quinta-feira, 30 de abril de 2015

Período sabático


   Este ano de 2015 não será dedicado à nenhuma atividade acadêmica... e ponto. Portanto, será um período sabático... sob a perspectiva acadêmica. 
   As leituras vão se intensificar. Aliás, só agora em abril já foram três livros... e iniciei o quarto.
   Obviamente, depois virão os comentários sobre os mesmos. 

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Bombardeio dobrado...


   Que nossa presidente tem sofrido duros ataques, todos sabem. Mas acho que nem ela esperava tanto "fogo amigo". Primeiro, o prefeito Fernando Haddad entrou na Justiça para obrigar o governo da Dilma a cumprir a lei que muda a correção das dívidas, reduzindo os pagamentos que São Paulo faz à União. Aliás, em defesa da presidente da República, saiu a senadora Marta Suplicy, que se disse surpresa e criticou o prefeito petista. Ok... bastante compreensível a posição da senadora. Mas... eis que depois, a própria Marta deu uma entrevista à revista Veja - o que, por si só, já é um ato antipetista. Rsss -, criticando o PT. 
   Caramba... agora ficou complicado, hein, Dilminha!

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Ciconia


   Ciconia é o nome latino da nossa "cegonha". Mas, aqui, não se trata do pássaro, e sim de um vinho.
   Provei o Ciconia hoje. Trata-se de um alentejano produzido com as castas Touriga Nacional, Syrah e Argonez, em 2013. O vinho tem 13,5% de teor alcoólico e é mais complexo do que aqueles alentejanos frutados mais jovens. Talvez, também pela presença da Syrah.
   O Ciconia ganhou o primeiro lugar no Portugal Wine Trophy.
   O preço? Meros R$ 40. Vale a pena conferir.

FHC e a maconha


   Por falar em Fernando Henrique Cardoso, o ex-presidente, ontem, participou de um debate sobre a regulamentação de substâncias entorpecentes. Apesar de ser um líder conservador, FHC afirmou que é favorável à legalização da maconha e disse que a política de guerra às drogas é equivocada.
   O ex-presidente narrou a conversa com uma senhora, moradora de uma favela, e que ela teria dito: "Tenho um filho que entrou para o crime, e o outro não. Quando a polícia chega, bate nos dois e em mim também". Mesmo que descontemos um possível excesso da senhora, sabemos que - até por conta do estresse dos policiais, quando entram no ambiente hostil das favelas - há uma postura,  no mínimo, pouco inteligente no trato com os moradores destas regiões.
   Dartiu Xavier da Silveira, professor de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo, afirmou o seguinte: "Identificamos o inimigo errado. A cada cem pessoas que usam maconha, apenas nove se tornam dependentes. O problema não é a substância em si".
   Fernando Henrique endossou as palavras do professor, dizendo: "Temos combatido fantasmas. Matam-se traficantes, mas não se acaba com o tráfico. [...] Para reduzir o consumo, tem que atacar a demanda, como foi com o tabaco".

Prejuízo da Petrobras (2)


   O levantamento da Petrobras concluiu também que o período de atuação do esquema de pagamentos indevidos se estendeu desde 2004 até 2012.
   Chamou atenção o fato de que, apesar de todo o blá-blá-blá do PT, a "maracutaia" - enquanto esquema organizado, pelo menos - ficou circunscrita aos governos petistas, livrando FHC desta mazela. 

Prejuízo da Petrobras


   Não sou especialista em Contabilidade. Ao afirmar isso, deixo claro que não sou a melhor pessoa para criticar o Balanço divulgado ontem pela nossa grande empresa de petróleo. 
   Contudo, mesmo admitindo minha ignorância na matéria, achei muito primária a forma de cálculo que permitiu aos auditores avaliar em R$ 6,2 bilhões as perdas da empresa com "corrupção". 
   Vejamos como foi feito o cálculo. Identificaram-se os contratos que envolviam as empresas citadas na Operação Lava Jato. Somaram-se os valores destes contratos, chegando-se a R$ 199,6 bilhões. Aplicou-se o percentual de 3% - que corresponde ao que foi informado pelos delatores, na supracitada investigação, como sendo a propina paga para distribuição entre os partidos políticos. E, pronto, o número "mágico" de R$ 6,2 bilhões apareceu.
    Ora, os valores destinados às próprias empresas não foram levantados? E aqueles roubados pelos funcionários da própria Petrobras? 
   Eu sei que os valores de perdas devem ser bastante "conservadores" no Balanço, mas acho que os auditores pecaram por excesso nesse conservadorismo. Se procurassem a fundo, acho que descobririam algo umas três vezes maior... basta pensar nos "famosos" 10% de "taxa de facilitação" usuais.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Três amigos, três mulheres e duas paixões


   Vou contar uma estorinha. Era uma vez, três amigos que gostavam de três mulheres.
   O primeiro gostava muito da Dilma, a presidente da República. Talvez não seja exatamente da Dilma que ele goste, mas de tudo o que ela pretensamente representa, ou melhor, o que ela representa para ele: alguém que defende uma melhor distribuição de renda dentro da sociedade e uma valorização do modo "social" de fazer Política.
   O segundo gostava da Suzy - vale qualquer nome -, que tinha relações de trabalho com esse meu amigo. Da mesma forma, talvez ele goste mais do que ela representa para ele, do que aquilo que ela realmente é.
   O terceiro amigo gostava da Barbie - também vale qualquer nome -, que, de forma idêntica, tinha fundamentalmente relações de trabalho com ele.
   O que aconteceu com estes amigos?
   O primeiro viu sua "musa" ser criticada por um montão de gente. Ele conseguiu separar o que vê - tanto as críticas, quanto as atitudes dela - daquilo que não vê - as intenções de sua digníssima amada. Preferiu identificar-se com o que não vê, crendo que os motivos de seu "amor" continuam pertinentes. Algumas vezes, dá ares de que não está completamente confortável com sua escolha, mas aparentemente não está tão angustiado assim.
   O segundo passou por uma situação que o decepcionou. Determinada atitude da sua amada não se coadunou com suas expectativas. Aquilo que ele viu - a ação propriamente dita - não se encaixou com o que ele não viu - as motivações da moça. Angustiado, ele ficou tentando justificar as ações a partir do caráter que ele acreditava que a Suzy tinha. Como o tal caráter não poderia servir de motivação para o tal ato, sua imaginação fica dando voltas em busca de um motivo "nobre", que não destrua de vez a bondade atribuída a ela.
    O terceiro é um amigo mais pragmático. Alguns dizem "racional" demais. Ele também passou por uma situação que exibiu certo descompasso entre o que ele considerava ser "a Barbie" e uma atitude tomada por sua amada. Ficou com o que viu. Sem falsas esperanças sobre a "continuidade" de um possível caráter ideal, diante de um ato "vil", simplesmente deu de ombros à sua ficção, permanecendo com a realidade concreta.
   Dá para entender, pelo que já foi dito, a parte do título do post referente aos "três amigos" e às "três mulheres"... mas e as "duas paixões"? Bem... explico.
   Aqui, "paixões" não está no sentido usual de "sentimento arrebatador", mas no sentido spinozano do termo, ou seja, de algo que nos submete, que nos torna passivos, diante de sua força.
   Neste sentido, tanto meu primeiro quanto meu segundo amigos estão submetidos afetivamente à imagem de algo que não é real, que idealizaram, e não podem encarar a distinção entre essa figura construída e aquela que efetivamente está diante de suas vistas. Reagem, como conseguem, de uma forma melhor ou pior. O primeiro se angustia menos que o segundo, mas não se pode dizer que está completamente bem.
   E o terceiro amigo? Este não tem uma paixão, ele é ativo - spinozanamente falando. A ficção não está acima da realidade, e muito menos acima dele próprio. Ele "comanda as ações", digamos assim, ainda que não tenha poder direto sobre os eventos que envolveram sua "amada". Avaliada a situação, compreendido o acontecido, ele não se submeteu à sua imaginação, e se afastou de qualquer dependência da figura ideal da amada, protagonizando, dali em diante, a história de sua vida. 
   Agora, sim... três amigos, três mulheres e DUAS paixões.

Scivias


   Obviamente o título do post se refere ao livro Scito vias Domini (Conhece os caminhos do Senhor), de Hildegarda de Bingen.
   A novidade que trago é que o texto foi traduzido para o Português e publicado pela Editora Paulus, agora em 2015.
   O livro conta com um Prefácio escrito pela professora de História Caroline Walker Bynum, da Universidade de Columbia. Esta parte do livro está disponível no link:  http://www.paulus.com.br/loja/appendix/3899.pdf
   Vale a pena dar uma lida.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Manifestações do último final de semana


   Vocês perceberam que o nome de Lula começou a aparecer nas manifestações contra o PT e a Dilma? Mas, ao contrário de antes, não é mais como "salvador da pátria", mas como alvo de denúncias, também.
   A última pesquisa do Datafolha - aquela que indicou que 63% apoiavam o impeachment - tinha um item tratando do Lula. Vejam só:

Em quem votaria para presidente caso houvesse novas eleições?
- Aécio (PSDB): 33%
- Lula (PT): 29%
- Marina Silva (PSB): 13%
- Joaquim Barbosa: 13%
- Outra resposta: 9%
- Não sabe: 3%

   Xiiiiii!

O "desenforcamento" de Tiradentes


   No próximo dia 21 de abril, ocorrerá no Salão Histórico do Primeiro Tribunal de Júri, o antigo Palácio da Justiça, o julgamento do senhor Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. 
   Para quem achou que estou ficando maluco, e lembrou que este julgamento já ocorreu em 18 de abril de 1792, ficará surpreso em saber que será encenado, no local mencionado anteriormente, um novo procedimento legal, a fim de que seja dada outra sentença - desta vez, obviamente, absolvendo o alferes.
   Diz a senhora Sílvia Monte, diretora do Centro Cultural do Tribunal de Justiça: "Convidamos o público para repensar, reatualizar, refletir como o Brasil era e como é atualmente, inclusive com procedimentos mais democráticos. Nada melhor para gerar esse tipo de pensamento do que o teatro".
   Interessante, não é?
   

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Filosofia Política


   O livro Modelos de Filosofia Política apresenta, como eu disse em outro post, na sua parte inicial, algumas boas definições.
   Vejamos algumas ideias que aparecem:
   A Filosofia Política "ocupa-se das interações sociais entre os seres humanos na medida em que essas se configuram como relações de poder".
   O poder, numa primeira aproximação, é a "capacidade que alguém tem de controlar [...] o comportamento de outras pessoas".
   "Quase nenhuma relação social é isenta dele [de poder]. Talvez haja relações de poder mesmo na amizade e no amor". Bem foucaultiano isso, não é?
   "A tradição mais canônica da filosofia política se tem ocupado das formas de poder institucionalizadas, [...] [o] poder estatal".
   Segundo Max Weber (1864-1920), "O estado é [...] uma relação de domínio de homens sobre homens baseado sobre o meio da força legítima (isto é, considerada legítima)".
   "A filosofia política tem, num certo sentido, duas faces: de um lado [...], a filosofia política se ocupa do poder, do conflito pelo poder, da sua conquista e da sua manutenção [...]; do outro lado [...], a filosofia política se põe a pergunta de qual seja o ótimo ou o justo ordenamento político".
  Depois eu conto mais...

a falta de ética do futebol brasileiro


   Volto a insistir que os maiores responsáveis por grande parte dos problemas do futebol brasileiro são os jogadores, que são muito "pilantras".
   Os erros dos árbitros são um grande problema, mas a maioria desses enganos tem a ver com a safadeza dos nossos jogadores.
   Vejamos o que aconteceu na primeira rodada do semifinal: no jogo Botafogo vs. Fluminense, o jogador alvinegro saltou com as duas mãos para o alto e interceptou, dentro da área, um cruzamento do tricolor. Pênalti claríssimo. O juiz marcou. O que aconteceu? Um bando de jogadores do Botafogo partiu para cima do árbitro, como se ele tivesse incorrido no pior erro de toda a História do Futebol Mundial. Quase bateram no sujeito. 
    Aí, veio o Flamengo vs. Vasco. O rubro-negro Jonas dá uma pezada digna de MMA no jogador vascaíno Gilberto. Lance para expulsão direta. O que aconteceu? Um mísero cartão amarelo. Os jogadores do Vasco, obviamente, ficaram indignados. Mas vejamos o que o capitão do Fla disse ao final do jogo: "O que se fez hoje foi uma molecagem. Não estou falando que teve favorecimento, mas ele tem que ser imparcial. Falta que deu lá, ele tem que dar cá". Ou seja, depois de claramente beneficiado, o jogador Wallace acha que o juiz não foi imparcial. Eu até diria que não foi mesmo... ele foi parcial a favor do Fla. Mas certamente essa não foi a reclamação do "capita".
    Se a pilantragem entre os jogadores não acabar, como é que se pode esperar alguma solução para os erros do futebol brasileiro? Enquanto quisermos ser os "espertalhões" do mundo, continuaremos tomando de sete dos outros.
    

"Modelos de Filosofia Política"


   O título do post também é o mesmo do de um livro. O autor é Stefano Petrucciani. A publicação é da Editora Paulus, em 2014.
 Stefano Petrucciani é professor de Filosofia Política na Universidade La Sapienza, em Roma, e já escreveu outros livros.
   Existem diversos bons manuais de Filosofia Política no Brasil - certamente, até bem mais completos do que este do qual trato. Contudo, gostei da divisão nele estabelecida.
   Há uma Primeira Parte que trata dos "Territórios e perguntas da Filosofia Política", contendo perto de vinte páginas apenas, com definições importantes sobre esta área da Filosofia. A Segunda Parte é mais teórico-histórica, passando pelas diversas perspectivas da Filosofia Política ao longo da História - "A ordem da polis", "A cidade do homem e a cidade de Deus", "O paradigma do contrato", são alguns dos capítulos desta parte. Por último, na Terceira Parte, temos alguns conceitos, teorias e questões da Filosofia Política.
   Um manual conciso, mas com texto bastante interessante. Depois farei alguns comentários mais detalhados.

"O que os filósofos pensam"


   O título do post é o mesmo de um dos livros de Julian Baggini - ou, pelo menos, dele com Jeremy Stangroom como editores -, publicado aqui no Brasil pela Editora Ideias & Letras, em 2005.
   O livro apresenta uma série de "entrevistas" - com filósofos, mas também com não filósofos, pelo menos, stricto sensu -, nas quais temas filosóficos são discutidos por "especialistas". É assim, por exemplo, que há um capítulo chamado "Justiça e conflito", referido a Stuart Hampshire; outro, "A importância da arte", a Roger Scruton; outro ainda, "Livre-arbítrio", a Ted Honderich; também, "Realismo", a John Searle... e por aí vai.
  No lugar de capítulos efetivamente escritos por especialistas em diversas áreas, o que há é uma espécie de entrevista. O "espécie de entrevista" refere-se à utilização de um padrão um pouco diferente do perguntas e respostas. Há um "pano de fundo" contextualizando as entrevistas, o que favorece o entendimento dos temas comentados, aliado às perguntas e respostas.
   As entrevistas foram publicadas, no seu formato original, na The Philosopher's Magazine, entre 1998 e 2002, mas sofreram ajustes para serem incluídas neste livro.
   Bastante interessante é o fato citado na Introdução, que diz: "Se quisermos conhecer o que os filósofos pensam, poderíamos supor que o melhor a fazer seria ler alguns livros deles. Todavia, há uma razão muito boa para que esta coleção de entrevistas possa estar mais bem equipada para satisfazer nossa curiosidade. Em poucas palavras, em seus livros publicados, os filósofos não tendem a contar-nos exatamente o que eles pensam a respeito de uma série de questões. Em geral, eles apenas nos contam que possuem argumentos originais e persuasivos para crer a respeito de uma série geralmente limitada de tópicos".
   Parece que esta visão, em certa medida, repete a ideia socrática - segundo a narrativa platônica - de que a discussão viva é que efetivamente permite o filosofar. O registro escrito já trata de soluções dadas - pelo menos, pretensamente -, deixando de ser um exercício dialético ou dialógico, para ser uma peça no Museu do Pensamento. Além disso, por uma questão de "segurança", os pensadores só registram em seus livros aquilo que pensam ser passível de plena justificação, embora em seus pensamentos possam dispor de um campo de considerações bem mais expressivo do que aquilo que é registrado.
   Interessante, não? Entrou, novamente, na minha lista de leituras. 

quarta-feira, 8 de abril de 2015

John Mayer


   Quem quiser assistir a um "voz-e-violão" do John Mayer, vale a pena acessar https://www.youtube.com/watch?v=T1ukeZ5CuUg
      Nas notas é informado o seguinte:
"Private show for Wells Fargo employees. 
A real gem in terms of quality and performance intimacy. Thanks to TSlick7 (AM.org) for the source and Justin Kacz for sending this my way to share."

   Esses funcionários da Wells Fargo são uns sortudos, hein!

Menti...


   Nem era 1º de abril, e eu menti.
   Na verdade, quando eu disse que não conhecia o filósofo Julian Baggini, estava apenas "desmemoriado". Afinal, eu mesmo tenho mais de um livro dele. Aí vai a lista: O porco filósofoVocê pensa o que acha que pensa? e O que os filósofos pensam.
   Desses três, só li por inteiro o primeiro. Os outros dois, explorei aqui e acolá, mas não me aprofundei. Como era um livro de divulgação de Filosofia, não me recordava dele, embora tenha sido uma leitura interessante à época.