sábado, 12 de agosto de 2017

Estupro legalizado


   No começo deste mês, noticiou-se que, no Paquistão, uma instância jurídica, ordenou o estupro de uma menina de dezesseis anos. 
   Num primeiro momento, parece que a notícia está errada. Não seria "puniu o estupro de uma menina"? Não. A informação está correta.
   Na vila de Raja Jam, na província de Punyab, o panchayat ou jirga, que é um conselho de "sábios", que representa uma espécie de tribunal para julgamento e aplicação das normas, conforme a tradição paquistanesa, puniu com a pena de estupro a jovem, como reparação pelo insulto infligido a uma outra menina de doze anos.
   Detalhes mais perversos da história são: (1) a "criminosa" recebeu a pena por ser parente do estuprador da criança de doze anos e (2) o "agente da lei", responsável por aplicar a pena, seria o irmão da primeira vítima - a menina de doze anos. 
   Pensemos. A "criminosa" não fez nada de errado, a não ser ter um parente delinquente... o que já foi o suficiente para fazê-la ser estuprada sob o império e a proteção da lei.
   Além disso, o irmão da vítima original, que deveria estar profundamente sensibilizado - e mesmo horrorizado - com o ocorrido à sua irmã, terá que perpetrar o mesmo tipo de crueldade com outra pessoa inocente... tão vítima quanto a primeira criança.
   Relativismo cultural... entendo... só que não!

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