segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

A História do Brasil para quem tem pressa


   Sendo sincero, tenho um "pé atrás" com essas publicações "para quem tem pressa". Tenho... ou tinha? Pensava assim: "Como alguém pode pretender entender algo tão complexo, como a História do Brasil, tendo pressa?". 
   Mas queria fazer aqui um mea culpa, em relação ao livro de autoria do historiador, professor, pesquisador e escritor Marcos Costa.
  Certamente, não se conhecerá História do Brasil tendo pressa. Mas, como diz a introdução: "O livro é um voo panorâmico pela história do Brasil, por meio do qual salta aos nossos olhos a perspectiva do todo, fundamental para a compreensão dos fatos isolados".
   Deste modo, o livro atende ao propósito dos que têm pressa, seja para recordar o encadeamento dos diversos momentos históricos, seja para funcionar como uma "armadilha" que apreenderá a atenção do leitor para determinados eventos, fazendo-o pesquisar mais.
   Mas o que mais me entusiasmou no livro foi uma chamada política na introdução do mesmo. Vou citar com uma certa extensão.
   "[S]egundo Raymundo Faoro, pode-se dizer que, da chegada de Cabral até Dilma Roussef, uma estrutura político-social resistiu a todas as transformações fundamentais: 'A comunidade política conduz, comanda e supervisiona os negócios, como negócios privados seus, na origem, como negócios públicos, depois [...] Dessa realidade se projeta a forma de poder, institucionalizada num tipo de domínio: o patrimonialismo'.
    Esse imperativo categórico da sociedade brasileira, ou seja, a inviolabilidade daquilo que foi assim desde sempre, cria um elo profundo entre os que aqui chegaram em 1500 e os que aqui hoje estão. Os mesmos objetivos os animam: a espoliação, a expropriação, o lucro, a exploração. Esses fins justificam os meios utilizados, que passam sempre ao largo de um projeto de país, sempre ao largo dos interesses do povo.
   Não existe no Brasil, nem nunca existiu, um projeto de nação. Um projeto robusto que levasse em conta o interesse de todos, planejado para durar gerações e que pairasse acima dos eventuais problemas políticos. Como o que ocorreu no Japão, arrasado na Segunda Guerra Mundial. O Brasil só vai se encontrar com o seu futuro quando um pacto social em torno de um projeto de não for estabelecido e jamais rompido. Conhecer a história do Brasil é o primeiro passo para que esse projeto seja estabelecido, consiga resistir a eventuais tempestades e siga seu rumo em direção ao estado de bem-estar social pelo qual tanto almejamos".
   Eu acrescentaria que o conhecimento da História do Brasil será um dos quesitos para que possamos criticar o nosso presente - e passado próximo -, a fim de fazer ganhar em consistência um projeto de futuro.
   Obrigado por quebrar um preconceito meu, Marcos Costa!!!

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