terça-feira, 25 de novembro de 2008

LUIGI PIRANDELLO

O dramaturgo e romancista Luigi Pirandello, quando esteve no Rio, explicou seu estilo inovador dizendo “Não sou filósofo nem pretendo ser. Se minha obra exprime, como querem, uma concepção filosófica, essa concepção independe inteiramente de qualquer intenção consciente. Também não sei, nem me interessa saber, qual seja essa intenção. Sustento que uma obra de arte não pode ser intencional e limito-me a interpretar a vida como ela me aparece e o mais diretamente possível. E não se vive com os olhos abertos, vive-se cegamente. A minha convicção de que a personalidade é múltipla não é uma conclusão – é uma constatação”.
De certa forma, Pirandello acrescenta um comentário ao meu post do dia 17 de novembro de 2008, quando afirma que “uma obra de arte não pode ser intencional”, concordando comigo – desde que se aproxime o que ele chama de “intenção” e o que chamo de “finalidade” no item “a arte não deve ter uma finalidade”. Ele diz que sua única ação é “interpretar a vida como ela aparece e o mais diretamente possível”. Entretanto, acho que o “interpretar” dele seria mais um “apresentar”, já que qualquer interpretação é, em si, uma “modelagem”... impedindo esse “o mais diretamente possível” que ele propõe a seguir.
De qualquer forma, mesmo sem desejá-lo conscientemente, Pirandello realmente filosofa, por exemplo, quando afirma que “não se vive com os olhos abertos, vive-se cegamente”; isso sem falar na sua constatação, e não conclusão, segundo ele, “de que a personalidade é múltipla”.

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