O Capítulo 1 se chama "O diagnóstico - Integridade no Brasil". Particularmente, acho que aqui há um grande problema no livro. Contudo, não é só dela este problema, mas de vários analistas do Brasil.
Rachel escreve: "Em seu revelador livro Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda afirma que a colonização portuguesa moldou o caráter dos brasileiros". Depois indica que, para aquele autor, "o português vinha buscar riqueza, mas riqueza que custa ousadia, não riqueza que custa trabalho". A fixação dos portugueses, aqui no Brasil, não era uma vontade dos aventureiros, e "a fim de contornar essa dificuldade, Portugal passou a enviar ao Brasil um número cada vez maior de degredados", conta a jornalista.
O Capítulo 2 se chama "A doença - Problemas do Brasil". Sheherazade identifica bem que "O Brasil não sofre de um único mal, mas de múltiplas mazelas que inviabilizam o presente e comprometem o futuro da nação". Ponto para ela. Mas há uma insistência naquela questão da nossa colonização, quando ela diz "Busquemos, nas raízes de nossa terra, a origem de nossos problemas".
Neste segundo capítulo, ela trata da violência, da impunidade, da legislação falha, da educação, da maioridade penal, da perseguição religiosa - a Cristofobia - e da crise de valores. Há uma boa análise das tais mazelas que nos afetam. Embora não dê para concordar com tudo o que está aí dito. Por exemplo, na parte "Crise de valores", Rachel escreve: "O Brasil vive uma crise de valores sem precedentes em áreas como família, educação, moral, cultural, justiça e política. Conceitos tidos como absolutos no mundo ocidental, e que serviram de alicerce para a construção e a consolidação da nossa sociedade, foram postos em xeque. [...] Tudo aquilo que, por séculos, foi tido como claro acabou envolto em uma nuvem de dubiedade, indefinição e incerteza. Vivemos os tempos do relativismo". Ora, aquilo que foi "claro" por séculos não é necessariamente um valor absoluto. Vejamos: uma mulher inteligente e letrada, dando suas opiniões em público, como é o caso da ilustre jornalista, já foi algo que claramente não pertencia aos valores vigentes na nossa tradição ocidental. Foi necessário criticar o valor instituído a fim de que as coisas melhorassem.
Não vou me estender aqui sobre este capítulo, pois ele merece uma análise mais específica, visto que são vários os pontos questionáveis.
No Capítulo 3, "O tratamento - A renovação do pensamento e a transformação individual e social", nos deparamos novamente com a questão da nossa má origem. Diz Sheherazade: "Como já vimos, a desonestidade cultural do brasileiro está na gênese do nosso povo, desde a colonização".
Vou parar um momento para perguntar: O Brasil realmente sempre foi o reino da desonestidade? Quem presenciou a Política do passado destaca a honradez de vários personagens que dela participaram. Minha geração viu a seriedade de muitos dos nossos antepassados. Eu lembro do meu pai falando da época em que "um fio do bigode de um homem valia mais que um papel escrito" ou até que "a palavra de um homem dispensava qualquer outra formalidade". Sinceramente, discordo veementemente do diagnóstico da continuidade da desonestidade desde os tempos de nossa colonização.
As opiniões sobre a mudança da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, por exemplo, reforça minha opinião. É comum ouvirmos as pessoas mais velhas dizerem: "Quando a capital era no Rio, os políticos não podiam fazer besteiras, porque estavam perto do povo de verdade. Agora, isolados lá em Brasília, onde todos são funcionários públicos, os políticos não encontram povo de verdade, e podem roubar e fazer tudo o que querem". Ora... então houve um "antes" para as roubalheiras dos políticos, até porque o povo tinha seus valores e cobrava a compatibilidade do comportamento dos mesmos com isto em que eles acreditavam. Onde está, então, a "desonestidade cultural dos brasileiros [...] desde a colonização"?
Impossível concordar com a tese de Sheherazade.
Depois, escrevo mais.
O Capítulo 2 se chama "A doença - Problemas do Brasil". Sheherazade identifica bem que "O Brasil não sofre de um único mal, mas de múltiplas mazelas que inviabilizam o presente e comprometem o futuro da nação". Ponto para ela. Mas há uma insistência naquela questão da nossa colonização, quando ela diz "Busquemos, nas raízes de nossa terra, a origem de nossos problemas".
Neste segundo capítulo, ela trata da violência, da impunidade, da legislação falha, da educação, da maioridade penal, da perseguição religiosa - a Cristofobia - e da crise de valores. Há uma boa análise das tais mazelas que nos afetam. Embora não dê para concordar com tudo o que está aí dito. Por exemplo, na parte "Crise de valores", Rachel escreve: "O Brasil vive uma crise de valores sem precedentes em áreas como família, educação, moral, cultural, justiça e política. Conceitos tidos como absolutos no mundo ocidental, e que serviram de alicerce para a construção e a consolidação da nossa sociedade, foram postos em xeque. [...] Tudo aquilo que, por séculos, foi tido como claro acabou envolto em uma nuvem de dubiedade, indefinição e incerteza. Vivemos os tempos do relativismo". Ora, aquilo que foi "claro" por séculos não é necessariamente um valor absoluto. Vejamos: uma mulher inteligente e letrada, dando suas opiniões em público, como é o caso da ilustre jornalista, já foi algo que claramente não pertencia aos valores vigentes na nossa tradição ocidental. Foi necessário criticar o valor instituído a fim de que as coisas melhorassem.
Não vou me estender aqui sobre este capítulo, pois ele merece uma análise mais específica, visto que são vários os pontos questionáveis.
No Capítulo 3, "O tratamento - A renovação do pensamento e a transformação individual e social", nos deparamos novamente com a questão da nossa má origem. Diz Sheherazade: "Como já vimos, a desonestidade cultural do brasileiro está na gênese do nosso povo, desde a colonização".
Vou parar um momento para perguntar: O Brasil realmente sempre foi o reino da desonestidade? Quem presenciou a Política do passado destaca a honradez de vários personagens que dela participaram. Minha geração viu a seriedade de muitos dos nossos antepassados. Eu lembro do meu pai falando da época em que "um fio do bigode de um homem valia mais que um papel escrito" ou até que "a palavra de um homem dispensava qualquer outra formalidade". Sinceramente, discordo veementemente do diagnóstico da continuidade da desonestidade desde os tempos de nossa colonização.
As opiniões sobre a mudança da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, por exemplo, reforça minha opinião. É comum ouvirmos as pessoas mais velhas dizerem: "Quando a capital era no Rio, os políticos não podiam fazer besteiras, porque estavam perto do povo de verdade. Agora, isolados lá em Brasília, onde todos são funcionários públicos, os políticos não encontram povo de verdade, e podem roubar e fazer tudo o que querem". Ora... então houve um "antes" para as roubalheiras dos políticos, até porque o povo tinha seus valores e cobrava a compatibilidade do comportamento dos mesmos com isto em que eles acreditavam. Onde está, então, a "desonestidade cultural dos brasileiros [...] desde a colonização"?
Impossível concordar com a tese de Sheherazade.
Depois, escrevo mais.
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