segunda-feira, 28 de março de 2016

O Brasil já venceu antes


   Embora pareça uma batalha inglória, o Brasil já venceu o Aedes aegypti antes... e duas vezes.
   Vejamos trechos da matéria publicada hoje em Huffpost Brasil.
  "[E]m 1955, o Brasil inteiro foi considerado livre do mosquito Aedes aegypti. Ima Aparecida Braga, do Programa Nacional de Controle da Dengue, e Denise Valle, do Departamento de Entomologia da Fiocruz, explicam em um artigo que a eliminação do mosquito no Brasil veio de uma ação articulada da Organização Pan-Americana da Saúde e da Organização Mundial da Saúde, iniciada em 1947. [...] Em 1967, o mosquito foi novamente introduzido no Brasil e eliminado em 1973."
   A estratégia foi "agressiva", com entrada nas casas - como foi liberado agora, por Medida Provisória - e aplicação maciça de inseticidas.  
  "Autora do artigo 'Um desafio para a saúde pública brasileira: o controle do dengue’, Maria Lucia Penna explica que a erradicação 'se deu pela utilização do método perifocal que constituía na aplicação de inseticidas de efeito residual de seis meses em paredes externas e internas de todos os depósitos domiciliares com ou sem água, assim como nas paredes próximas até 1m de distância dos eventuais criadouros'. [...] Tal método torna os criadouros preferenciais do mosquito armadilhas mortais para fêmeas, além de eliminar as larvas provenientes dos ovos aderidos às paredes dos recipientes quando estes são novamente preenchidos por água."
   Então, vamos ganhar de novo!

O Brasil...


   ... tem cura, e eu também.
  Depois de uma Zika que me derrubou completamente, eis que estou de volta.
   Impeachment para os mosquitos Aedes Aegypti! Rsss

sexta-feira, 11 de março de 2016

"O Brasil tem cura" (2)


   O Capítulo 1 se chama "O diagnóstico - Integridade no Brasil". Particularmente, acho que aqui há um grande problema no livro. Contudo, não é só dela este problema, mas de vários analistas do Brasil.
   Rachel escreve: "Em seu revelador livro Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda afirma que a colonização portuguesa moldou o caráter dos brasileiros". Depois indica que, para aquele autor, "o português vinha buscar riqueza, mas riqueza que custa ousadia, não riqueza que custa trabalho". A fixação dos portugueses, aqui no Brasil, não era uma vontade dos aventureiros, e "a fim de contornar essa dificuldade, Portugal passou a enviar ao Brasil um número cada vez maior de degredados", conta a jornalista.
   O Capítulo 2 se chama "A doença - Problemas do Brasil". Sheherazade identifica bem que "O Brasil não sofre de um único mal, mas de múltiplas mazelas que inviabilizam o presente e comprometem o futuro da nação". Ponto para ela. Mas há uma insistência naquela questão da nossa colonização, quando ela diz "Busquemos, nas raízes de nossa terra, a origem de nossos problemas". 
   Neste segundo capítulo, ela trata da violência, da impunidade, da legislação falha, da educação, da maioridade penal, da perseguição religiosa - a Cristofobia - e da crise de valores. Há uma boa análise das tais mazelas que nos afetam. Embora não dê para concordar com tudo o que está aí dito. Por exemplo, na parte "Crise de valores", Rachel escreve: "O Brasil vive uma crise de valores sem precedentes em áreas como família, educação, moral, cultural, justiça e política. Conceitos tidos como absolutos no mundo ocidental, e que serviram de alicerce para a construção e a consolidação da nossa sociedade, foram postos em xeque. [...] Tudo aquilo que, por séculos, foi tido como claro acabou envolto em uma nuvem de dubiedade, indefinição e incerteza. Vivemos os tempos do relativismo". Ora, aquilo que foi "claro" por séculos não é necessariamente um valor absoluto. Vejamos: uma mulher inteligente e letrada, dando suas opiniões em público, como é o caso da ilustre jornalista, já foi algo que claramente não pertencia aos valores vigentes na nossa tradição ocidental. Foi necessário criticar o valor instituído a fim de que as coisas melhorassem.
   Não vou me estender aqui sobre este capítulo, pois ele merece uma análise mais específica, visto que são vários os pontos questionáveis. 
   No Capítulo 3, "O tratamento - A renovação do pensamento e a transformação individual e social", nos deparamos novamente com a questão da nossa má origem. Diz Sheherazade: "Como já vimos, a desonestidade cultural do brasileiro está na gênese do nosso povo, desde a colonização". 
   Vou parar um momento para perguntar: O Brasil realmente sempre foi o reino da desonestidade? Quem presenciou a Política do passado destaca a honradez de vários personagens que dela participaram. Minha geração viu a seriedade de muitos dos nossos antepassados. Eu lembro do meu pai falando da época em que "um fio do bigode de um homem valia mais que um papel escrito" ou até que "a palavra de um homem dispensava qualquer outra formalidade". Sinceramente, discordo veementemente do diagnóstico da continuidade da desonestidade desde os tempos de nossa colonização. 
   As opiniões sobre a mudança da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, por exemplo, reforça minha opinião. É comum ouvirmos as pessoas mais velhas dizerem: "Quando a capital era no Rio, os políticos não podiam fazer besteiras, porque estavam perto do povo de verdade. Agora, isolados lá em Brasília, onde todos são funcionários públicos, os políticos não encontram povo de verdade, e podem roubar e fazer tudo o que querem". Ora... então houve um "antes" para as roubalheiras dos políticos, até porque o povo tinha seus valores e cobrava a compatibilidade do comportamento dos mesmos com isto em que eles acreditavam. Onde está, então, a "desonestidade cultural dos brasileiros [...] desde a colonização"? 
   Impossível concordar com a tese de Sheherazade.
   Depois, escrevo mais.

O erro do pedido de prisão de Lula


   Se os promotores erraram, ou não, especificamente em relação às acusações lançadas contra o ex-presidente Lula, isso eu não sei. Mas que eles se enrolaram, ao longo do texto do pedido, em relação à Filosofia, isso eu sei.
   Eles escreveram: "As atuais condutas do denunciado Luiz Inácio Lula da Silva, que outrora chegou a emocionar o país ao tomar posse como Presidente da República em janeiro de 2003, certamente deixariam Marx e Hegel envergonhados".
  Ops... Marx e Hegel? Na verdade, a referência seria à ideologia comunista de Marx e Engels. 

quinta-feira, 10 de março de 2016

"O Brasil tem cura"


   Eu já havia sinalizado, aqui no blog, que estava lendo - com muita curiosidade - o livro O Brasil tem cura, de Rachel Sheherazade. Já findei minha leitura há algum tempo, mas acabei por não registrar aqui minhas impressões. Passo a fazê-lo agora.
   De um modo geral, gostei do livro. Ele reacende na memória muita coisa da História do Brasil recente e traz alguns bons diagnósticos e soluções. Contudo, acho que peca por acreditar na simplicidade de uma solução óbvia, mas que é monstruosamente complicada: "Só é possível transformar o Brasil redefinindo nossos modelos mentais, as formas pré-estabelecidas de ver e julgar a realidade para, consequentemente, passarmos a agir de modo diferente".
   Antes de analisar a obra, gostaria de fazer um pequeno registro da carreira vitoriosa da bela jornalista paraibana. 
   Rachel conta que, em 1992, na Universidade Federal da Paraíba, onde estudava, "alguns professores eram militantes ferrenhos e verdadeiros aliciadores da esquerda" e que "no ambiente acadêmico, intitular-se 'de direita' era confessar-se um antidemocrata, saudoso da ditadura, amante de torturas, enfim, uma completa aberração política e social". 
   Sinceramente, penso que não mudamos muito sobre isso. Ainda temos, na Filosofia e na Sociologia, um grande número de professores tentando doutrinar os jovens, soprando-lhes ventos "esquerdistas". Além disso, dizer-se "de direita" parece significar endeusar o deputado Bolsonaro, mesmo que isso esteja longe de ser o caso.
   Ela conta também que "sem qualquer crise de consciência política, identificava-me com princípios de ambos os lados, como o Estado mínimo e as liberdades individuais - bandeiras à direita - e mais justiça social - preceito da esquerda".
   Não gosto muito da expressão "Estado mínimo", preferindo  o "Estado suficiente". Lógico que esse "suficiente" é bem longe daquela "burocracia" enorme, que incha o Estado, fazendo dele um monstrengo que custa muito caro à sociedade. Mas, vá lá... Estado mínimo e liberdades individuais. Ora, quem não quer "liberdades individuais"? Não acredito que um socialista responda negativamente a isso. É certo que ele diria que, em prol de maior justiça social, seria admissível restringir uma parcela dessas liberdades... mas, em tese, não é necessário ser contra elas. Por outro lado, será mesmo que alguém que não é de esquerda faria franca oposição a uma sociedade onde houvesse mais justiça social? A menos de algumas pessoas que poderiam enxergar que o custo excessivo de programas sociais atrapalha suas vidas, não vejo uma definitiva oposição a este ponto por parte daqueles "de direita".
   Depois, Sheherazade trata da ascensão do PT. Diz ela: "Para quem acreditou na mudança, era como um divisor de águas, como se a moralidade do Brasil, enfim, ali nascesse". Contudo, segundo ela: "Transcorrido um ano da chegada do PT ao poder, as máscaras do partido começaram a cair". E a jornalista passa a narrar os escândalos que envolvem o Partido dos Trabalhadores e alguns de seus afiliados, para concluir que "o PT revelava-se um partido como qualquer outro, com integrantes sujeitos a todas as fraquezas morais e éticas, e passíveis de se corromper".
   A partir daí, segundo a autora, seu interesse pela Política aumentou. Ela continua, então, a falar de sua trajetória pessoal, inicialmente como repórter na Paraíba até ser convidada, por orientação do próprio Sílvio Santos, para ser âncora do SBT Brasil. 
   Depois eu conto mais...

terça-feira, 8 de março de 2016

Feliz Dia 8 de março...


   ... a todas essas maravilhosas mulheres!

segunda-feira, 7 de março de 2016

Pior tempo da minha vida...


   Neste final de semana, fiz a pior corrida da minha vida. Parti bem para os 10 km da etapa Outono da Corrida das Estações. Fechei bem o primeiro quilômetro. É verdade que o sol estava atrapalhando, mas fui continuando bem, enquanto passava pelo segundo, terceiro... No sexto quilômetro, algo passou a incomodar sob a sola do tênis - esse é o que reservo somente para corridas, para não sofrer com o desgaste dos treinos. Pensei que algo estava grudado, e tentava arrastar o pé entre as passadas, de modo ao "troço" se soltar. Com 6,5 km, aquilo já estava atrapalhando, e até machucando, em algumas pisadas. Decidi parar para ver o que era. Uma borracha transversal estava se soltando. Tentei, em vão, arrancá-la em definitivo. Parei, então. Não dava mais para correr com aquele incômodo.
   Fui caminhando desolado ao longo do percurso. O pedaço de borracha dobrava e desdobrava. Contudo, eu nunca havia parado no meio de uma prova. Seria a primeira vez, depois de muitos anos de corrida. Quando já chegava ao sétimo quilômetro, pensei: "Caracas, ainda vou ter que andar com esse tênis mais três quilômetros?! Isso será horrível!". Decidi, então, voltar a correr... mesmo com aquela pisada estranha - ora apoio total, ora piso de lado.
   Cheguei com 1h 00 min de corrida... mais dez minutos que meu melhor tempo para os 10km. Mas cheguei! Rsss.
   A dúvida agora: o que fazer com meu tênis de estimação? Consertá-lo? Cortar a borracha em definitivo? Usá-lo só para treinos? Jogar fora o objeto? Nem sei!

Dia 13 de março


   Espero que o dia 13 de março, em que estão convocadas manifestações contra o governo, seja pacífico.
   Nenhum dos dois lados deve ceder a provocações. Cada qual se arme única e exclusivamente de seu discurso. Ninguém deve aceitar opiniões que não são as suas simplesmente porque elas estão em um jornal ou porque um líder disse que é assim. Mas se não for possível argumentar em meio à manifestação - o que normalmente é o caso -, que se respeite a posição alheia.
    Somos adversários apenas partidários, mas somos um só povo.
   Uma solução há de se pactuar, em prol do nosso Brasilzão!

"Lula coagido a depor"


   O título do post é o mesmo de outro artigo do jornal O Globo, desta vez, de autoria de Frei Betto.
   Tanto o título quanto o início do artigo parece ser uma defesa franca do ex-presidente. Frei Betto lembra que, na primeira prisão de Lula, em 1980, estava na casa de seu amigo. Ao falar desta segunda "prisão" - as aspas são colocadas pelo próprio autor -, é solta uma farpa contra aqueles que "transformaram a convocação em prisão e o depoimento em confirmação de que há um novo réu na Lava-Jato". Resta uma crítica ao juiz Sérgio Moro, como "homem midiático", o que "não combina com a egrégia função". E o governo Dilma ganha um elogio por respeitar a autonomia da Polícia Federal.
   Mas, depois, Frei Betto parece mudar um pouco os ares do artigo. Reconhece que "o PT cometeu muitos erros ao longo de seus 14 anos à frente do governo do Brasil" e que "os três símbolos da identidade do partido perderam credibilidade: organizar a classe trabalhadora; ser ético na política; realizar reformas estruturais".
   Ainda descrevendo os erros do PT, Betto indica que o partido agarrou o poder e começou a tropeçar nessa necessidade de mantê-lo a qualquer custo, tanto assim que "alianças promíscuas o [PT] fizeram perder a credibilidade".
   Uma crítica àqueles que abandonam a racionalidade, pré-julgando Lula, aparece no penúltimo parágrafo: "Quando o emocional se sobrepõe ao racional, faltam pedras para jogar na Geni!".
   Mas outra lambada no PT, no último parágrafo: "Um fato preocupa: o PT jamais julgou a conduta ética de seus militantes acusados pela Lava-Jato. Nem os absolveu, nem os condenou. Calou-se. E quem cala consente".
   Frei Betto já foi muito mais próximo de Lula do que é hoje - pelo menos é o que se diz. De mentor pessoal do ex-presidente a mais um dos ex-companheiros de lutas pregressas, o frei perdeu espaço para os "compadres" de Lula. No artigo, contudo, Frei Betto parece alguém que, sem querer esquecer o passado de lutas sociais, algumas vitoriosas, não se ilude com o presente cheio de problemas do Partido dos Trabalhadores. Acho, porém, que mesmo quando defende a racionalidade contra um juízo meramente "emocional", Betto se engana, visto que a maior parte daqueles que defendem Lula e o PT só o faz justamente porque se nega à crítica racional dos fatos, apegando-se exclusivamente à ideologia irrefletida do "nós, humildes, contra eles, elite". 
   Aliás, uma pergunta: mais pessoas passaram a defender o PT ou a recusar seu modus operandi? A mim parece que mais gente, inclusive petistas históricos, como é o caso do próprio Frei Betto, está passando por um processo de rejeição ao "novo PT", do que está começando a apoiá-lo agora.

Artigo de Ancelmo Gois


   Em O Globo de sábado, fora da sua coluna, Ancelmo registrou em um pequeno artigo sua opinião sobre o ex-presidente Lula. O título do artigo era "O sonho esmorece, em um dia triste".
   Abaixo, alguns trechos do artigo.
   "Não há almoço grátis, ainda mais com essa turma do cimento. A conta, pode crer, foi incluída no preço de uma obra pretérita ou futura. Foi o meu, o seu, o nosso dinheiro que bancou a reforma do apartamento de Guarujá e do sítio em Atibaia.
   [...] muitos dos que o acusam já fizeram a mesma safadeza. Mas a promiscuidade dos outros não o absolve. Pelo contrário, acho. Frustra corações e mentes de milhões de brasileiros [...] que acreditaram num projeto generoso e socialmente inclusivo do PT. E frustra, principalmente, quem acreditou neste retirante nordestino que venceu desafios gigantes e chegou a comandar a sétima maior economia do planeta.
   Ao chegar ao poder, em 2003, Lula encantou o Brasil e o mundo ao [...] acelerar as políticas sociais. Fez isto sem deixar de ser o Lula de sempre. Aquela foto dele carregando um isopor na base naval de Aratu, na Bahia, ilustra o que quero dizer [a foto está no artigo].
   [...] Acho, ontem [dia do depoimento de Lula à Polícia Federal], foi um dia triste. Se o sonho não morreu, esmoreceu. Não sei o que pensa hoje FH. Mas, em julho, em entrevista [...], o tucano, mesmo achando impossível que Lula não soubesse de nada, ponderou: 'Lula é um líder popular. Não se deve quebrar esse símbolo, mesmo que isso fosse vantajoso para o meu próprio partido'."
   Olhando retrospectivamente, parece-me que o inquestionável líder dos metalúrgicos, homem humilde, com desejo de melhorar a justiça social no Brasil, muito por conta da sua própria história, acabou sendo "absorvido" com prazer por um projeto de esquerda que tinha, também, como preocupação a maior justiça social. Eu escrevi "também" porque talvez essa não fosse a maior preocupação, a qual poderia ser tão somente tomar e manter o poder. E ponto final. Ou seja, talvez a preocupação com o social viesse apenas à reboque da verdadeira intenção: estar no poder.
   Obviamente, estar no poder é necessário para fazer as mudanças. O que acontece, contudo, é que para estar no poder não vale qualquer coisa... pelo menos, é o que penso.
   Deste modo, o homem humilde e de boa vontade pode ter sido, inicialmente, "usado" no jogo de poder. O problema é que, depois, aparentemente, ele tomou gosto pelo jogo, e resolveu participar dele de outro modo. Agora, é ele a usar a máquina... com todas as regras invisíveis - que só são conhecidas por aqueles que estão apostando tudo nas mesas da "politicagem".

sexta-feira, 4 de março de 2016

Ainda na alcova


   Continuo lendo "A Filosofia na alcova", de Sade. Cheguei à parte mais "filosófica" do livro, que dizem ter sido inserida tardiamente entre as falas das personagens. Trata-se de "Franceses, mais um esforço se quereis ser republicanos". Nesta, aparece de modo mais direto a crítica à religião e aos costumes.
   Depois, comentarei especificamente o que lá está escrito. Mas a condução coercitiva do Lula, hoje, me fez associar tal fato com um pedaço do texto. Aliás, outro dia li uma reportagem de um jornalista que dizia que a situação do nosso ex-presidente é bem tranquila... afinal, basta ele explicar claramente sua situação em relação aos imóveis - os quais, diga-se de passagem, ele poderia facilmente adquirir com seus próprios recursos, advindos das várias "palestras" ministradas... algumas bancadas pelo pessoal da OAS e companhia.
   Mas voltemos a Sade. Ele trata, no texto em questão, dos "crimes que possamos cometer contra nossos irmãos", indicando que "eles se reduzem a quatro principais". Estes são: a calúnia; o roubo; os crimes que, causados pela impureza, desagradam e o assassinato.
   Sade diz que não considera a calúnia um mal. E ele explica o porquê. Se a calúnia atinge um homem verdadeiramente perverso, ela é quase indiferente; e se recai sobre um homem virtuoso, "que ele não se alarme; que ele se mostre, e todo o veneno do caluniador acabará sendo inoculado no próprio. Para tais pessoas, a calúnia é apenas um escrutínio depuratório do qual sua virtude só sairá mais brilhante".
   Comparando o escrito com nosso ex-presidente, que se diz o homem mais honrado do Brasil, eu recomendaria que, em vez de ficar soltando notinhas através do Instituto Lula, ele se apresentasse de peito aberto ao Ministério Público - e a quem mais lhe aprouver - e contasse sua verdade... ou melhor, a verdade. Afinal, como diz Sade, "para tais pessoas [as virtuosas, como Lula diz ser], a calúnia é apenas um escrutínio depuratório do qual sua virtude só sairá mais brilhante".
   Mostra para eles, Lulão... mas cuidado com o que vai falar. Rsss