segunda-feira, 7 de março de 2016

Artigo de Ancelmo Gois


   Em O Globo de sábado, fora da sua coluna, Ancelmo registrou em um pequeno artigo sua opinião sobre o ex-presidente Lula. O título do artigo era "O sonho esmorece, em um dia triste".
   Abaixo, alguns trechos do artigo.
   "Não há almoço grátis, ainda mais com essa turma do cimento. A conta, pode crer, foi incluída no preço de uma obra pretérita ou futura. Foi o meu, o seu, o nosso dinheiro que bancou a reforma do apartamento de Guarujá e do sítio em Atibaia.
   [...] muitos dos que o acusam já fizeram a mesma safadeza. Mas a promiscuidade dos outros não o absolve. Pelo contrário, acho. Frustra corações e mentes de milhões de brasileiros [...] que acreditaram num projeto generoso e socialmente inclusivo do PT. E frustra, principalmente, quem acreditou neste retirante nordestino que venceu desafios gigantes e chegou a comandar a sétima maior economia do planeta.
   Ao chegar ao poder, em 2003, Lula encantou o Brasil e o mundo ao [...] acelerar as políticas sociais. Fez isto sem deixar de ser o Lula de sempre. Aquela foto dele carregando um isopor na base naval de Aratu, na Bahia, ilustra o que quero dizer [a foto está no artigo].
   [...] Acho, ontem [dia do depoimento de Lula à Polícia Federal], foi um dia triste. Se o sonho não morreu, esmoreceu. Não sei o que pensa hoje FH. Mas, em julho, em entrevista [...], o tucano, mesmo achando impossível que Lula não soubesse de nada, ponderou: 'Lula é um líder popular. Não se deve quebrar esse símbolo, mesmo que isso fosse vantajoso para o meu próprio partido'."
   Olhando retrospectivamente, parece-me que o inquestionável líder dos metalúrgicos, homem humilde, com desejo de melhorar a justiça social no Brasil, muito por conta da sua própria história, acabou sendo "absorvido" com prazer por um projeto de esquerda que tinha, também, como preocupação a maior justiça social. Eu escrevi "também" porque talvez essa não fosse a maior preocupação, a qual poderia ser tão somente tomar e manter o poder. E ponto final. Ou seja, talvez a preocupação com o social viesse apenas à reboque da verdadeira intenção: estar no poder.
   Obviamente, estar no poder é necessário para fazer as mudanças. O que acontece, contudo, é que para estar no poder não vale qualquer coisa... pelo menos, é o que penso.
   Deste modo, o homem humilde e de boa vontade pode ter sido, inicialmente, "usado" no jogo de poder. O problema é que, depois, aparentemente, ele tomou gosto pelo jogo, e resolveu participar dele de outro modo. Agora, é ele a usar a máquina... com todas as regras invisíveis - que só são conhecidas por aqueles que estão apostando tudo nas mesas da "politicagem".

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