Fui ao cinema com minha filha assistir ao filme "Malala". O título, obviamente, faz referência à menina Malala Yousafzai - aquela jovem paquistanesa quase morta pelos talibãs por defender o direito de acesso ao ensino formal para as moças.
Eu já conhecia a história da menina. Mas algumas imagens são bem impactantes - positiva e negativamente.
A imagem do carro que conduzia ela e duas amigas atingidas pelos tiros dos talibãs, todo ensanguentado, é terrível.
A filmagem real dela, durante seu período de recuperação, num hospital, fazendo fisioterapia, é linda... porque já sabemos o final da história. Mas certamente foi muito angustiante para os pais verem o difícil processo de readaptação motora da menina.
Os depoimentos dos seus irmãos, "reclamando" da menina que implica com eles e se dedica muito aos deveres da escola, é muito bacana.
Mas, além das próprias falas dela, o seu pai dá um show de presença no filme - e, aparentemente, na vida da menina, como um exemplo de pai -, através de seus discursos.
Inquirido o que sentia pelo autor dos disparos, ele diz algo fantástico - que sabemos, obviamente, mas que não deve ser fácil de pensar para quem viveu tamanho drama. Diz o senhor Ziauddin Yousafzai: "Quem atirou na minha filha não foi uma pessoa, foi uma ideologia". E completa, em outro momento, que aqueles que fizeram isso, ou melhor, a ideologia que fez isso "dá um tapa na face do Islã".
Duas belas falas. A primeira mostrando que a "culpa" pelo acontecimento é de uma "ideologia" que, por definição, é algo que não se submete à crítica, e não de um homem, com uma possível liberdade de escolha entre o "certo" e "errado".
A segunda fazendo um pouco do que eu sempre reclamo diante desses casos de radicalizações do Islã, que é o manifestar-se claramente contra aquela atitude como um erro. Mas, no caso específico dele, a coisa não se limita a uma frase feita. O pai de Malala era um ativista contra os enganos religiosos dos talibãs. Há no filme, inclusive, imagens da sua atividade de repúdio aos homens que usavam a mensagem do profeta Maomé para fundamentar seu desejo por poder.
Recomendo o filme.
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