sexta-feira, 25 de outubro de 2013

"O enigma de Espinosa" (2)


   Xiiii... acabei esquecendo de registrar um último item esquisito no livro. Trata-se de uma citação da Ética, na página 71. Lá estão as seis primeiras - das oito - definições que aparecem logo na abertura do texto de Spinoza. A terceira está registrada assim:
    "III. Por substância compreendo aquilo que existe em si mesmo e que por si mesmo é concebido teologicamente, isto é, aquilo cujo conceito não exige o conceito de outra coisa do qual deva ser formado."
   Ora, de onde vem o tal "teologicamente", desta definição? Meu texto em Português não tem isso! Fui verificar uma versão  inglesa respeitada, com introdução do Don Garrett, e também não há "teologicamente" algum! Em Francês? Também não!
    Prova dos Nove, agora: o Latim.
   "III. Per substantiam intelligo id quod in se est et per se concipitur; hoc est id cuius conceptus non indiget conceptu alterius rei, a quo formari debeat".
   Resolvido. Pergunto, então, como é que o "teologicamente" foi parar no texto do Yalom!?!?!?

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O amigo Grunenwald


   O amigo Grunenwald já chegou lançando seu comentário no blog. Que ótimo!
   Antes de tudo, seja bem vindo. Aproveito para agradecer por ter colocado o "Spinoza e amigos" na sua lista de favoritos. Espero que os posts ajudem em algo.
   Sobre a idade para filosofar, segundo Epicuro, nunca é tão cedo nem tão tarde para iniciar essa atividade. Portanto, digamos que você está na idade certa... fosse ela qual fosse. Rssss.
   Que bom que Spinoza está planejado como próximo "alvo" dos seus estudos. Em relação a Montaigne, nem sei se é possível estudá-lo metodicamente. Alguns dos Ensaios são realmente muito bons. O "pai do racionalismo moderno", Descartes, inclusive, se apoia nele quase literalmente... se bem que não lembro exatamente em qual dos Ensaios - "chutaria" Apologia de Raimond Sebond.
   No livro do Yalom, este último, sobre Spinoza tem um conselho interessante, que me lembrou um que dei ao meu compadre Mundy, com relação a outro texto e filósofo. 
   O Friedrich, amigo de Alfred Rosenberg, no romance, diz: "Ah, começou pela Ética. Esse foi o seu erro [...] Devia ter começado com o Tratado Teológico-Político, que é bem mais simples". 
   Eu teria sugerido o Tratado da Reforma do Intelecto ou mesmo o Tratado Político, mas cada um dá o seu palpite.
   O fato que eu lembrei, em relação ao compadre, foi quando ele disse que tinha comprado um livro do Nietzsche, para começar a conhecer o bigodudo. Então, eu disse: "Só não comece por Assim falou Zaratustra", ao que ele retrucou: "Foi justamente esse que eu comprei". 
   Adivinhem se ele leu o livro... 
   

Mais amigos


   Pouco tempo após recebermos nosso 91º amigo, o Jório, vemos que crescemos mais um tanto. Somos, agora, 93. Na lista, só percebi o acréscimo da foto do Dino. Fico pensando, então, que o outro novo amigo seja alguém que não colocou sua foto. Procurando na lista de amigos, penso que deva se tratar do Cláudio Vieira.
   Esteja eu certo ou não, o fato é que temos mais amigos no blog. Sejam bem vindos, e fiquem à vontade para postar comentários a qualquer dos posts, e mesmo para lançarem assuntos que não estão "em pauta" em determinado momento.
   Grande abraço, Dino... e, se eu estiver correto, Cláudio.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

"O enigma de Espinosa"

   
   Há algum tempo já sabia que o romancista Irvin D. Yalom escreveria um livro que incluiria Spinoza como personagem principal. Isso já nos tinha sido comunicado por um dos "amigos dos amigos", nosso querido Guilherme Fauque.
    Também há algum tempo, vi o livro em Inglês. Só pensava assim: "Terá que ficar para mais tarde, pois há muito o que ler agora!". 
   Na semana retrasada, entretanto, vi que o livro já estava traduzido para nosso bom Português. Pensei, então: "Compro, e vou lendo aos pouquinhos, nos intervalos das leituras obrigatórias!". "Risível" essa frase, visto que não existem "intervalos" entre leituras obrigatórias. Há, sim, falta de espaço para tantas delas.
   Mas eis que, de repente, num ato de rebeldia, propus-me um sabath de leituras obrigatórias, e me lancei de modo sério ao romance. 
   Que delícia... Ah... Revisitar a vida de nosso querido Spinoza é tão agradável. E o Yalom escreve de modo tão interessante. Até hoje tenho boas recordações do Quando Nietzsche chorou. A cura de Schopenhauer já não foi tão arrebatador assim, mas este O enigma de Espinosa, apesar da estrutura semelhante àquele sobre Schopenhauer, é muito legal.
   Ao final do livro, ainda fiquei sabendo de fatos sobre a relação atual dos judeus - ou, pelo menos, de parte deles - com o excomungado Spinoza que desconhecia totalmente. O filósofo tem até uma rua com seu nome em Tel Aviv!?!?
   Repetindo a especialista nietzscheana Scarlet Marton, que considerou o livro sobre Nietzsche bastante bem escrito, com ideias do bigodudo melhor esclarecidas, inclusive, do que em livros introdutórios de Filosofia, gostei dos diálogos imaginados por Yalom, em que apareciam as ideias do holandês.
   No entanto... há umas passagens que achei meio problemáticas.
   Por exemplo, na página 9, está escrito "o entendimento leva à transcendência". Esse "transcendência" fica bem esquisito, visto que Spinoza é justamente o filósofo da imanência. Aparentemente, o "transcendência", aí, não está colocado de modo técnico. Trata-se de algo como dizer que o entendimento possibilitaria uma superação do estado atual de determinado homem. Mas fica um tanto descabido seu uso. Aliás, essa foi a única palavra que verifiquei no original, e não se trata apenas de um "engano" do tradutor.
   Na página 128, existe a afirmação de que "A Natureza, que é infinita, eterna e engloba todas as substâncias do universo...". Ora, embora não seja um texto primordialmente técnico, poder-se-ia evitar essa confusão - meio aristotélica - com uma multiplicidade de substâncias. 
   Na página 182, um detalhe histórico. Até onde sei, o texto da excomunhão foi produzido em "ladino" - uma espécie de dialeto que misturava Português e Espanhol -, e não em hebraico, sendo traduzido para o Português oralmente.
   Na página 214, "... foi Espinosa que introduziu a era moderna; o Iluminismo e o surgimento das ciências naturais haviam começado com ele". Não sei quem sugeriu essa ideia de "introduzir a era moderna" ao Yalom. Vale lembrar que o autor agradece ao Steven Nadler e à Rebecca Goldstein. É certo que há discussões sobre isso, mas geralmente o nome de Spinoza não participa delas. Há defensores de Bacon, de Pascal e outros... menos de Spinoza - embora a tradição mais forte se refira normalmente a René Descartes mesmo. Além disso, falar do "surgimento das ciências naturais" vinculada a Spinoza é muito esquisito.
   Na mesma página, outra esquisitice: "... John Locke, que, por sua vez, se inspirou em Espinosa". Alto lá, Yalom. Locke se inspirando em Spinoza?!?! Apesar do mais contemporâneo dos contemporâneos de Spinoza, visto que nasceram no mesmo ano de 1632, as publicações filosóficas de ambos foram tardias, fazendo com que Spinoza não lesse Locke e que, provavelmente, fosse por demais avançada a publicação póstuma dos textos do holandês para influenciar o inglês. Vale lembrar, inclusive, que a tão propagandeada "tolerância" lockeana não alcançaria o "ateísmo" de Spinoza - conforme rótulo dado por Bayle.
   A página 243 narra o atentado a Spinoza. Até onde lembro - vale pesquisar - o evento se deu à saída da sinagoga, e não de um teatro, como mostra o romance.
   Na página 253 há a seguinte fala de Spinoza: "... levar em conta pensamentos não tão conscientes, tanto os que me ocorrem à noite quanto os que ocorrem durante o dia". É lógico que Yalom tenta mostrar uma filiação da Psicanálise a Spinoza. Eu até acho muito interessante admitir essa possibilidade. Mas acho que o autor carregou muito nas tintas, colocando esse "não tão conscientes" e evocando os sonhos.
   Por último, uma curiosidade apenas, para alguém que assumidamente não conhece o idioma hebraico: a palavra herem (excomunhão) sempre é escrita cherem, por Yalom. Em todos os livros que já li, sempre vi a primeira forma. Quem souber de onde vem a segunda, que mais lembra a localidade de Xerém, onde são formados os brilhantes atletas futebolistas do meu querido Fluzão, por favor, ajude esse pobre spinozano que escreve.
   São pequenos detalhes de um ótimo livro. 

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Clóvis de Barros Filho


   Já há algum tempo, comprei um pequeno livro, bem "simpático", de divulgação da Filosofia, de nome A Filosofia explica as grandes questões da humanidade, publicado, agora em 2013, pela Casa do Saber e Casa da Palavra, de autoria de Clóvis de Barros Filho e Júlio Pompeu.
   O prof. Júlio Pompeu, eu já conhecia, de um curso na Casa do Saber, sobre Machiavelli. O prof. Clóvis de Barros Filho, no entanto, era, para mim, totalmente desconhecido. Gostei dele, de pronto, pela estorinha que consta da "Advertência" que abre o livro. E depois de ver parte da sua entrevista no Programa do Jô, fiquei completamente admirado com sua maneira de apresentar a Filosofia... especialmente pela ênfase que deu à abordagem do nosso querido Spinoza.
   O livro tem capítulos referentes à Ética, Moral, Liberdade, Identidade, Poder, Dominação, Justiça e Lei e à Virtude. E o link para assistir à entrevista é http://agorasim.blog.br/?p=3616 .
   Vale a pena conferir ambos.

Um novo amigo dos amigos


   Oi, Jório. Antes de tudo, seja bem vindo a este nosso espaço.
   Como sempre, dou uma espiada nos blogs acompanhados e no perfil dos novos amigos. Eis que, além do fato de gostarmos de Filosofia, temos em comum a Taquigrafia. Minha mãe, ensinou-me seu método, o Oscar Leite Alves. Que coincidência, hein!
    Seja, portanto, duplamente bem recebido, pelo amigo da Filosofia e pelo amigo da Taquigrafia, Ricardo!
    E já somos 91 amigos dos amigos!

Corrida


    Continuo com meu plano de correr uma meia maratona. Para quem começou a correr "oficialmente" - ou seja, a participar de provas organizadas - no final do ano de 2012, num percurso de 5 km, acho que, menos de um ano depois, estar flertando com os 21 km é algo bem interessante... principalmente se levarmos em conta que, daqui a alguns anos, chegarei ao meio-século.
    Hoje, consegui correr 19 km... Estou chegando lá!
    Apesar dessa minha participação no mundo das corridas, aprendi uma coisa por esses dias: não se fala em "recorde" em maratonas. Aliás, fala-se, mas não se deveria falar. No site globoesporte.com, por exemplo, lemos: "Wilson Kipsang sobra nas ruas de Berlim e quebra recorde da maratona".
    A explicação para não se dever falar em "recorde", e sim em "melhor marca", é que a maratona, devido ao seu longo percurso e por ser uma prova de rua, guarda características próprias em cada local onde é disputada. Explicando melhor: a mesma distância de 41,2 km pode, em determinado local, contar com dois aclives longos e, em outro, pode ser totalmente plano. Em tese, embora iguais em distância, o primeiro percurso deverá ser cumprido mais lentamente que o segundo. 
   No caso da Maratona de Berlim, por exemplo, onde foi estabelecida a nova marca, o trajeto é considerado um dos mais "rápidos" entre os utilizados nesse tipo de prova. 
    Acho que terei que procurar um trajeto "super-rápido" para a meia maratona, a fim de não fazer feio no tempo de corrida. Rssss.