Voltando à matéria da revista Veja, para falar um pouco mais do sistema de quotas.
A primeira universidade a implantar o sistema de quotas foi a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, em 2002. Somente em 2012, o sistema foi tornado obrigatório em todas as universidades federais do país.
O "achismo" sobre esta política é muito grande, mesmo quinze anos após a primeira experiência desta ação positiva. A própria matéria informa que "não há estudo de abrangência nacional sobre o resultado das cotas". Isso é muito ruim. Qualquer política social implantada por um governo precisa ser objetivamente avaliada. Isto porque há custos para toda a sociedade. Estes precisam ser otimizados. Além disso, tem que haver uma avaliação precisa sobre a efetividade dessas políticas de exceção, a fim de verificar por quanto tempo elas precisam continuar sendo implementadas.
De qualquer modo, ainda segundo a matéria, existem pesquisas isoladas sobre algumas das questões suscitadas pela adoção do sistema de quotas.
Antes de tratar destas questões, vale à pena lembrar que "a fórmula [para reserva de vagas] foi se tornando mais complexa e mais abrangente, com a diminuição crescente do peso da questão racial".
Seguem cinco mitos que parecem ter sido extintos:
(Texto adaptado da matéria)
1) A NOTA DE ENTRADA NA UNIVERSIDADE CAIRÁ MUITO - a nota média dos não quotistas é, de fato, maior que a de quotistas, mas a variação é irrisória - não chega a 5%.
2) OS QUOTISTAS NÃO TERÃO CONDIÇÕES DE ACOMPANHAR AS AULAS E APRESENTAR BOM DESEMPENHO - quotistas tiram, em média, notas 10% menores na prova de conhecimentos específicos do Enade, teste que mede a qualidade do ensino superior. Mas, na UnB, que avaliou uma década de quotas, o desempenho dos dois grupos é praticamente igual, inclusive nos cursos considerados mais exigentes, como engenharia, ciência da computação e medicina.
3) OS QUOTISTAS DEIXARÃO A FACULDADE NO MEIO DO CAMINHO - Os estudos revelam o contrário. Na Uerj, até hoje, dos que ingressaram por quotas, 26% desistiram no meio do caminho. Entre os não quotistas, o índice é de 37%.
4) OS QUOTISTAS SERÃO PROFISSIONAIS DESPREPARADOS QUE NINGUÉM VAI QUERER EMPREGAR - Veja ouviu trezentos graduados - metade pelo sistema de quotas, metade pelo regime convencional. Em número de pessoas com emprego, os quotistas e os não quotistas se equivalem. Mas uma diferença persiste: na média, não quotistas ganham mais.
5) AS QUOTAS VÃO EXACERBAR A QUESTÃO RACIAL NO BRASIL - Não se tem notícia do agravamento de conflitos raciais em campi universitários. Tudo sugere que os eventos que ocorrem são fruto do racismo que, historicamente, permeia a sociedade brasileira de modo geral.
Gostei... Mas é óbvio que existem problemas. Falo deles depois.
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