quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Alcorão


   Sempre que ouço falar dos fundamentalistas islâmicos, vejo autoridades religiosas indicarem passagens do Alcorão que demonstram o possível engano de interpretação daqueles que agem violentamente em nome do Islã. Mas, em realidade, simplesmente lia os trechos citados, reconhecendo neles a beleza apontada pela autoridade em questão. Por esses dias, minha curiosidade aumentou. Eu decidi, então, comprar uma versão brasileira do Alcorão para ler.
   O livro é extenso. Não sei se minha mera curiosidade motiva uma leitura profunda, nem mesmo se chegarei ao final do texto. Em princípio, penso ter identificado o "clima" do discurso. Portanto, não precisaria só continuar vendo mais do mesmo. Mas pode ser que eu vá lendo mais.
  Antes de falar exatamente do texto, gostaria de compartilhar algumas coisas que li na apresentação feita por Mansour Challita.
   Primeiro, a velha discussão se o nome correto é "Corão" ou "Alcorão". O correto seria apenas "Corão", já que o "al" é um artigo. Então, "al Corão" seria, na verdade, "o Corão". Contudo, explica Challita, que existe uma tendência, em Português, a ter o artigo árabe absorvido na formação da palavra portuguesa. Ele dá os seguintes exemplos: açúcar, arroz, algodão e almíscar. Esse processo não acontece no idioma francês, e lá se tem: le sucre, le riz, le coton e le musc. Mas se esse fenômeno ocorre em nossa língua, não há motivos para não aceitá-lo no que concerne ao vocábulo "Alcorão". Fazendo, portanto, todo o sentido manter a mesma lógica e utilizar a palavra desta forma.
   Às vezes, poeticamente, apresenta-se a imagem de Maomé repetindo e anotando as palavras transmitidas pelo arcanjo Gabriel. Mas o Profeta não sabia ler nem escrever. A tradição oral era a tônica. Portanto, os seguidores retinham as palavras na memória. Algo parecido com os escritos de Homero, do lado ocidental do mundo. Somente após a morte do Profeta, seu sucessor, Abu Bakr, com receio de "ruídos" aparecerem na comunicação dos textos, encarregou Zaid Ibn Thabet de reunir os fragmentos. E foi o terceiro sucessor de Maomé, Osman, que mandou organizar o livro na forma que chegou até nós, produzindo esse texto com 114 "capítulos" ou suras. Cada sura é como um discurso que exorta os ouvintes a seguir determinadas normas morais; crer em algo ou aplicar regras e leis.
   Todas as suras, exceto uma, começam com a saudação "Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso".
   Depois, eu conto mais...

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