Dois casos de "racismo" (entre aspas, provocativamente) recentes me chamaram atenção: o primeiro, de João Alberto Silveira Freitas - morto no supermercado Carrefour -; e o segundo, do jogador Gérson, do Flamengo-RJ.
Gosto pouco de falar de casos muito recentes, por conta das fortes emoções que ainda estão presentes, dificultando uma crítica mais perfeita. Mesmo assim, vamos lá.
Sinceramente, tenho dúvidas se os casos citados realmente caracterizam "racismo", no sentido em que está sendo discutido na grande mídia.
Discutirei um caso de cada vez.
Primeiro caso. Um homem - negro, sim - é espancado brutalmente até a morte. Não sou jurista, mas não tenho dúvidas de que foi um homicídio qualificado. Minha incerteza está no fato de ele ter sido morto POR ser negro. Não questiono que seja possível ter havido racismo até o ponto em que João Alberto foi conduzido para fora da área efetivamente comercial do supermercado. Pelos vídeos divulgados, parece haver um desentendimento entre a vítima e uma funcionária, no interior da loja - o que, reconheço, já pode ter sido fruto de alguma prática racista -; posteriormente, há a observação de João Alberto por outro funcionário; e, por fim, o acompanhamento da vítima por seguranças do supermercado ao longo de um corredor. Volto a reconhecer que, durante esse trajeto, pode ter ocorrido práticas racistas, com ofensas, ameaças, etc. Em determinado ponto, contudo, João Alberto desfere um soco em um dos seguranças. Aí, penso, a coisa muda de figura. Desse evento em diante, imagino que falar de "racismo" pode ser um tanto quanto inadequado. Afinal, ao ser agredido com um soco, o segurança - policial militar de folga - , ensandecido, passa às cenas de barbárie que ficaram registradas em nossa mente, levando à morte de João Alberto.
Voltemos um pouco. Em momento algum, estou afirmando que não houve racismo, ou seja, uma ação deliberada de tratar um indivíduo de maneira injusta pelo fato de ele ser negro. A única coisa que estou dizendo é que não posso assegurar que o motivo do homicídio foi o fato de o rapaz ser negro, como está sendo seguidamente informado pela grande mídia.
Obviamente, o segurança/policial tem que ser punido pelo homicídio. Afinal, a agressão sofrida na forma de um soco não poderia justificar um homicídio, principalmente quando se trata de alguém que deveria estar preparado para neutralizar um agressor... menos ainda quando observamos que havia dois seguranças para neutralizar a ameaça na forma de um único indivíduo desarmado.
A questão do crime de racismo, contudo, tem que ser melhor investigada... para ser punida com justiça, caso efetivamente tenha ocorrido.
Resumindo, então: só acho que o assassinato não se deu exata e especificamente por racismo.
Depois, veremos o segundo caso...