sexta-feira, 8 de abril de 2016

Max Weber e a liberdade


   Como estou fazendo uma pós em Sociologia, ando meio em falta com tudo o mais. Ainda mais agora, em que se aproxima o momento da monografia. Entre as leituras, há aquelas que vão se apresentando como absolutamente necessárias, mas há também as que são fruto de uma curiosidade de aprofundamento no tema escolhido. Para minha sorte, apareceu uma que atende a esses dois requisitos. E lá fui eu tomado de interesse por Max Weber - entre a paixão e a razão, de Héctor Luis Saint-Pierre, publicado pela Unicamp.
   Gostaria de transcrever, aqui, uma passagem do livro que pode vir a gerar alguma reflexão no futuro.
  "Weber não foi um filósofo profissional, mas, mesmo assim (ou justamente por isso), colocava permanentemente bases para interessantíssimas especulações filosóficas [...]. Ele expressamente dizia que esse âmbito, impenetrável para a ciência, era a esfera específica do filosofar e, com um respeito digno de admiração, nunca, ou quase nunca, se atreveu a transpor os umbrais que separam a ciência da filosofia". (p.32)
   A questão suscitada no livro, que justifica essa referência à Filosofia, é a da liberdade humana. 
    Assim aparece no livro:
   "[...] o posicionar-se perante os valores implica uma livre escolha entre eles, o que supõe um dado anterior [...]: um sujeito livre. Weber não esclarece o caráter ontológico desse sujeito [...]. No entanto, podemos supor que [...] se trata de um mero suposto [...]. Porém não é isto o que ocorre. [...] [O] sujeito cognoscente livre vai aparecer como suposto e fundamento da teoria da dominação weberiana, como 'ser humano livre' empírico". (p.31)
   O mais interessante dessa abordagem de Weber é que ele propõe uma liberdade de escolha dentro de um âmbito onde não há racionalidade prevista.
   Aí, Héctor Saint-Pierre detecta um "ponto morto", como ele chama.
   "[...] em que sentido este sujeito de conhecimento pode posicionar-se livremente dentro de uma esfera cuja característica é a irracionalidade? Ou talvez: que tipo de sujeito é este que pode ser livre, apesar de (ou justamente por) ser não racional?" (p.32)
   Vale uma reflexão séria...

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