quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Notas Filosóficas de agosto

   Ontem, pude participar de mais um Notas Filosóficas... ainda bem!
   Tivemos, como sempre, a competência do Silvério desenvolvendo o tema proposto, além da ótima música de Lulu Santos. Quanto a esse último ponto, mal acostumado que estou com a música ao vivo, senti a exibição apenas de vídeos.
   Como ponto negativo, apenas, um grande contratempo com nossa amiga Faiga, que foi resolvido a contento, graças à sua competência.
   Desta vez, Silvério foi muito corajoso, arriscando-se em apresentar Hegel para nós. Já não seria fácil fazê-lo num curso formal, menos ainda numa só palestra, menos ainda para não especialistas, em uma apresentação com o "formato" do Notas Filosóficos, que é extremamente leve.
   Apesar de todas essas dificuldades, Silvério escolheu uma "ancoragem" - a dialética hegeliana - e seguiu sua exposição... junto com Lulu. 
   Desta vez, como seria de se esperar, não tivemos um tempo final para as perguntas e comentários. De minha parte, já encerrado o evento, eu disse que gostaria de lembrar a ideia de que Hegel reconhecia que todo filósofo tem duas filosofias, primeiro a de Spinoza, e só depois a sua própria. 
   Queria, então, registrar meus parabéns para a execução do plano ousado do nosso professor, principalmente por perceber o quanto ele "suou" para transmitir algumas das ideias hegelianas.
   A próxima - que manterei em segredo, por questões de respeito aos nossos queridos organizadores -, será mais fácil, com certeza.

PS. Nosso amigo Bruno de Oliveira chamou minha atenção para um possível "escorregão" em relação à informação de que Hegel teria dito que "todo filósofo tem duas filosofias, primeiro a de Spinoza, e só depois a sua própria". 
   Realmente, do jeito que ficou, a afirmação está com a cara de uma frase de Henri Bergson - "Todos os filósofos têm duas filosofias: a sua e a de Spinoza". A sentença hegeliana, a bem da verdade, é a seguinte: "Ser um seguidor de Spinoza é o começo de toda filosofia".
    Correção feita, e agradecimentos registrados ao nosso querido amigo Bruno. Valeu!

A arbitragem no futebol

   Meu compadre diz que esse blog não é um espaço de futebol... mas acho que ele não tem razão. Afinal, a concepção inicial - e penso que continua assim - era a de que nossos amigos pudessem lançar aqui quaisquer questões que os "incomodassem". É bem verdade que o assunto "futebol" normalmente não aparecerá como um mero tratar do resultado de um jogo, mas reflexões sobre o esporte, de maneira geral, ou até de itens específicos do mesmo, não são rejeitadas, de forma alguma.
   Então, é com esse espírito que escrevo hoje: refletir sobre as arbitragens no Campeonato Brasileiro (de futebol).
   Dois são os motivos básicos dessa reflexão: (1) dois jogos a que assisti, há duas semanas - Cruzeiro vs. Fluminense e Palmeiras vs. Flamengo -, e (2) duas colunas do Fernando Calazans, em O Globo.
   Os dois jogos me chamaram atenção pela "violência" em campo. Entretanto, quando os jogadores/gladiadores pararam para dar entrevistas, antes de descer para os vestiários no intervalo, todos fizeram questão de minimizar as "pancadas", dizendo que "Eram coisas do jogo". Se para eles está tudo bem, para mim, que estou só me divertindo, bebendo minha cervejinha em casa, também. Mas, como alguém que já curte futebol há anos, que já viu muitas "feras" - não no sentido de que atacavam os outros, como hoje -, que "comiam a bola", me dá um certo desânimo ver aos jogos "pegados" - como se diz hoje em dia.
   Ah... só um lembrete: os técnicos de Cruzeiro e Palmeiras são, respectivamente, Celso Roth e Felipão. Quem é do mundo futebolístico conhece a fama deles, quanto a mandar "dar um cascudo" nos adversários.
   Continuemos com a outra motivação deste post: a coluna de jornal.
   Fernando Calazans já tinha escrito uma matéria, logo após os jogos em questão, reproduzindo minhas impressões sobre a violência nos dois jogos. Pensei: "Ufa, não sou tão analfabeto em futebol... Embora não tenha a sapiência do meu querido compadre Mundy!". Calazans, então, comentava que a violência estava atrapalhando o nosso futebol, e que isso precisava ser observado por aqueles que cuidam - ou deveriam cuidar - desse nosso esporte.
   Mas, hoje, a coluna completou a análise do nosso tão querido - mas sofrido - futebol.
   O título da matéria já é bastante interessante: "Repensar, reeducar". Acho que, em qualquer área de nossas vidas, repensar e reeducar são boas dicas. Calazans abre a matéria escrevendo: "Quem acompanha o futebol com algum senso crítico e capacidade de interpretar o que está acontecendo já sabia que, um dia, a tentativa ou a sensação de obrigação de mudar a arbitragem iria acontecer". 
   O foco da matéria, portanto, é a arbitragem. Um princípio de leitura poderia sugerir que Calazans iria "descer a borduna" nos árbitros, dizendo que eles são fracos, etc. e tal. Mas o "senso crítico e capacidade de interpretar" do jornalista estão aguçados. Segundo Fernando Calazans, fazendo eco, conforme ele mesmo reconhece, ao comentarista de arbitragem da TV Globo - e ex-árbitro - Arnaldo Cezar Coelho, o maior "problema" são os dirigentes, técnicos e jogadores, com seus comportamentos absolutamente antiéticos.
    Aqui, como os nossos amigos já podem perceber, é que entra nossa reflexão filosófica da questão. 
   O jornalista diz: "Outro dia, fiz aqui um breve desfile do que se vê dentro de campo. Jogadores que entram para dar pontapés, parar os adversários com falta o tempo todo, com o rodízio delas. Entram, enfim, não para o jogo, mas para o antijogo. Outros jogadores, ou os mesmos, que entram para fingir que sofreram faltas, para simular, para se atirar acrobaticamente no campo, simulando também dramáticas contusões. A qualquer marcação do juiz e dos bandeirinhas, certa ou errada, esses jogadores os cercam com ameaças, palavrões, dedos em riste, vociferações". 
    Calazans destacará, mais adiante em sua matéria, que os técnicos incentivam esse tipo de comportamento... o que corresponde totalmente à verdade, em diversos casos. Segundo ele, Arnaldo Cezar Coelho teria dito, em relação a isso, que "Ninguém colabora", ao que o jornalista acrescenta, com muita propriedade, "Pior até: todos dificultam". E diz mais: "O futebol brasileiro perdeu a civilidade". Eu arriscaria que o futebol sul-americano... mas fiquemos no nosso "Brasilzão", para seguir o jornalista. Também poderíamos escrever, talvez, que "O (futebol) brasileiro perdeu a civilidade". Colocaríamos, então, a opção de incluir, ou não, na frase a palavra "futebol".
   Mas sigamos.
   Logo a seguir, Calazans lança outro título "A cara do nosso futebol" - eu registraria "A cara (de pau) do nosso futebol", mas o escritor é ele. Rsss -, para citar o caso do zagueiro do Corinthians, Paulo André, que "criticou severamente Neymar, depois do jogo com o Santos, por simular faltas e se atirar no chão", e que, no jogo seguinte, foi criticado por seu próprio técnico, o Tite - salvou-se uma alma! -, por também ter simulado sofrer uma falta. A observação de Calazans é que "Paulo André não é exceção, é regra". Isso, infelizmente.
   Concordo em gênero, número e grau com Fernando Calazans, quanto à "picaretagem" que grassa em nossos gramados. A falta de ética é a rotina, e não a exceção. 
   Mas... eu gostaria de acrescentar um item ao que o jornalista disse, e, se fosse possível, que ele refletisse junto comigo: não podemos esperar que a "honestidade" das instituições dependa da dos homens que as compõem. Se é necessário que os árbitros encerrem todos os jogos antes dos noventa minutos, expulsando os brigões, os "botinudos" e os "atores", que se faça isso. Da mesma forma que, se for necessário marcar dez pênaltis em cada partida, por conta do "agarra-agarra" na área em 100% dos escanteios, que assim seja. A coisa ficará tão ridícula que repercutirá no mundo todo. E, talvez, nossos "trabalhadores dos gramados", com seus milionários salários, comecem a repensar seu comportamento em campo.
  
  
   

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Caricatura

Achei legal essa caricatura do Spinoza.
 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A família pós-moderna

   Marx dizia, sobre a Modernidade, que tudo o que é sólido se desmancha no ar. Se ele estava certo, então, nessa Pós-modernidade, nada sólido chega a se desmanchar no ar, já que nem chega a ficar sólido. Talvez, a maior parte das coisas fiquem num estado meio "pastoso", entre ser e não ser algo.
    Isso me lembra um pouco as versões contemporâneas de algumas coisas que parecem perder a sua "essência", como a cerveja sem álcool, o café descafeinado e o sexo virtual. Ou seja, uma bebida que é alcoólica "por natureza" - afinal, é isso o que é ser "cerveja" -, fica sem álcool. A outra, perde a cafeína, que é simplesmente o que lhe dá até o nome. E o sexo - que, para não ser simples masturbação, depende de um "encaixe" que lhe corresponda - fica sem o contato com o parceiro, em carne e osso - obviamente, queremos mais a carne. Ou seja, ficamos com coisas "pastosas".
   Bem, de qualquer forma, essa reflexão sobre a cerveja, o café e o sexo, eu já havia feito. O que me chamou a atenção nesses últimos dias foi a questão da família.
   Antes de mais nada, não sou, em absoluto, um moralista. Muito pelo contrário, minha "religião" é a ética, que é sempre uma reflexão da moral. Mas, acho que ainda sofro com a moral do meu tempo, algumas vezes. 
   Vamos aos casos concretos:
   Hoje, li na net que Deborah Secco está muito feliz com seu CASAMENTO, que já dura seis anos, e que agora comemora poder ficar com seu marido todos os dias. Ora, eu até entendo que ocorrem, principalmente por questões de trabalho, separações momentâneas. Mas um casamento que nunca passou por uma experiência constante de convivência??? Ah, isso, eu não compreendo. Não é justamente isso que caracteriza um casamento? Será que o caso não é que a atriz namorava "sério" o ex-jogador havia seis anos, e que agora se casarão?
   Sei lá... Coisas "pastosas".
   A outra é mais pela curiosidade da situação, para ver como nós nos pegamos nas velhas armadilhas do hábito, vez por outra.
   Estava eu sentado num bar, lendo um livro sobre ética, da Adela Cortina, e bebericando minha cerveja, quando ouvi a estória da família da mocinha que estava com os amigos na mesa ao lado.
   Ela deveria ter uns 17 anos, e contava que, inicialmente, odiava uma outra moça, porque descobriu que esta namorava a sua namorada. Apesar dos ciúmes, ambas continuaram "compartilhando" a outra garota. Até que, um dia, abandonaram esta última; ficaram e, hoje, moram juntas. 
    Até aqui, nenhum problema... acho. O fato curioso vem na esteira. A outra moça da mesa pergunta onde elas moram. Ela responde que na casa da sua mãe. As perguntas continuam, bem como as respostas. 
   "Sua mãe não liga?", é a pergunta que me fará "despertar do meu sono dogmático". A moça responde: "Não. Mas também, ela não pode falar nada. Ela mora com um amigo da minha irmã mais velha. Ele tem quase a idade da minha namorada, 24 anos, e minha mãe tem 42. E a minha irmã levou o namorado para morar lá em casa, também".
   Caracas... Imaginemos a situação: na casa moram, pelo menos, seis pessoas. Quatro delas em torno dos 25 anos; uma, perto dos 18 e outra com mais de quarenta. Temos um casal hetero de aproximadamente 40/25; outro, também hetero, aproximadamente de 25, ambos; e, um último, gay com aproximadamente 25/18. O "padrasto" tem uma enteada praticamente com sua idade e um genro/nora, também na sua faixa etária... além de outra(o) enteada(o) que já se relaciona com alguém próximo à sua idade, também.
   Confesso, mais do que ficar espantado com a situação, fiquei curioso a respeito de como essa casa pode "funcionar". Quem troca uma lâmpada queimada?

sábado, 18 de agosto de 2012

"Marx estava certo"

   O título do post é o mesmo de um livro recém-lançado no Brasil, publicado pela Editora Nova Fronteira, de autoria de Terry Eagleton.
   Apesar de Marx estar um pouquinho ausente das minhas reflexões recentemente, quando ouço críticas ao capitalismo - venham de onde vierem -, não consigo deixar de pensar no velho alemão.
   Coincidentemente, por estes dias, enquanto participava de um seminário, ouvi uma das comunicações a respeito de Alain Badiou. 
   Como sabemos, Badiou é um defensor do comunismo. Segundo ele, o "fracasso" do que se viu na antiga URSS representa apenas UMA tentativa sem sucesso, e não o "insucesso em si" da ideia.
   Realmente, é possível pensar - pelo menos, em tese - que os ideólogos comunistas não teriam sido tão "espertos" quanto os liberais para ir "moldando", ou adequando, seu projeto à realidade do mundo em que se instalava.
   Eis que, com esse cenário em minha cabeça, me deparei com o livro em questão. E achei interessantíssima a proposta de Eagleton.
   Vejamos o que ele diz no Prefácio:
   "Este livro teve origem em uma única e extraordinária ideia: e se todas as objeções mais conhecidas à obra de Marx forem equivocadas? Ou, no mínimo, se não equivocadas de todo, o forem em sua maior parte?"
   E o livro se divide em capítulos que, inicialmente, apresentam uma determinada crítica conhecida às ideias de Marx, para, ao longo do próprio texto, tratar da questão.
   Não posso deixar de confessar que não li o livro, ainda. Mas uma olhada no rol de críticas e no começo das "defesas", fico com impressão de que o livro serve, pelo menos, para rebater algumas das oposições mais "ingênuas" a Marx.
   Vale conferir, galera! 

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Candy Dulfer

   Nem só de Spinoza vive Amsterdã. Prova disso é a "moça" que dá nome a esse post.
   Pegando uma carona na Wikipedia... "Candy Dulfer (Amsterdam, 19 de Setembro de 1969), é uma saxofonista de jazz holandesa que começou a tocar aos 6 anos de idade. Ela fundou sua banda, chamada de Funky Stuff, aos quatorze anos de idade. Seu álbum de estreia, lançado em 1990 e intitulado 'Saxuality' recebeu uma indicação ao prêmio Grammy". 
    Apesar da moça ter lançado seu primeiro álbum em 1990, minha ignorância era completa a respeito dela. Só vim a conhecê-la passando por uma loja de CDs e DVDs, enquanto era exibido um show seu. Inicialmente, não a vi; só ouvi. Pensei que era Kenny G ou David Sanborn, mas quando olhei, "descobri" que não. Fiquei assistindo ao show, com um outro passante estupefato.
   Entrei, e comprei o DVD do show, que foi em Amsterdã. Espetacular!!!
   Para quem quiser ver um pouco... lá vão dois vídeos do You Tube:

http://www.youtube.com/watch?v=5gcOHZXxG_k
http://www.youtube.com/watch?v=3SfSQ3lQmJw&feature=related
    

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Comentário de um comentário sobre a "esperança"


   Eu sempre digo que os amigos constroem esse espaço junto comigo. Mas isso não é só um papo para "inglês ouvir", não. Os comentários vão dando corpo a possíveis discussões que precisam surgir a partir de um post meu.
   Como meu compadre Fernando me ensinou - e eu não aprendi muito bem -, as respostas aos comentários têm que ser registradas rapidamente, para que o "calor" da discussão continue. Tento, tento, mas não consigo fazê-lo. 
   Mas há uma outra situação: quando o comentário é bem posterior à discussão. Nesse caso, sinto que é interessante "reaquecer" a discussão colocando-a num post... e não num comentário ao comentário que fica lá no passado. 
   Isso aconteceu recentemente, e nos ajuda a "movimentar" o blog. Falo de um comentário de MRoxy a um post sobre o sentido negativo de "esperança" para Spinoza.
   MRoxy comentou o seguinte:
   "Diferentemente do que diz Espinosa, que a esperança é uma paixão que se vincula à inércia, um esperar sem agir, considero-a um dos modos de operação do elã vital. Por isso mesmo sua existência independe da vontade do homem, antes, é um recurso da natureza que perpassa o homem, com vistas a cuidar da manutenção da vida humana e fazer aproximar através da força do desejo as realizações desejadas. A esperança não foi inventada pelo homem, ele apenas a utiliza para alcançar seus fins. Logo, não é possível viver sem esperança, pois por mais que se tente rechaçá-la através de racionalizações, sempre se espera algo, sempre se espera chegar a algum lugar, sempre se espera realizar uma conquista. A esperança está a serviço do desejo de avançar, de ir além, o que por si só já é bastante positivo, mesmo que seu resultado seja apenas terapêutico".

   Eu diria que parece haver uma certa confusão entre o que entendemos - MRoxy e eu, acompanhando Spinoza - por esperança.  No post original, eu até concedia uma alteração desse sentido, a partir de uma contribuição do Mário Sérgio Cortella, aproximando "esperança" ao verbo "esperançar" e não simplesmente a "esperar". Mas sigamos...
   A partir do comentário, podemos perceber que não é necessário ter esperança para "cuidar da manutenção da vida humana e fazer aproximar através da força do desejo as realizações desejadas". Para isso, basta o próprio desejo e a vontade - essa faculdade tão complicada de avaliar -, pensando-se nela como tendo uma certa liberdade - o que não é bem o caso de Spinoza.
    Mas, continuemos...
   A diferença entre o sujeito ativo e o sujeito passivo começa a partir desse desejo. O sujeito ativo utiliza o desejo como impulso inicial para a atuação da sua potência (não no sentido aristotélico, mas no spinozano, como "força de produção de efeitos"); já o sujeito passivo, por não ter potência para agir, limita-se a continuar desejando... com a esperança de que aquilo seja alcançado.
   O próprio senso comum percebe essa diferença, quando diz algo como "Tenho esperança de que...", pois o único ato envolvido nessa frase, ou seja, a única atividade é permanecer desejando que a coisa aconteça... sem fazer efetivamente com que aconteça.
   A confusão parece estabelecida quando MRoxy indica que a esperança faz aproximarmo-nos através da força do desejo das realizações desejadas. É o contrário. O desejo tenta impelir a vontade a agir para alcançar essas realizações desejadas, e a inércia em partir só permite que se produza um "movimento alternativo" imaginado, que é o de esperar que aconteça, ou seja, de ter esperança.
   Como MRoxy bem diz "A esperança não foi inventada pelo homem", no sentido de que não é algo racionalizado e planejado para um tal efeito. Ela é uma espécie de "mecanismo natural", talvez de "regulação" da nossa psyché. Se não posso fazer nada em prol da realização do meu desejo, posso ao menos comprometer-me a "torcer" que ele venha a ser satisfeito.
   Na sequência da frase anterior, MRoxy diz "ele [o homem] apenas a utiliza para alcançar seus fins". Discordo totalmente. O torcedor de futebol, com sua esperança de ver o time ganhar, não "utiliza essa esperança para alcançar seus fins". Ele só fará isso - mesmo assim, num grau menor do que se pudesse agir diretamente - gritando e incentivando os jogadores. Esses últimos não precisam ter esperança de ganhar, eles precisam, sim, jogar o suficiente para derrotar a situação adversa e produzir o efeito desejado - ou "alcançar seus fins" -, que é a vitória.
   Concordo com o fechamento de MRoxy, quando fala de um "resultado ... apenas terapêutico", mas, mesmo assim, numa terapia apenas "analgésica". Não há cura através da esperança, embora ainda possa haver através da ação.
    Acho necessário registrar que, ao contrário do que foi proposto por nosso amigo, a esperança não está a serviço do desejo de avançar. Ela está a serviço do reconhecimento de que não é possível avançar. Neste sentido, realmente "alivia" nossa frustração, causando o tal efeito analgésico que propus acima.
   Quem se encontra efetivamente "a serviço do desejo de avançar" é o desejo que se faz ato através da vontade posta em ação.
   Obrigado pela contribuição, MRoxy.
   E, que tal continuarmos?



terça-feira, 7 de agosto de 2012

Julgamento do Mensalão

    Não gosto muito de escrever sobre algo no calor da paixão. Normalmente, o poder de reflexão fica prejudicado. Desta forma, vou continuar, durante algum tempo, "digerindo" esse julgamento do Mensalão, até poder me sentir mais "pronto" para escrever algo... o que, certamente, farei.
    Nesse momento, entretanto, gostaria de registrar uma frase proferida pelo ministro do STF Marco Aurélio Mello - algumas vezes, maldosamente, chamado de "Voto vencido" -, no seu discurso de posse na presidência do STF, em 04 de maio de 2006:
   "O Brasil se tornou um país do faz-de-conta. Faz de conta que não se produziu o maior dos escândalos nacionais, que os culpados nada sabiam".
   Espero que agora o STF possa desfazer essa ideia de Brasil Faz-de-conta.

Nota de falecimento

   Fiquei triste ao olhar a primeira página do jornal de hoje e ver a notícia do falecimento de Celso Blues Boy. 
   O grande guitarrista brasileiro faleceu relativamente jovem, aos 56 anos, vítima de câncer.
   Não consigo deixar de lembrar aos shows dele a que fui, e dos duelos de guitarra que travava com os outros artistas no palco. Restará escutar os CDs que tenho desse, em certa medida, pouco reconhecido, mas grande guitarrista. 

Crescemos novamente

   Percebi que passamos a ser, agora, setenta e sete amigos. Não consegui identificar, entretanto, quem é o novo participante de nossa "confraria". De qualquer modo, como faço com todos nossos novos companheiros, gostaria de desejar-lhe as boas vindas, torcendo que goste do que se passa nesse espaço, convidando-o (a) a participar quando quiser.