quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Covid-19 (2)

 

    Não são novidades... mas vale à pena relembrar:

- em 31/12/2019, a China notificou a OMS sobre o aparecimento de um tipo estranho de pneumonia em seu domínio territorial;

- em 11/01/2020, oficialmente, ocorre o primeiro óbito causado pelo, já então identificado, coronavírus ;

- ... doença se espalha pelo mundo; número de mortes aumenta dia a dia; OMS declara estágio de pandemia; governos locais assumem diferentes estratégias distintas; número de mortes aumenta dia a dia; número de mortes aumenta dia a dia; número de mortes aumenta dia a dia...

- em 28/09/2020, chega-se à incrível marca de UM MILHÃO de mortos em todo o mundo - com o Brasil registrando algo em torno de 141 mil óbitos desse total

    Hoje, 8 de outubro de 2020, recorro aos noticiários e vejo que o Brasil apresenta aproximadamente 148 mil pessoas que faleceram com causa atribuída ao coronavírus. 

    Não sou estatístico, nem infectologista, por isso, na falta de dados sobre os mortos no mundo, farei uma simples regra de três, extrapolando o dado de 5% a mais de mortos no Brasil, nestes dez dias, para obter os números mundiais, que ficariam, então, em torno de 1 milhão e 50 mil falecimentos por conta do coronavírus.

    Obviamente, a morte de cada pessoa dessas é uma dor enorme para a família e para aqueles que conviviam com o falecido. Isso, não há como negar. Por outro lado, também não há como desprezar o fato de que, uma vez perdida aquela vida, há que se tirar algum ensinamento disso. As políticas públicas devem trabalhar com esses dados, não para transformar uma pessoa em um número, mas, pelo contrário, para transformar números (de pessoas falecidas) em pessoas (que possam ser cuidadas e salvas pela adoção de estratégias sanitárias eficientes).

    Contabilizando já quase 150 mil óbitos no Brasil, obviamente, não há que se falar em "gripezinha"; contudo, acho que estamos muito longe de poder falar em "apocalipse". Senão vejamos...

    Notícia recente foi a de que o Nobel de Medicina de 2020, dividido entre os cientistas Harvey J. Alter, Michael Houghton e Charles M. Rice, pela descoberta do vírus da Hepatite C, que, segundo reportagens de jornais, mata 400 mil pessoas por ano, no mundo todo. Ora, em três anos de Hepatite C, perdemos mais pessoas que nesses nove meses de Covid-19. Sim, são escalas diferentes. Mas essa comparação bem superficial, mesmo reconhecendo a diferença de quase quatro vezes mais tempo na contabilização de falecimentos acumulados, indica que há várias mazelas que não resolvemos e que, somadas ano após ano, formam o que se deseja atribuir ao estado atual da Covid-19 como sendo o "apocalipse".

    Outra comparação comum que tem sido feita é entre a Covid-19 e a Gripe Espanhola. Esta última esteve presente no mundo entre janeiro de 1918 e dezembro de 1920. Os relatos da época mostram estratégias relativamente parecidas com as propostas atualmente, como o distanciamento social; uso de máscaras; etc. 

    Se avançarmos nessa comparação, em que pese a diferença de arsenal técnico-científico que temos entre as duas épocas, vamos perceber que os números de óbitos atribuídos a uma e outra são bem favoráveis, do ponto de vista de enfrentamento da doença e manutenção da vida, ao Covid-19.

       Diante dos 7,8 bilhões de habitantes do planeta Terra nos dias atuais, com 1.050.000 mortos, temos uma razão de 0,01% da população atual levada pelo Covid-19. Enquanto que os números, controversos, da Gripe Espanhola, falam em algo entre 2,5 a 6% da população mundial da época morta por esta doença.

    Vale ressaltar que os números da Gripe Espanhola são fruto de reanálises periódicas, variando entre 17 milhões e 100 milhões de mortos, pelo mundo, naqueles três anos de ação da doença.

    De novo, ainda que não se possa falar em "gripezinha", também não dá para fechar o discurso em torno de "apocalipse"... mesmo fazendo a ressalva de que estamos comparando algo finalizado (a Gripe Espanhola) com outra coisa em curso (o Covid-19).

    Depois, continuamos...



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