terça-feira, 22 de novembro de 2011

Novos amigos...

   Pelas dificuldades que tenho tido em atualizar o blog, acharia muito improvável o número de "amigos dos amigos" crescer. Entretanto, foi justamente isso o que aconteceu.
   Portanto, com muito mais motivos, desejo a esses novos amigos que entraram - o Fred Cabral, o Kadu Santoro e o Jhonatan, que até já nos ajudou com sua colaboração - um grande abraço, acolhendo-os com o maior carinho.
   Espero que, como já fez o Jhonatan, os amigos possam postar seus comentários, seja sobre o que já foi "começado" a pensar aqui, seja sobre o que eles têm em suas cabeças e que pode suscitar novos pensamentos.
   Grandes abraços e sejam bem vindos! E... já somos 69 "amigos dos amigos"!

Aniversário

   Quero agradecer aos queridos amigos Maria e Mundy - meu compadre - pela lembrança do meu aniversário e pelos "Parabéns" enviados via blog.
   Muuuuuuuito obrigado.
   

O "critério" nietzscheano (2)

   Aproveito um post para fazer algumas considerações sobre os comentários do Aníbal e do Jhonatan, em relação ao nosso amigo Nietzsche.
   Pessoalmente, acho que Nietzsche foi um pensador com "insights" poderosos. Entretanto, a formalização filosófica dessas primeiras intuições me parece meio "confusa". Mesmo reconhecendo que qualquer um pode modificar sua própria opinião ao longo da vida, bem como que pode - e, talvez, até deva - refletir a partir de diversos pontos de vista distintos - conforme o "bigodudo" propunha com seu perspectivismo -, há que se ter um certo "rigor" para fazer Filosofia.
   O texto nietzscheano, muitas vezes, é de uma riqueza estética incrível. Acho isso ótimo. Aprecio muito um modo de escrever criativo e, por vezes, até poético. Mas, penso, a forma não deve ultrapassar em riqueza o conteúdo. E, aqui, muitas vezes, acho que Nietzsche mete os pés pelas mãos.

   Um exemplo claro: Nietzsche questiona o modo como entendemos a linguagem. Em alguma medida, parece antecipar-se à Filosofia da Linguagem, nossa contemporânea. Portanto, "Nota 10" para a "intuição", mas... as idas e vindas nos textos tornam as ideias tão, desnecessarimente - imagino - complexas, que dificulta a expressão clara de tudo o que tem a dizer. Quando lemos os pretéritos Locke, Berkeley e os atualíssimos Quine e Chomsky, vemos uma linearidade na condução do assunto, que concordamos não só com a intuição básica, mas também com toda a teoria produzida a partir dela.
   Sobre a questão do Eterno Retorno, penso que uma interpretação bastante razoável seria aquela referente à ação moral adequada - obviamente, entendendo "moral" sob uma perspectiva menos "moralista"... com licença do jogo de palavras. Desta forma, acabaria por concordar com nosso amigo Jhonatan. O problema é que a leitura admite claramente uma perspectiva cosmológica da noção apresentada - ou melhor, "reapresentada", se considerarmos os estoicos - por Nietzsche. Fica difícil, por uma leitura direta, rejeitar categoricamente essa perspectiva. Aliás, ainda teríamos que, dando reconhecimento às tais "experimentações perspectivistas" nietzscheanas, reconhecer que essa é uma possibilidade de leitura.
   Em relação ao "sofrimento", não o estou vinculando, no post, aos sofrimentos psicológicos relativos à culpa ou ao remorso. Não, não! Estou falando dos sofrimentos reais, que contrariam, pelo menos aparentemente, o aumento da "Potência", se falássemos à la Spinoza, ou da "Vontade de Potência", conforme o vocabulário nietzscheano. Um exemplo "rasteiro": descubro que tenho câncer terminal. Estou morrendo. Esta situação de sofrimento, obviamente, vai contra a minha Vontade de Potência de continuar existindo. Mas, segundo o "amor fati", tenho que aderir a essa experiência amando-a... repito, AAAAMANDO-A!!!
   Isso não parece estranho?
  

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Esse ano é no dia 17...

   Visto que não tenho frequentado o blog com a frequência ideal, sabendo, portanto, que posso demorar a voltar, vou logo deixando registrado que esse ano o Dia Mundial da Filosofia cai em 17 de novembro - como sempre, a terceira quinta-feira deste mês especial... em que, por acaso, faço aniversário. Rsss.

O barco de Neurath

   Otto Neurath (1882-1945) foi, entre outras coisas, filósofo. Associamos seu nome sempre ao Positivismo Lógico e ao Círculo de Viena. Certamente não serei eu a desfazer essa associação apelando aos dotes náuticos de Neurath, ao falar de seu barco. Na verdade, reforçarei os vínculos do austríaco com a Epistemologia.
   Neurath disse: "Somos como marinheiros, que têm de reconstruir seu navio em mar aberto, sem jamais poder decompô-lo em uma doca e erigi-lo novamente a partir de suas melhores partes".
   Quine, que gostava muito dessa citação, a ponto de usá-la como epígrafe em Word and Object, explica-a como dizendo respeito às modificações que ocorrem na ciência, que têm que acontecer enquanto usamos um modelo ainda não perfeito de embarcação/teoria. Não há como parar o barco; levá-lo para um estaleiro que procederá à correção absoluta de seus defeitos. Há que navegar... sempre.
   Descartes que não encontre Neurath lá no Hades, com suas ideias de começar o edifício do conhecimento a partir do zero, destruindo tudo que era tido como conhecido - ou seja, destruindo o barco enquanto se navega nele.


Já estamos quase no Notas de novembro

   Já estamos chegando próximo ao Notas Filosóficas de novembro, e eu nem registrei como foi nosso último encontro. Espero que o Silvério e a Faiga desculpem essa minha falta. Aproveitando, entretanto, um tempinho "disponível", quero comentar como foi o Notas de outubro.
   Primeiramente, há que se dizer que o quórum está aumentando "perigosamente". Explico-me. O evento é tão bom, que o número de pessoas presentes está tornando o espaço físico reduzido. E a equipe da Faiga tem que se desdobrar em "criar" espaços para acomodar o pessoal.
   Nem é preciso dizer o quanto deve ser legal para o professor Silvério e para a organizadora Faiga perceberem que seus esforços envolvendo a divulgação da Filosofia estão dando frutos e sendo reconhecidos.
   Mas, voltemos ao evento.
   Desta vez, além do compadre Paulo, consegui "arrastar" minha esposa. Na verdade, estou sendo pretensioso; quem a "arrastou" foi principalmente o Gonzaguinha. Afinal, era ele o artista que "apoiaria" a apresentação do Silvério.
   A ida de minha "senhora" foi bastante apropriada - não estou me referindo ao seu "encontro" com um velho ídolo, o Gonzaguinha, mas à possibilidade de ouvir a palestra sobre a própria Filosofia.
   O Silvério é sempre feliz nos seus exemplos e nos "links" que faz com filmes. Um deles foi "O show de Truman", com Jim Carrey.
   O comentário de nosso Silvério dizia respeito ao trecho em que a personagem de Carrey percebe a queda de um holofote que faz a iluminação de shows e estranha o fato. Os diretores daquela espécie de "Big Brother", da qual a personagem de Carrey participa sem saber, veem as imagens e decidem contornar a situação. Fazem, então, ser veiculada na estação de rádio que o infeliz manipulado ouve uma notícia explicando que o tal holofote caiu de um avião. Tomando isso como uma explicação plausível - um holofote cair de um avião??? -, nosso amigo continua a viver "sua" vida.
   A ideia era expor o nível de crítica do senso comum a respeito da realidade.
   Gostei do exemplo... e fiquei com ele na cabeça.
   Bem... foi tudo ótimo. Ah... esqueci de dizer que a "filhota" também foi. Quem sabe, no futuro, a menina cursa Filosofia também?
    O Notas de novembro promete. Segundo Silvério e Faiga, haverá um "revival" dos melhores momentos do ano.
   Agora, voltando ao exemplo do "Show de Truman".
   Poucos dias depois, estava eu lendo "Absolu et choix", de Jean Grenier. Essa leitura é fruto de minha "ideia fixa" de crítica ao conceito de "liberdade". O livro começa assim: "O problema da liberdade tem sido posto e resolvido sob perspectivas diferentes, a psicológica, a moral, a teológica e a científica. Nós a pomos aqui sob a perspectiva ontológica, partindo da ideia de Absoluto". É... dá água na boca, não é? Rsss. Obviamente, não há possibilidade de discutir o tema "liberdade", ainda mais partindo, como diz o autor, do "Absoluto", sem tocar no nome de Spinoza... e é isso o que acontece no livro.
   Mas por que eu estou falando isso? Eu explico!
   O livro indica, em determinado momento: "O filósofo não se resigna; ele protesta contra o real, e sua explicação do mundo, mesmo se ela concorda com a do sábio, é muito diferente, pois ela não é uma simples explicação, mas uma justificação".
   É interessante observar que Platão dizia que nem os ignorantes nem os sábios precisam da Filosofia, só esses "seres intermediários" que somos nós. Provavelmente, no caso do "Show de Truman", nem ele se valia da Filosofia, pela sua ingenuidade, nem os diretores, pelo seu excesso de confiança de que eram os "sábios", quando, talvez, na realidade, fossem apenas mais outras engrenagens no esquema de manipulação midiática.
   Ah... uma última colocação. O roteiro do evento continha uma série de trechos de poesias de Alberto Caeiro. Não pude deixar de perguntar o porquê da presença de um poeta - ou heterônimo - tão avesso ao filosofar - no sentido de especular sobre a realidade -, um legítimo sensualista, quando a proposta é justamente este pensar filosófico. Ao que Silvério respondeu que era justamente para provocar o pensar.
   Ponto para ele!

O tempo que me "falta"...

   Um amigo meu diz que "tempo é escolha". Obviamente, é uma escolha dentro de alguns limites... como são praticamente todas as escolhas da vida.
   Em função dessa afirmação do meu amigo é que coloquei entre aspas a "falta" do meu tempo. Entretanto, mesmo se eu assentir à proposição dele, vou fazer questão de argumentar que as opções disponíveis têm limitado bastante minha "escolha"... de, por exemplo, não estar aqui sempre registrando alguma coisa nova.