Embora, em princípio, eu seja contra o impeachment da Dilma, não acho correto falar em "golpismo", referindo-se a quem o defende.
O apelo ao fato de Dilma ter sido eleita "democraticamente" não me parece correto, a fim de validar a tese do "golpismo" contra quem quer retirá-la da Presidência. Isto porque é necessário lembrar que a democracia não se esgota na eleição. Ou seja, pode haver uma votação majoritária em alguém sem que esta pessoa realmente esteja "democraticamente eleita", no sentido exato da expressão. Difícil entender? Não acho. E explico minha opinião.
A eleição de alguém implica que esta pessoa foi considerada digna de representar as posições daqueles que a escolheram. Além disso, que os métodos empregados no processo eletivo respeitaram as regras previamente estabelecidas. Desta feita, se é descoberto que houve compra de votos, ou "Caixa 2", ou pressão indevida sobre os eleitores, etc. e tal, o candidato eleito pode ter seu mandato cassado... apesar de, aparentemente, tudo ter corrido de acordo com o devido processo eletivo.
Em resumo, há que se saber se houve legitimidade naquela outorga da representação ao candidato. Embora não haja nenhum impedimento previsto para casos de "estelionato eleitoral", em tese, um governante perde legitimidade se ele começa a fazer o que disse que não faria antes das eleições. Para não ficarmos só no caso brasileiro, pensemos no que ocorreu na Grécia. O primeiro ministro Tsipras foi escolhido pelo povo justamente porque prometia romper com o modelo de submissão dos gregos aos credores que impunham uma forte austeridade a eles. Sob essa bandeira, Tsipras conquistou o voto e se tornou a voz daqueles que o elegeram. Num movimento contrário, contudo, às suas propostas, ele teve que assinar um novo acordo com a União Europeia, a fim de obter recursos para poder continuar saldando suas dívidas. E este acordo submetia o povo, novamente, a duras restrições. Será que ele ainda tem legitimidade para continuar sendo o mandatário popular? Pelo menos em teoria, acho que não. Isto não quer dizer que simplesmente por tomar medidas impopulares alguém tenha que ser demovido do poder, mas que deve ter bastante cuidado com o que promete antes de chegar lá.
Voltando ao nosso Brasilzão querido. Se a presidente Dilma não sabia o que estava ocorrendo em primeiro governo, não tinha competência para continuar nele... mas, se assim o povo quis, que ela continue até os eleitores resolverem trocar. Mas se ela sabia e, descaradamente, mentiu para os eleitores, simplesmente a fim de viabilizar uma continuidade no poder, ela vendeu uma imagem falsa àqueles que votaram nela. Neste caso, pelo menos em tese, ela não pode legitimamente representar seus eleitores, e, por esse motivo, não deve continuar conduzindo os rumos da nação. Mais ainda, se houve irregularidades na prestação de contas - as tais "pedaladas" -, ela cometeu crimes que precisam ser punidos, e ela, repito, não tem mais a legitimidade que se espera de alguém vencedor em eleições ocorridas de forma justa... e democrática.
Voltando ao nosso Brasilzão querido. Se a presidente Dilma não sabia o que estava ocorrendo em primeiro governo, não tinha competência para continuar nele... mas, se assim o povo quis, que ela continue até os eleitores resolverem trocar. Mas se ela sabia e, descaradamente, mentiu para os eleitores, simplesmente a fim de viabilizar uma continuidade no poder, ela vendeu uma imagem falsa àqueles que votaram nela. Neste caso, pelo menos em tese, ela não pode legitimamente representar seus eleitores, e, por esse motivo, não deve continuar conduzindo os rumos da nação. Mais ainda, se houve irregularidades na prestação de contas - as tais "pedaladas" -, ela cometeu crimes que precisam ser punidos, e ela, repito, não tem mais a legitimidade que se espera de alguém vencedor em eleições ocorridas de forma justa... e democrática.
Nenhum comentário:
Postar um comentário