terça-feira, 27 de outubro de 2020

Paulo Freire


   Confesso-me um quase ignorante completo em Paulo Freire (1921-1997)... como em muitas coisas mais. Minha formação em Filosofia se deu como bacharel. Portanto, nenhuma necessidade houve de me debruçar sobre questões pedagógicas e educacionais. Agora, fazendo nova graduação, desta vez, de licenciatura em Sociologia, deparo-me com as disciplinas pedagógicas e... encaro Paulo Freire, entre tantos outros pensadores da educação.

    Vejo as ideias de Rousseau, Piaget, Vygostky, Dewey, Anísio Teixeira e mais um monte de pensadores, e me encanto com alguns dos aspectos apresentados. Mas por que falar especificamente de Paulo Freire, então?

    Inicialmente, gostaria de dizer que o blog não está vetado aos citados, bem como a outros que não fazem parte da lista ínfima acima. Mas... Paulo Freire está em moda no Brasil. Talvez, entre os educadores, ele nunca tenha saído de moda. Contudo, para o público em geral, as referências a ele, penso, são muito vagas. O "estar em moda" a que me refiro diz respeito ao uso - e, talvez, abuso - político que se faz de sua figura.

    Em função deste uso político... ou, melhor dizendo, ideológico que se faz de Paulo Freire é que me decidi a tentar conhecer um pouquinho mais do que está escrito em meu livro de referência da disciplina. Comprei outros livros, mais especificamente sobre ele, os quais, confesso, ainda não tive oportunidade de ler, bem como a Pedagogia do Oprimido - igualmente não lido. Em realidade, registro apenas as primeiras impressões - estas, vindas da internet. Trata-se de um pequeno embate entre um detrator e um defensor de Paulo Freire. Deixarei o link no final deste post, para quem se interessar pela interessante leitura. Contudo, gostaria de registrar algo que me pareceu importante, logo de início: talvez seja necessário falar em "Paulos Freires", no plural. Vamos lá...

    Poderíamos pensar, pelo menos, em três Freires diferentes: (1)  o de antes do Golpe de 1964; (2) o do exílio e (3) o que volta ao país, quando da redemocratização.

    Segundo Hugo Cristo, o defensor de Paulo Freire, este, quando apresentou seu famoso método de alfabetização para adultos, não tinha nada de político, no sentido de fomentador de uma revolução da ordem política vigente. Obviamente, num sentido lato, poderia ser considerada uma ação política, visto que visava permitir o acesso à leitura - ainda que minimamente -, o que dificultaria a manipulação dos atores políticos a quem interessava um povo completamente iletrado. Mas isso é outra estória.

    Aliás, em outro momento, pretendo refletir acerca do  fato de o método de Freire ser realmente autoral ou não. Bem como se já haveria esse ingrediente revolucionário nessa época. Porém, sigamos.

    O segundo Freire seria aquele do exílio. Este, segundo Hugo Cristo, "incorpora formalmente a discussão crítica da condição social do aprendiz". Ou seja, aqui temos, realmente uma caracterização mais politizada do educador Freire. Vale lembrar, então, que a crítica não recai mais sobre o Método Paulo Freire, mas sobre o seu posicionamento político, de viés marxista. 

    Sem entrar no mérito da questão, há que se registrar, como faz Hugo Cristo, que um posicionamento crítico à visão ideológica daqueles que o expulsaram de seu país é até afetivamente justificável. Porém, sigamos, já que o importante, neste post, é a demarcação dos três Freires.

    Por último, teríamos o Freire que retorna ao Brasil em 1980, e se filia ao Partido dos Trabalhadores. Este último teria uma atuação mais institucional, como planejador da educação, já integrado ao novo cenário democrático brasileiro. Portanto, já mais transformador da realidade dada do que propositor de uma revolução marxista no Brasil.

    Como introdução à reflexão sobre Paulo Freire, acho que valeu.

   O link da embate sobre Paulo Freire - embora devam existir outros - é: https://medium.com/@hugocristo/o-fracasso-da-pedagogia-de-paulo-freire-qual-delas-a0171dc9e254

     

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