quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

"Freud, ética e metafísica - O que ele não explicou"

   O título do post é o mesmo de um livro que estou terminando de ler. O autor é o nosso respeitável Olinto A. Pegoraro, que o publicou pela Editora Vozes, em 2008. 
   Eu já comprara esse livro havia algum tempo, mas, como tantos outros, ele caiu numa espécie de "limbo", do qual só saiu agora, para ser finalmente lido.
   Não é incomum acharmos alguma coisa de boa em qualquer livro. Essa é uma regra que dificilmente admite exceções. Particularmente, lembro só de dois livros que achei absolutamente "imprestáveis". A bem da verdade, nem me lembro os títulos direito. Mas um era algo como "Spinoza e Aristóteles dialogam" - o qual, de tantos erros teóricos, eu abandonei logo nas primeiras páginas, e não sei se simplesmente joguei fora ou se queimei numa das minhas "fogueiradas limpa lixo" - e o outro era... "Um monge que vendeu sua Mercedez", ou coisa que o valha.
    Mas por que digo isso? Porque esse livro do Pegoraro é uma das outras "pontas" da estória - que também formam um grupo de exceção: aquele onde TUDO é bom... até mesmo quando, "sagazmente", o autor fala simplesmente do que ele quer, sem uma relação tão direta com o assunto central da obra.
   A proposta "oficial" do livro, segundo um mero passar de olhos pelo título, é tratar dos assuntos "ética" e "metafísica", nos aspectos que foram considerados lacunares na obra do pai da Psicanálise. Pegoraro, então, "entrelaça" os temas em questão com outros dois que foram claramente explorados por Freud: a sociedade e a religião.
   Falando assim, não parece lá muito original a proposta. Afinal, há textos já clássicos de Freud, como "O mal estar na civilização" (1930) e "O futuro de uma ilusão" (1927), que foram exaustivamente analisados, e criticados, no que tange aos temas "sociedade" e "religião". Entretanto, Olinto Pegoraro avança por trilhas em que vários comentadores - se bem que sua intenção não é apenas ser mais um deles - não se aventuraram. 
   Quando fala de "sociedade", por exemplo, para tratar do que Freud não explicou em "ética", surge o assunto "política", inclusive com apelo a outros grandes pensadores que trataram de ética, sociedade, religião e política, como Max Weber.
   Já quando fala de "religião", Pegoraro mostra como Freud deixou de radicalizar a questão, apesar de suas críticas bem elaboradas, não analisando uma "teologia racional" - um dos três ramos clássico da Metafísica Especial, conforme concebido por Christian Wolff -, e se atendo somente à "teologia popular".
    Um dos capítulos do livro tem por título "O psicanalista e o pastor". Pegoraro abre o capítulo com a seguinte informação:
   "Durante trinta anos, Freud manteve afetuosa amizade com o pastor suiço Oskar Pfister, fundador da Sociedade Psicanalítica Suiça. Ele mesmo se fez psicanalista e introduziu o método na prática pastoral. Do intenso relacionamento epistolar entre ambos resultou o livro Um duelo entre a psicanálise e a fé". A intenção declarada do capítulo é comentar os principais tópicos da obra. Bastante interessante, aliás, o capítulo. Entretanto, atendo-me exclusivamente à análise do comentário de Pegoraro, sem ir, portanto, ao livro do qual as ideias foram extraídas, penso que Freud teria saído "vitorioso" do embate com seu amigo pastor Pfister. Digo isto porque, enquanto Freud claramente trata de uma religião com a qual "esbarramos" no dia a dia, pelo contato com seus "fiéis", Pfister parece tratar de um religião idealizada - ou melhor, tão "intelectualizada", que é difícil encontrá-la "por aí", entre as pessoas que conhecemos. Religião que dispõe de uma "teologia crítica", seja lá isso o que quer dizer.
   Depois escrevo mais sobre o livro.

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