É triste que, nessa época de polarização política, percamos a oportunidade de analisar de modo imparcial algumas iniciativas governamentais.
Deveríamos estar em meio à discussão sobre a proposta de reforma no Ensino Médio que foi enviada pelo governo Temer, através de Medida Provisória, mas não estamos. Em vez disso, vemos manifestações absolutamente partidárias sobre a questão.
Inicialmente, deveríamos lembrar que a tal reforma enviada por Temer vinha sendo elaborada desde o governo de Lula. Isso já deveria quebrar alguma resistência em relação à proposta.
Outra lembrança que deveríamos ter em mente era a de que vários educadores solicitavam alguma reforma, em função da inadequação do modelo atual.
Os alunos também pareciam sentir certo cansaço com o excesso de conteúdo. E questionavam o fato de aprenderem algumas coisas que não teriam uso em sua vida futura, como profissionais de outra área de atuação.
Juntando tudo isso, deveríamos todos estar esperando ansiosamente por uma reforma. Obviamente, isso não significa que devamos aprovar incondicionalmente o modelo proposto. Há que se analisar criteriosamente o que está no papel.
Mas aí surge uma pergunta interessante: O que está no papel? E a resposta é curiosa: Pouco!
Já sabemos que, por um ano e meio, haverá um conjunto de matérias obrigatórias - que ainda não conhecemos quais são, e só devem ser definidas em meados de 2017 - e que, na metade seguinte do curso, os alunos poderão escolher um determinado grupo de matérias que teriam mais a ver com seus planos futuros de vida profissional. Assim, haveria uma formação mínima mais genérica e outra mais aprofundada - e, por certo, mais estimulante -, que diria respeito à carreira pretendida pelo aluno.
Matemática e Português - também o Inglês, como língua estrangeira "universal" - seriam disciplinas constantes ao longo de toda a formação... como não poderia deixar de ser.
A ideia de que disciplinas que estimulam o senso crítico, como Filosofia e Sociologia, pudessem ser expurgadas do currículo, ainda não é certa. Portanto, o tal uso "político" dessa informação parece, no mínimo, precipitado.
Gostaria de refletir um pouco mais sobre esse assunto...
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