quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Aborto

   
   O tema não é simples, além disso a questão do aborto é extremamente "desconfortável" de ser debatida. No entanto, não se trata de uma discussão meramente teórica, cujo resultado pode ser um simples veredito - "certo" ou "errado" -, a questão é efetivamente prática.
    Principalmente diante de dois casos que foram noticiados nos últimos dias, o assunto se põe urgentemente em debate.
    Penso que a questão é eminentemente de saúde pública. Os apelos religiosos são válidos, mas devem prevalecer enquanto se trata do aspecto motivacional da decisão sobre o aborto, e não sobre o ato em si.
    Imagino ser inadmissível duas jovens mulheres morrerem vítimas de procedimentos "médicos" - com aspas mesmo - mal planejados, mal realizados e sem os cuidados necessários a um tipo de intervenção tão delicada.
      Seria leviano defender a morte de um feto, porém mais incorreto ainda - penso eu - é apoiar a  cegueira diante de uma prática perigosa, que tem vitimado várias mulheres, em nome de uma esquisita "moralidade".
    É importante colocar que não estamos, pelo menos nesses dois casos, diante de jovens "tresloucadas", simplesmente arrependidas por terem se entregue, antes, a arroubos hedonísticos, os quais têm como resultado crianças indesejadas. O que vimos são mulheres com certa experiência que, por algum problema momentâneo, acabaram por  engravidar e que, até com um certo grau de responsabilidade, quiseram evitar uma gravidez que poderia vir a produzir "efeitos" complicados em relação às suas vidas.
   Os "efeitos" não são propriamente as crianças geradas, mas os problemas que advêm de uma gestação não programada. Nos dois casos, aliás, vimos moças - Jandira tinha apenas 27 anos!!! - preocupadas com o futuro das crianças das quais já eram mães.
   É óbvio que defendo, inicialmente, uma conscientização maior das mulheres no que diz respeito às suas relações sexuais. E indico diretamente as mulheres - embora pense que tanto elas, quanto nós, homens, devamos ter essa maior consciência - porque serão elas que terão que tomar a difícil decisão de se submeter ao tipo de procedimento em questão ou carregar uma criança não planejada no ventre por nove meses. Mas... como acidentes acontecem, há que ter um "Plano B". Se este é a interrupção da gravidez, que se faça como um procedimento médico - que é efetivamente o caso -, em um lugar em que as mulheres não estejam na mão de açougueiros, e sim de cirurgiões e assistentes gabaritados.
  Volto a enfatizar que é necessário um tratamento laico da questão, solicitando que o foco se dê, de verdade, sobre a perspectiva da saúde. Não é possível que fechemos os olhos diante de um problema que é real, e que tem consequências sérias. Aliás, hoje o jornal O Globo anuncia uma estatística - não sei se completamente confiável, mas com justificativas - de que há mais de 67 abortos por ano no Estado do Rio de Janeiro. Isso, com base nas mulheres que chegam ao SUS com complicações, que são mais de dezesseis mil!!!!!
   Acho que várias das mulheres que se submetem a este procedimento sofrem muito mais psicologicamente do que fisicamente. Se o aspecto físico, desde que tudo corra bem, se resolve em meses, o psicológico fica marcado pelo resto da vida. Mas se com esse sofrimento elas têm obrigatoriamente que conviver, não permitamos que a situação se agrave ainda mais, e que haja sequelas e mortes dessas mulheres. 
   Pela legalização do aborto de forma mais ampla já!

2 comentários:

mundy disse...

Eu sou um enérgico defensor de que não se haja aborto e não por uma questão e religiosa e sim que acho um crime que uma inconsequencia de um Homem e uma mulher que não se previniram para o ato sexual um ser vivo pague com a vida, pois ali o feto já possui sua existencia, mas também acho que o Estado deva regular esta questão, pois acredito que deva ser dado o direito de os inconsequentes não desejarem levar adiante uma gestação não planejada, para mim não há que se reprimir o aborto por uma questão moral ou religiosa, concordo que em havendo uma maior conscientizaçao tanto por parte do Homem como da mulher em relaço ao assunto,podrria haver uma maior propensao a diminuição de casos de abortos no caso atual ilegais e quem sabe num futuro abortos legais, a gente sabe que hoje a oferta de sexo casual tanto por interesse da mulher em faze lo como do Homem que é muito mais propenso ao sexo sem compromisso é enorme nos dias atuais, eu cito até mesmo a mim como referencia da mudança de atitude , lembro que sou duma e´poca em que a primeira relaçao com uma namorada fixa levava um certo tempo, coisa de quase um ano a dois, depois já se levava de seis meses a um ano, depois de um mes a tres meses e nos dias atuais é coisa em alguns casos de duas horas a no máximno 24 hs vc já conhece uma mulher e vai para a cama, então há que se prevenir as duas partes, não só por causa de uma gravidez indesejada a transmissao de doenças sexuais, a prevenção é sempre a melhor defesa , façamos sexo seguro sempre é a melhor saída e no caso desta duas mulheres o que me impressiona era que ambas já não eram tao inexperientes assim, a primeira uma mulher bonita e portanto devia ser bastante assediada , a segunda tb e numa relação estavel pois seria o quarto filho com o mesmo companheiro.Ambas pagaram com sua vida por uma falta de cuidado em se precaverem de forma adequada.

Ricardo disse...

Particularmente, acho que a questão principal não é exatamente discutir o acerto ou erro do aborto em si, mas perceber que é fato que isso é uma prática relativamente comum em nossa sociedade e que muitas mulheres estão pagando com a própria vida por conta dos serviços serem clandestinos. É com esse enfoque que defendo a liberação do aborto e sua realização às claras, em clínicas decentes.
Além do mais, o fato de haver liberação não quer dizer que se tenha que praticar um ato. Mas se reconhece a possibilidade de alguém o fazer... ainda que não sejamos nós.