A Folha de S. Paulo publicou, no dia dez deste mês, sua análise sobre o desempenho de 252 mil estudantes nas últimas três edições do Enade, de 2014 a 2016, e chegou a uma conclusão que parece reforçar a ideia de que a adoção de quotas nas universidades é uma coisa razoável.
É bem verdade que os resultados são apresentados sem expor a metodologia adotada. E sabemos que Estatística é algo que pode atender aos mais diferentes interesses. Basta lembrar aquela famosa frase: "Sob tortura, os números dizem qualquer coisa".
De qualquer modo, vamos ao que está dito.
Em 33, dos 64 cursos analisados, a nota média dos alunos quotistas ou beneficiários de outra ação afirmativa foi superior ou até 5% inferior ao dos não beneficiados por estas políticas. Tal resultado foi considerado como uma espécie de empate no desempenho. Há que se destacar que, em termos oficiais, o empate fica caracterizado como maior ou até 10% inferior - o limite mais estreito de 5% foi o padrão adotado pela Folha de S. Paulo. Desta forma, oficialmente, 54 dos 64 cursos analisados teriam empate técnico entre quotistas e não quotistas.
Outro fato que chama atenção é que a nota de entrada dos beneficiários é menor. Desta feita, fica demonstrada uma evolução maior dos quotistas, em relação aos não quotistas, ao longo do curso.
Mas, ficando com o critério da Folha, vemos que, dos 31 cursos onde os quotistas tiveram mais de 5% de diferença de rendimento, 13 estão na área de exatas.
Neste ponto, os especialistas indicam que, dos alunos que saem de escolas públicas, apenas 4% do total têm desempenho adequado em Matemática, em oposição a 22% em Português. Ou seja, tais alunos já carregam, desde o Ensino Médio, uma menor competência na área de exatas.
Decerto há que se discutir como está se dando a evolução desses números, a fim de que se determine se os parâmetros utilizados estão realmente mudando a situação de desfavorecimento histórico e alcançando os objetivos pretendidos. Além disso, sabemos de fraudes no sistema de quotas, que precisa ser mais objetivo.
Mas... podemos estar acertando. Espero que mais análises sejam feitas, a fim de tirarmos isso a limpo.