segunda-feira, 13 de abril de 2015

"O que os filósofos pensam"


   O título do post é o mesmo de um dos livros de Julian Baggini - ou, pelo menos, dele com Jeremy Stangroom como editores -, publicado aqui no Brasil pela Editora Ideias & Letras, em 2005.
   O livro apresenta uma série de "entrevistas" - com filósofos, mas também com não filósofos, pelo menos, stricto sensu -, nas quais temas filosóficos são discutidos por "especialistas". É assim, por exemplo, que há um capítulo chamado "Justiça e conflito", referido a Stuart Hampshire; outro, "A importância da arte", a Roger Scruton; outro ainda, "Livre-arbítrio", a Ted Honderich; também, "Realismo", a John Searle... e por aí vai.
  No lugar de capítulos efetivamente escritos por especialistas em diversas áreas, o que há é uma espécie de entrevista. O "espécie de entrevista" refere-se à utilização de um padrão um pouco diferente do perguntas e respostas. Há um "pano de fundo" contextualizando as entrevistas, o que favorece o entendimento dos temas comentados, aliado às perguntas e respostas.
   As entrevistas foram publicadas, no seu formato original, na The Philosopher's Magazine, entre 1998 e 2002, mas sofreram ajustes para serem incluídas neste livro.
   Bastante interessante é o fato citado na Introdução, que diz: "Se quisermos conhecer o que os filósofos pensam, poderíamos supor que o melhor a fazer seria ler alguns livros deles. Todavia, há uma razão muito boa para que esta coleção de entrevistas possa estar mais bem equipada para satisfazer nossa curiosidade. Em poucas palavras, em seus livros publicados, os filósofos não tendem a contar-nos exatamente o que eles pensam a respeito de uma série de questões. Em geral, eles apenas nos contam que possuem argumentos originais e persuasivos para crer a respeito de uma série geralmente limitada de tópicos".
   Parece que esta visão, em certa medida, repete a ideia socrática - segundo a narrativa platônica - de que a discussão viva é que efetivamente permite o filosofar. O registro escrito já trata de soluções dadas - pelo menos, pretensamente -, deixando de ser um exercício dialético ou dialógico, para ser uma peça no Museu do Pensamento. Além disso, por uma questão de "segurança", os pensadores só registram em seus livros aquilo que pensam ser passível de plena justificação, embora em seus pensamentos possam dispor de um campo de considerações bem mais expressivo do que aquilo que é registrado.
   Interessante, não? Entrou, novamente, na minha lista de leituras. 

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