terça-feira, 1 de abril de 2014

Goethe - Ensaios Científicos (2)


       Continuando...
    
   "Uma coisa existente e viva não pode ser medida por nenhum meio exterior a ela; caso isso tenha de ocorrer, ela própria deveria fornecer a medida para tal; esta, porém, é altamente espiritual e não pode ser encontrada pelos sentidos; já no caso do círculo a medida do diâmetro não pode ser aplicada à circunferência. Foi assim que se quis medir o ser humano mecanicamente: os pintores tomaram a cabeça como a parte mais distinta para a unidade de medida, mas não se pode empregá-la sem causar pequenas e indizíveis violações no restante dos membros.
    Em cada ser vivo existe o que denominamos partes, porém tão inseparáveis do todo que só podem ser compreendidas nele e com ele. E nem as partes podem ser empregadas como medida do todo, e nem o todo como medida das partes; e assim, conforme dissemos acima, um ser vivo limitado participa da infinitude, ou melhor, tem algo infinito em si - e isto se não quisermos dizer melhor: que não podemos compreender inteiramente o conceito da existência e da perfeição do ser vivo mais limitado, e portanto, do mesmo modo como a imensa totalidade em que são compreendidas todas as existências, ele deveria ser explicado como sendo infinito.
    Existe uma imensa quantidade de coisas das quais nos apercebemos, e suas inter-relações que nossa alma pode captar são extremamente variadas. Almas que possuem uma força interior para expandir-se começam a ordenar a fim de facilitar para si o conhecimento, e começam a adicionar e conectar a fim de alcançar o prazer.
    Portanto, devemos limitar em nossa alma toda existência e perfeição, para que estas se tornem adequadas à nossa natureza e à nossa maneira de pensar; só então afirmaremos compreender algo ou desfrutar dele."

    Mais uma página.

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