segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

"Em torno de Marx"

  Eu não sou marxista - nem "marxiano", como é mais "filosófico-politicamente correto" dizer. De qualquer forma, insisto em procurar uma alternativa econômica para o capitalismo, na sua modalidade atual, conhecida apropriadamente pelo nome de "selvagem". Não acho que seja fácil encontrar essa alternativa... e não imagino, inocentemente, que o marxismo seja uma resposta imediata a essa minha busca. Entretanto, penso que os questionamentos postos por Marx, em alguma medida, possam ajudar - como, na verdade, já ajudaram, em alguns pontos específicos - a aprofundar a reflexão sobre o que chamamos de capitalismo, em busca, pelo menos, de uma nova modalidade menos perversa dele.
  Pelos motivos apresentados acima, sempre procuro alguma leitura interessante sobre Marx - não exatamente sobre o "marxismo ortodoxo". Por esses dias, passeando por livrarias, encontrei o livro com o nome que dá título a este post - "Em torno de Marx" -, de autoria de um filósofo brasileiro - marxista - que me parece muito lúcido, Leandro Konder, publicado pela Editora Boitempo. Comprei o livro e, este sábado, no caderno "Prosa & Verso", do jornal O Globo, foi publicada uma entrevista com o autor.
  O livro, segundo informa o jornal, é uma "tentativa de releitura das ideias do pensador alemão por meio do diálogo com as obras de seis marxistas heterodoxos: Walter Benjamin, Theodor Adorno, Hebert Marcuse, Jean-Paul Sartre, György Lukács e Antonio Gramsci". Acho que só essa informação garantiria ao livro - em um país dado à leitura e ao pensamento crítico... e com possibilidades de acesso às publicações - um bom lugar ao Sol na lista dos mais vendidos.
  Gostei, especialmente, de duas passagens da entrevista de Konder, concedida a Miguel Conde.
  Na primeira delas, Konder diz: "O mais importante é reconhecer as dores e frustrações que nos atacam quando olhamos em volta para a situação do marxismo hoje. O marxismo oficial totalmente esfacelado, a falência do modelo leninista, e por outro lado a prática de um marxismo difuso, pouco rigoroso, nas áreas vizinhas".
  Pessoalmente, a mim não dói tanto quanto ao Leandro Konder, porque nunca fui marxista - nem ortodoxo-leninista, nem heterodoxo. Entretanto, essa percepção de que existe um "marxismo difuso, pouco rigoroso" é que, a mim, parece corresponder a soluções paliativas à sede com que o capitalismo submete as pessoas globalmente.
  A segunda passagem que achei interessante corresponde à resposta de Konder para a pergunta "Marx considerava necessário escapar à ideologia, à visão de mundo parcial ligada à classe social, para chegar a uma percepção verdadeira da sociedade. Como o senhor vê essa luta contra a ideologia? É possível saber quando, afinal, conseguimos de fato escapar à ilusão e chegar à verdade? Ou há sempre uma dúvida, a possibilidade de que continuemos equivocados?".
  Konder, embora de forma breve, responde filosoficamente, com muita propriedade: "Não acho que possamos estar certos de ter escapado à ideologia, mas é preciso conservar esse ímpeto de ir além da percepção unilateral dos problemas. Não devemos pensar o movimento teórico como uma superação definitiva da ideologia, é necessário perceber e respeitar a complexidade ilimitada da realidade. Mas, tendo isso em mente, é possível avançar na descoberta da verdade. O conceito de verdade é incômodo, amargo, mas inevitável. Sem ele, não há teoria do conhecimento que resista".
  Analisemos, superficial e rapidamente, a resposta.
  Primeiro, o reconhecimento de que não é fácil identificar seguramente se escapamos à ideologia. Aliás, eu diria até mais, se não escapamos de uma para, simplesmente, cair em outra. Isso, penso, é o que o homem mais faz: trocar de ideologias, imaginando estar livrando-se delas todas.
  Brilhantemente, penso, Konder faz a colocação de que, se não é "claro e distinto" - como diria Descartes... e até Spinoza - que possamos garantir nossa fuga das ideologias, pelo menos, "é preciso conservar esse ímpeto de ir além da percepção unilateral dos problemas" - essa é a grande qualidade de quem se põe a pensar o mundo! - e completa "é necessário perceber e respeitar a complexidade ilimitada da realidade". Afinal, qualquer explicação do mundo, por mais "completa" que seja, é sempre uma redução da complexidade da realidade deste mundo.
  Por último, gostaria de ressaltar que essa complexidade vai tão além de nossa compreensão que, por vezes, é necessário lidar com alguns paradoxos. E é o que reconhece Konder quando fala sobre a verdade - tema tão problemático da Filosofia. Ele diz: "O conceito de verdade é incômodo, amargo, mas inevitável. Sem ele, não há teoria do conhecimento que resista".
  Ou seja, por mais que a "verdade" só exista com "v" minúsculo, indicando que só se pode falar em "verdades relativas" - ao contrário do que quiseram mostrar vários grandes pensadores de outrora - há que se pensar, necessariamente, em "verdades" para filosofar.
  Mais um livro na minha "fila de leituras programadas".

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Com vírus...

  Há alguns anos, a "amiga dos amigos" Maria inoculou um vírus em mim. Acho que ela só queria me fazer de cobaia, certamente não era nenhuma maldade dela, que representa a gentileza em pessoa.
  De qualquer forma, com o passar dos anos, esse vírus foi se multiplicando, e hoje tornou-me um dependente do remédio que ele requer para "tranquilizar-se". O nome da afecção produzida pelo vírus é "ruivelosite". Quem contrai essa afecção - que não é doença, nem mal algum - torna-se dependente de doses "cavalares" de audições do cantor Rui Veloso, compatriota de nossa querida amiga.
   Cansado de permanecer utilizando apenas o "medicamento" original presenteado pela Maria e de arriscar algumas doses disponíveis no You Tube, acabei apelando à sorte e consegui a discografia completa do cantor Rui Veloso.
  Não há como descrever a experiência de acesso aos novos "remédios", principalmente a um chamado "O concerto acústico" - pérola preciosa! Além de me acompanhar nas caminhadas - no mp3 Player -, Rui Veloso insiste em andar no meu carro, cantarolando suas ótimas músicas.
  Só posso, então, agradecer à "pesquisadora" Maria e dizer-lhe que estou totalmente dominado pelo vírus que causa a "ruivelosite"... sem nenhuma preocupação com isso. Rsss.
  Brincadeiras à parte, há uma sequência do CD "O concerto acústico" que é fascinante: A gente não lê; Nunca me esqueci de ti; Bairro do Oriente; Saíu para a rua; Nativa... mas há ainda, Jura; Todo o tempo do mundo; Porto Covo... e, aí, aparece o segundo CD da caixa, com O prometido é devido; a dançante Lado Lunar; A paixão; Presépio de lata; Cavaleiro andante; Primeiro beijo e Porto Sentido.
  Simplesmente, demais! Pessoalmente, considero imbatíveis "A gente não lê"; "Nunca me esqueci de ti" e "Saíu para a rua".
  Mas, aproveitando os últimos posts dedicados ao "destino", lembrei-me de outra música de Rui Veloso que pode até criar alguma polêmica, mas que é muito bonita, principalmente cantada em dueto com ... (que me diga o nome a especialista, Dra. Maria), chamada "Canção do alterne".
  Nela, há o seguinte trecho:
  "Para de chorar e dizer que nunca mais vais ser feliz.    
   Não há ninguém a conspirar para fazer destinos negros de raiz.
   Para de chorar. Não ligues a quem diz que há nos astros o poder de marcar alguém só por prazer.
   Por isso, para de chorar; carrega no batom; abusa do verniz; põe o ponto nos 'is'.
   Nem Deus tem o dom de escolher quem vai ser feliz".

   Em relação aos posts anteriores, aparece a clara alusão à astrologia com o "[não] há nos astros o poder de marcar alguém".
   Mas, certamente, a frase mais forte é "Nem Deus tem o poder de escolher quem vai ser feliz"... e eu deixo a polêmica para o Rui Veloso.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Ainda o destino...

  A revista Veja, desta semana, apresenta como matéria de capa "Guerra nas estrelas", indicando que está acontecendo um movimento no qual "a astronomia demole as crenças astrológicas".
  Quando se vai ao artigo, lê-se que "duas semanas atrás... O astrônomo americano Parke Kunkle... veio a público afirmar que está errada a interpretação dos movimentos celestes usada pela astrologia para determinar os signos de acordo com a data de nascimento das pessoas". O texto mostra a afirmação de Kunkle de que "É errado quando um astrólogo diz que o Sol estava em Aquário em 21 de janeiro de 2011. Ele estava, na verdade, em Capricórnio".
  Embora, para os crentes em astrologia, a afirmação seja problemática, ela está longe de ser uma novidade. Já, antes de Kunkle, muitos afirmaram que as configurações do céu que vemos atualmente estão muito longe daquelas que os primeiros estudiosos da relação dos céus com a vida humana observaram e mapearam. Apesar disso, o que mais vemos são pessoas consultando diariamente seus horóscopos nos jornais, acreditanto que poderão, a partir disso, ter algum conhecimento dos acontecimentos futuros.
  Apesar de achar que a matéria esteja muito boa, na verdade, ela só serve de ponte para algo interessante que li sobre Paul Feyerabend, em "Explicando a Filosofia com Arte", de Charles Feitosa, publicado pela Ediouro.
  "Em 1975, foi publicado nos Estados Unidos um manifesto contra a astrologia, assinado por 186 renomados cientistas, entre físicos, matemáticos, químicos, além de dezoito ganhadores do prêmio Nobel" - lista gabaritada, hein, pessoal!
  Pois bem, o fato é que o "problematizante" filósofo austríaco Paul Feyerabend apontou o "caráter autoritário da declaração pública dos cientistas ao mostrar que ela não se baseia em argumentos ou no conhecimento detalhado da matéria por parte dos signatários, mas sim por um profundo preconceito e arrogância". Segundo consta, "muitos deles confessaram em entrevistas à rede BBC de Londres nunca terem estudado astrologia". E segue um elogio àquele período que constumamos chamar de "Idade das Trevas": "Até os teólogos católicos medievais procediam de forma mais cuidadosa na investigação das heresias, pois segundo o filósofo austríaco: 'conheciam a matéria, conheciam os adversários, expunham corretamente suas doutrinas e argumentavam contra elas utilizando todas as informações de que dispunham na época'". É certo que, se os argumentos lógicos não funcionassem tão bem, havia sempre os castigos físicos e a fogueira para convencer os hereges a desistirem de suas teses.
  Destaque-se o fato - o que o texto em questão faz - de que o objetivo do compatriota de Wittgenstein "não era defender a astrologia, mas denunciar tanto a prepotência de certos setores da ciência moderna, como a crença ingênua da sociedade na sua imparcialidade".
  Eu lembro logo de Heidegger - e outros - denunciando as "verdades" da "técnica"!

 

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

"O futuro existe agora mesmo"

  A edição de janeiro de 2011 da revista Super Interessante traz, como matéria de capa, o artigo "Destino existe?".
  Há, na verdade, quatro artigos tentando responder à questão que aparece na capa. O segundo deles, chamado "O destino está em Einstein", lida com o tema de um modo que parece, em alguma medida, aproximar-se do "determinismo spinozano". Aliás, o "determinismo" é um dos temas mais complexos - e mais centrais -de Spinoza e, como já foi mostrado em outros posts do blog, Einstein admirava e concordava, pelo menos intuitivamente, com o filósofo luso-holandês.
  É importante lembrar que o determinismo tem relação direta com um tema que apareceu, há pouco tempo, aqui no blog: o livre arbítrio humano.
  Vamos a trechos do artigo em questão, escrito por Alexandre Versignassi, basicamente apresentando uma experiência mental sugerida pelo físico Brian Greene, da Universidade de Columbia.
  "Imagine tudo o que está acontecendo agora... Você acaba de piscar o olho. Uma moeda afunda na Fontana di Trevi, em Roma... Agora vou pedir que um leitor de uma galáxia muito, muito distante faça o mesmo exercício. Na ideia de agora que ele faz do Cosmos vai estar você piscando o olho, a moeda e tudo o mais? Vai.
  Mas aí, o leitor da outra galáxia... se levanta [e vai à cozinha]. Agora que ele está na cozinha, peço que ele faça outro retrato mental do Universo. Neste momento muda tudo. Na nova imagem dele, feita só dez segundos depois, a Terra estará no ano 2100. Isso acontece porque a forma como os indivíduos percebem a passagem do tempo muda conforme eles se movimentam. Foi o que Einstein descobriu... Sob as velocidades do dia a dia [como, inclusive, foi aquela do ET indo até a cozinha], o efeito temporal é minúsculo... Só que a história muda quando entram distâncias muito grandes na jogada... distâncias intergaláticas, de bilhões de anos-luz, amplificam o efeito da velocidade. [...] as coisas que o personagem imagina como reais no presente dele poderiam incluir fatos que para nós ainda não foram resolvidos - como quem será o presidente da República em 2100. Naquilo que para ele é um passado remoto estaria o dia e a causa exata da sua [do leitor terráqueo] morte. E você não tem como mudar isso. Em outras palavras: seu destino está decidido. Por isso Einstein disse que a diferença entre passado, presente e futuro é ilusória. Na prática, tudo o que ainda vai acontecer já aconteceu".
  Intrigante o texto, não é?
  É certo que, para fazer justiça ao desenvolvimento da questão, a frase do título do post - que está no subtítulo do artigo da revista -, o "agora" em que o futuro existe simultaneamente ao presente não é o do próprio observador. Além disso, de certo modo, sempre há, pelo menos como a questão é resolvida no texto, um "decorrer" de tempo entre presente e futuro... o que, em Spinoza, acontece de modo diferente.
  E, para apimentar a questão do livre arbítrio, o texto registra: "a ciência ainda não criou uma forma de conciliar livre arbítrio com Einstein". É bem verdade que essa não é uma limitação "da ciência", já que existem teorias adversárias àquela de Einstein. O que me parece correto indicar é que a teoria de Einstein, que é, sob determinados limites, válida, não permite essa conciliação, dando espaço a que se demonstre a inexistência do livre arbítrio.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Sejam bem vindos

  Só passo por aqui, hoje, para registrar minha alegria por receber dois novos "amigos dos amigos", o Jorge Bichuetti e a Maria Alice. Somos, então, cinquenta e um, agora.
  Sejam bem vindos, sentindo-se a vontade não só para ler, mas também para escrever neste nosso blog.
  Agradeço a ambos os comentários já feitos. No caso da Maria Alice, especificamente, ao elogio feito ao blog e, no caso do Dr. Jorge, pelas felicidades registradas no "especial" dia 20 de janeiro e pelo desejo dos "bons encontros"... que estendo a ele, também.
  Dr. Jorge Bichuetti, prometo retribuir-lhe, em breve, à visita, conhecendo seu blog.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Comemorações de hoje

  - Dia de São Sebastião... portanto, feriado na cidade do Rio de Janeiro... e eu, tranquilamente, em casa;
  - Vinte e dois anos de formado... já é uma vida; e
  - Setenta e cinco anos da "mamãe"... essa é a comemoração mais importante.

E por falar em holandês...

  Ontem, fui ao Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio, assistir à exposição de M.C. Escher. Fantástica experiência! A exposição é gratuita e exibe, além das famosas gravuras deste holandês - como o nosso querido Spinoza -, esboços e estudos seus. Ainda se pode assistir à dois filmes. Um, sobre a vida e a criação de Escher. Outro, em 3D. Há também vários painéis construídos com detalhes específicos de suas obras, bem como instalações com efeitos ópticos interessantes.
  Para quem estiver com um tempo livre, vale a pena ir conferir!

Queda d'água

Outro mundo

Dia e noite
  

Livre-arbítrio vs. Free will

  É certo que conhecemos vários termos filosóficos cuja tradução não consegue expressar a força do conceito do idioma original. Normalmente, isso acontece muito com termos em grego. Ficamos tendo que "cercar" uma palavra apenas, na língua-mãe, com uma série de termos, a fim de criar um conceito ao menos proximamente equivalente.
  Há, entretanto, uma expressão muito comum em Português que me parece, acidentalmente pelo menos, não ter a mesma força que tem em outras línguas - e eu pego logo o Inglês como comparação -, que é "livre-arbítrio". É bem verdade que em Francês ocorre o mesmo, com "libre arbitre"... ao contrário do alemão, que mantém o conceito bem próximo ao expresso em inglês, com o seu "willenfreiheit".
  "Vontade livre" parece ser a expressão que melhor indicaria o que se pretende efetivamente conceituar. Aliás, as sempre boas traduções das Edições 70, no livro "Mente, cérebro e ciência", de John Searle, utilizam a expressão "liberdade da vontade".
  A ideia que "vontade livre" passa é muito mais ampla do que "livre arbítrio". Basta uma simples comparação para se perceber esse fato. Imaginemos que chegamos a uma loja de roupas e, vendo uma T-shirt interessante, pedimos à vendedora uma de cor roxa com bolinhas prateadas. A moça explica que só há camisas daquela em tecidos lisos e, mesmo assim, só em cores mais neutras, como bege, branca e preta. Podemos arbitrar livremente entre as cores dadas, escolhendo, por exemplo, o bege... mas, podemos continuar, ainda assim, com a nossa vontade livre, querendo o roxo com bolinhas prateadas. Ou seja,  o alcance da "vontade livre" ("free will) se mostra maior que o da simples escolha livre/livre arbítrio ("libre arbitre").
  Se esse post parece um pouco estranho, por só analisar expressões, em vez de fazer reflexões filosóficas, é porque estou debruçado justamente sobre o tema "liberdade em Spinoza". E a primeira coisa que salta aos olhos é que o luso-holandês consegue defender a possibilidade de uma liberdade sem livre arbítrio. Isso choca muito àqueles que se encontram pela primeira vez com este filósofo. Penso, portanto, que a primeira coisa a fazer é trabalhar sobre o conceito de "liberdade", evitando confundi-lo com o de "livre arbítrio".
  Em breve, colocarei mais posts sobre o assunto.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

As quotas na Uerj

  Já estava com saudades de postar algo no blog. Como tirei umas mini-férias e depois sofri uma ausência de conectividade domiciliar, fiquei um pouco longe da net. De volta ao trabalho, consegui, no máximo, responder um ou outro e-mail.
  Em função da ausência, acho que dá para dizer "Feliz Ano Novo" - um pouco atrasado... mas ainda estamos, afinal, na primeira semana do novo ano.
  Após os desejos de um ótimo 2011 aos amigos dos amigos, comecemos a "trabalhar" no blog.
  A primeira boa notícia que tive no ano foi obtida em uma entrevista com o reitor da Uerj, Ricardo Vieralves. O Magnífico Reitor antecipou uma pesquisa, que será publicada em breve, onde se avalia a evolução acadêmica daqueles que entraram na Universidade Estadual do Rio de Janeiro pelo Sistema de Quotas.
  Antes de falar efetivamente sobre os dados, gostaria, como sempre faço quando falo sobre esse assunto, de indicar que sou absolutamente contra "quotas raciais". Imagino, sim, que deva haver "quotas sociais", que se baseiem nas circunstâncias sócio-econômicas que envolvem o estudante que postula uma vaga universitária. Neste caso, penso, devem ser aumentadas - ainda que, momentaneamente, de forma artificial - as chances de ingresso para pessoas, por exemplo, que sempre frequentaram escolas públicas e que possuam renda abaixo de um determinado patamar. Mesmo assim, imagino que essa deva ser uma política temporária... da mesma forma que penso sobre os "Bolsas Família" da vida.
  Mas, voltando à pesquisa.
  O reitor Ricardo Vieiralves mostrou que se, realmente, os primeiros períodos dos quotistas, de um modo geral, são piores que os daqueles que ingressaram sem a política de quotas - embora haja exceções em alguns cursos -, nos períodos intermediários, as coisas vão se igualando e, mais próximo ao fim do curso, há vários quotistas que superam os não-quotistas.
  Antecipou-nos, então, o reitor que a política de quotas, se bem administrada - e, isso, a Reitoria da Uerj faz bem, oferecendo outros incentivos, como auxílio-transporte, por exemplo -, pode gerar bons frutos. Mais do que isso, comprova-se que o desnível inicial, com aplicação e dedicação de um aluno bem apoiado, consegue ser superado, dando possibilidade de formação de um bom profissional.
  Fiquei realmente muito feliz!