sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Começando com uma fofoca...


   O livro 50 clássicos da Filosofia, de Tom Butler-Bowdon, publicado pela Benvirá, em 2019, parece bastante interessante. 
   Há comentários sobre livros e autores considerados clássicos, no sentido mais especial do termo, isto é, aqueles que colocam questões que sobrevivem ao tempo - embora este possa vir a ser curto, como é o caso de A soberania do bem, de Iris Murdoch.
   Mas vamos à fofoca.
   Junto com o comentário de cada obra clássica, aparece também uma pequena biografia sobre o autor. No caso de Aristóteles, veja o que está dito: "Casou-se com Pítia, uma de suas colegas na academia de Platão, mas teve um filho, Nicômaco, com sua amante, a escrava Herpília".
   Será que é isso mesmo? Vamos consultar a Wikipédia primeiro. Lá está dito:
While in Lesbos, Aristotle married Pythias, either Hermias's adoptive daughter or niece. She bore him a daughter, whom they also named Pythias.
   E, depois:
While in Athens, his wife Pythias died and Aristotle became involved with Herpyllis of Stagira, who bore him a son whom he named after his father, Nicomachus
   Bem... parece que essa estória de "amante" não é muito procedente... pelo menos, no que se refere a Herpília, já que:
According to the Suda, he also had an erômenos, Palaephatus of Abydus

    Diógenes Laércio, em Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres, não parece dar tanta relevância às fofocas. Sobre o primeiro casamento de Aristóteles, ele explica que "Hermias se ligou a Aristóteles por laços de parentesco, dando-lhe a filha ou a neta em casamento", que seria Pítia. Contudo, Diógenes Laércio cita também uma estorinha, contada por Aristipo, segundo a qual, na verdade, Aristóteles teria se casado com uma concubina de Hermias, com a autorização deste. 
   Sobre o segundo casamento, nada se diz de modo tão explícito. Mas há a informação de que, em seu testamento, Aristóteles fala dos "ossos de Pítias" - indicando que ela já estaria morta - e dos cuidados com Herpilis e as crianças, citando logo a seguir que uma delas é uma menina, cujo nome não é referenciado, e outra é um menino, Nicômacos, segundo indica Diógenes Laércio.

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