessoa de "esquerda" - as aspas não são por conta de uma possível desonestidade ideológica do orador, mas por conta de algumas incoerências que imagino existirem no conjunto do seu pensamento. No tal discurso, reclamava-se de ações violentas contra pessoas em situação de fragilidade social. Até aqui, tudo certo. Acho que poucos, refletidamente, endossam violência contra pessoas que já vivem em situação de abandono. Mas... mas... aí veio uma crítica ao possível "fundador" desse tipo de pensamento... ninguém menos que Locke. Eu pensei, por um átimo, que deveria ser algum pensador contemporâneo que não conhecia... alguém meio fascista... sei lá. Porém, o orador desfez qualquer mal entendido, ao esclarecer que se tratava mesmo de John Locke (1632-1704).
   Faltava dizer o que o inglês fez de errado. E o "crime" do grande empirista foi anunciado. Segundo nosso orador, Locke teria indicado que o direito à propriedade era o que havia de mais importante, daí que qualquer ataque às pessoas estaria justificado, se a intenção fosse salvaguardar o patrimônio.
   John Locke deve ter se revirado no túmulo... mas se não o fez, eu me sacudi na cadeira. Não podia falar nada... mas deu vontade; afinal, foi uma tremenda injustiça com o filósofo britânico. 
   No Segundo tratado do governo civil, Locke indica que, mesmo no Estado de Natureza, existem leis, mas leis naturais. Estas seriam leis dadas por Deus, e os homens seriam capazes de descobri-las através da reflexão. Os homens seriam iguais e livres, no Estado de Natureza, mas Locke explica que "liberdade" não é licença para fazer o que quiser. As leis naturais dadas por Deus impedem o suicídio - já que o Ser Supremo teria determinado a vida daquele indivíduo - e a destruição de outros indivíduos - visto que Deus também os teria criado como iguais. 
   A criação do Estado civil atenderia ao desejo de se proteger três coisas: a vida, a liberdade e a propriedade. Desta forma, não há que postular que Locke incentivasse o ataque à vida, como se esta significasse um valor menor.
   

Venezuela (2)


   O jornal O Globo de hoje apresentou a algumas personalidades a pergunta "Os venezuelanos ainda vivem numa democracia?".
   Particularmente, achei a resposta mais elucidativa a de José Miguel Vivanco, diretor da Divisão das Américas da Human Rights Watch, que disse:
   "São necessários dois princípios básicos para caracterizar um governo como democrático: eleições livres, justas e competitivas; e a obrigação de se governar democraticamente - exercendo o poder com respeito aos limites do Estado de direito, à separação de poderes, à independência do Judiciário, à imprensa livre e à sociedade civil. E não perseguir dissidentes e líderes políticos. Não acho que a Venezuela passe no teste. E o governo deve ser tratado como tal. Em linguagem simples, como uma ditadura".

Venezuela


   Assisti a alguns vídeos, que me chegaram pelo Whatsapp, registrando a situação das ruas da Venezuela. Uma só palavra poderia definir o que vi: "Barbárie". Violência gratuita, contra pessoas isoladas, praticada por grupos enormes de policiais, fortemente armados. 
   Socialismo bolivariano é aquilo? O Foro de São Paulo  queria disseminar esta política pela América do Sul?
   Se as respostas são positivas, sou contra os dois.
   Vergonhosa a produção de um antagonismo tão grande entre os cidadãos, a ponto de vivermos a possibilidade, inclusive, de uma guerra civil.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Fichte


   Em O caminho para uma vida bem aventurada ou A doutrina da religião (1849), Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) escreveu:
   
   "A religião não é uma ocupação independente que seria possível praticar fora das outras ocupações, por exemplo, em certas horas; mas é o espírito interior que penetra, anima e impregna todo o nosso pensamento e toda a nossa ação".
   
   Quem dera fosse assim para todos aqueles que falam tanto sobre o assunto.

Anne Dias e os "professores"


   Essa Anne Dias é muito legal mesmo. No artigo que escreveu, sob o título "Coisas irritantes que os corredores fazem", ela descreveu cinco coisas da galera de corrida que a incomodam. Fiquei morrendo de rir. Mas, sinceramente, a que mais gostei foi a que diz respeito aos "professores".
   Vejam só:
   
 A chatice: deve haver no atletismo brasileiro uns 45 caras realmente aptos a dar aula de corrida. Mas, assim como o Brasil tem 200 milhões de cientistas políticos e técnicos de futebol, tem uns 5 milhões de especialistas em corrida - que é o número estimado de corredores no país.
   A solução: Ao questionar o que o professor está falando, enfie a expressão "pesquisas dizem que..." e invente uma teoria qualquer. Se o cara for dos 45 mestres de corrida, ele te derruba e vocês caem na risada. Se não for, você vai rir sozinho.

   Não ri só pela questão da corrida, mas também pela referência aos duzentos milhões de cientistas políticos e técnicos de futebol no Brasil. Rssss
   Além disso, o "pesquisas dizem que..." é usado por muita gente... principalmente aqueles que não sabem sobre o que estão falando.

Cerveja (2)


   O norte-americano Tim Kliegl correu 3.138 km ao longo de todo o ano de 2016 por conta de um desafio feito no aniversário de 2015. Ele se propôs a correr 1,6 km por dia.
   E o que isso tem a ver com "cerveja", que consta no título do post?
   Respondo. Após cada corrida, fazia parte da proposta beber uma cerveja diferente - só para reidratar. Rsss. Não é que nosso amigo conseguiu beber 366 cervejas diferentes? E mais... em vez de 1,6 km, ele ficou com uma média diária de mais de 8,5 km. Caracas!!!
   Eu treino 8,5 km duas, no máximo três, vezes por semana. Acho que está faltando o prêmio da cerveja ao final, para dar uma forcinha. Rsss

Cerveja


   Hoje, dia 04 de agosto, é o Dia Internacional da Cerveja. A data é móvel, sendo comemorada na primeira sexta-feira do mês de agosto.
   Segundo a Wikipedia, a ideia da data comemorativa surgiu em 2007, na Califórnia.
   São três os propósitos:
   
   1. estar com amigos para saborear a bebida;
   2. celebrar aqueles que fabricam e os que a servem; e
   3. ter o sentido de união mundial com outros comentadores, com cervejas de todas as nações e culturas.

   Vamos respeitar a data e sair do trabalho para comemorar!