segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Da comunidade até a sociedade


   É interessante perceber que a distinção estabelecida por Ferdinand Tönnies - citada no post anterior -, entre comunidade e sociedade, foi retrabalhada por Émile Durkheim, com seus conceitos de solidariedade mecânica e solidariedade orgânica. Contudo, ao contrário de Tönnies, Durkheim parecia identificar uma evolução histórica dos grupos sociais, migrando do primeiro tipo de solidariedade para o segundo, nas sociedades primitivas para as contemporâneas. Em certa medida, o que percebemos é que há a possibilidade de coexistência de ambos. E aí entra um velho conhecido nosso, Aristóteles.
   O Estagirita explica a associação dos homens partindo da oikos, a casa; para a komê, a vila/aldeia; até a polis, a cidade. O aumento da complexidade dos grupos sociais não impede a permanência da sua convivência. Isto é, havendo a cidade - o que poderíamos associar à sociedade, naquele sentido de Tönnies -, não deixam de existir a casa e a aldeia - com as quais faríamos a analogia à comunidade, em Tönnies.
   Reforçamos nossa impressão, já registrada no post anterior, de que as diversas "aldeias" se fazem representar na "cidade", com seus valores díspares, de acordo com sua dimensão de poder.

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