quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O "eu" em Spinoza


   Há muito tempo, lembro de ter acompanhado na net uma lista de discussão sobre o estatuto do "eu" em Spinoza. Alguns diziam que havia um "eu" no escopo da doutrina spinozana, enquanto outros não enxergavam a existência deste "ente" na filosofia do holandês.
   Se o "eu" for aquele aos moldes de Descartes, uma "internalidade" pura, absolutamente consciente de seus pensamentos e ações, imagino que não haja. Mas havia defesas interessantes da outra posição.
   O fato é que encontrei, num artigo de Chantal Jaquet, dentro do livro Spinoza. Ser e Agir, uma defesa apenas do "indivíduo" - em detrimento exatamente de um "eu" -, com o que eu concordo totalmente... meio ao modo dos filósofos da Antiguidade.
   Diz ela:
   "De um modo absoluto a mente e o corpo não existem para Spinoza. Só existem indivíduos, concebidos quer como corpo quer como mente. A mente e o corpo nada mais são do que modos de expressão de uma realidade única, não são entidades distintas. É o que claramente é sublinhado no escólio de Ética, II, XXI: 'A mente e o corpo são um só e mesmo indivíduo (individuum) que concebemos quer (jam) sob o atributo do pensamento quer (jam) sob o atributo da extensão'."
   A bem da verdade, o que Chantal discute é o dualismo corpo-alma, mas acho que a ênfase no indivíduo acaba por esvaziar a noção de "eu".
   Depois continuamos...

2 comentários:

Anibal Werneck de Freitas disse...

Ricardo,
acredito no "Eu" como nossa consciência existencial, é aplausível o que Spinoza diz a respeito, acontece que eu tenho um blog novo, SOMOS ETERNOS, somoseternospornatura.blog
spot.com.br,onde falo sobre este assunto do "Eu" e que gostaria muito da sua opinião, por ser a de uma pessoa que respeito muito e que entende profundamente a filosofia spinozista, não estou lhe bajulando, longe de mim tal coisa, o que é verdade tem que ser dito.
Abraços.

Ricardo disse...

Querido amigo Aníbal:
Começo agradecendo sua opinião a meu respeito. E sei que não existe nenhuma "bajulação"... até porque ela não seria minimamente necessária.
Espero continuar tendo, a seus olhos, uma perspectiva coerente com o que está no texto de Spinoza, no que diz respeito à sua filosofia.
Quanto ao seu blog, prometo entrar lá e registrar minha sincera opinião, logo.
Aproveito, entretanto, já esse comentário para pedir melhores explicações sobre a sua percepção do que vem a ser uma "consciência existencial".
Grande abraço.