Há muito ouvimos que o Brasil é um país "em desenvolvimento". Pode ser... Mas seria melhor entender exatamente o conceito de "desenvolvimento", antes de afirmar que estamos nos direcionando para ele.
A revista Sociologia, na sua edição nº 68, trata desse assunto em sua matéria de capa, com autoria de Laura Rezende Fuser.
Lá consta o seguinte:
"Durante o intenso debate desenvolvimentista que ocorreu após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, o crescimento econômico foi amplamente entendido como sinônimo de desenvolvimento".
Ainda hoje, parece haver uma inequívoca interrelação entre "crescimento econômico" e "desenvolvimento". Se essa não é uma leitura completamente enganada, também não o é livre de questionamentos.
Vale refletir sobre outro trecho:
"Em 1970, o economista britânico Dudley Seers [...] apontava para o caráter normativo do conceito de desenvolvimento, relacionando-o às condições necessárias para a realização do potencial humano, como a alimentação, o emprego, a igualdade e a equidade".
A ONU, por exemplo, define cinco dimensões para o conceito de "desenvolvimento": paz, economia, ambiente, sociedade e democracia.
Uma última observação interessante diz respeito ao desenvolvimento social ter relação com mudanças estruturais. Vejamos:
"Nesses sentidos, ações estritamente focadas no aumento da renda se enquadrariam no conceito de crescimento econômico; já políticas voltadas à promoção de mudanças estruturais (como educacionais, culturais, de acesso a direitos, e inclusão social no mercado) estariam mais relacionados ao conceito de desenvolvimento". Assim, "ações [de políticas públicas] que visam a uma melhor distribuição de renda devem prever mais mudanças estruturais do que o simples aumento da renda, na medida em que a distribuição está mais propensa a se alterar quando a estrutura básica da economia passa por reformas".