sábado, 16 de julho de 2022

Pobreza no Brasil (1)

 

   Tratar do tema "pobreza", no Brasil, não é uma coisa simples. A começar, pela dificuldade de encontrar uma definição precisa do que vem a ser "pobreza" - o que é fundamental para análise de qualquer conceito -, e que continua com a profusão de números que envolvem a mesma. 

    A Organização das Nações Unidas (ONU), por exemplo, utiliza o fator renda para classificar o que é "pobreza". A União Europeia segue esta linha, bem como o Banco Mundial e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

   A Organização de Alimentação e Agricultura (FAO), organismo pertencente à ONU, e também a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) traçam os limites da pobreza a partir da quantidade de calorias ingeridas pelos indivíduos.

    Os valores também variam bastante. Em relação às calorias, a FAO utiliza como limite de pobreza uma dieta diária abaixo de 1.750 kcal, enquanto a Cepal usa o valor de 2.200 kcal.

    Já no que se refere à parte econômica, a ONU fala em pobreza quando a renda diária média de uma pessoa está na casa de US$ 1,25; mas o Banco Mundial e o IBGE usam um valor maior do que este para identificar a "extrema pobreza", com US$ 1,90, e a pobreza estando entre US$ 3,20 (para países subdesenvolvidos) e US$ 5,50 (para países em desenvolvimento).

    Mesmo admitindo que a referência à renda diária per capita é mais usual, ainda resta essa variação grande para administrar.

    Diante desse fato, não é tão fácil discutir os números que são apresentados - e usados politicamente - sobre a pobreza e a extrema pobreza, no Brasil. 

    Utilizando uma tabela produzida pelo IBGE de Síntese de Indicadores Sociais restará estabelecido que US$ 1,90 demarca a linha da extrema pobreza, enquanto US$ 5,50, o da pobreza. 

    Procedendo assim, teríamos, em 2020, com uma população aproximada de 211 milhões de pessoas, cerca de 12 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha de extrema pobreza, enquanto o total de brasileiros considerados pobres - descontados os que estão abaixo da linha da pobreza - seria algo em torno de 39 milhões. Ou seja, teríamos aproximadamente 51 milhões de brasileiros categorizados como pobres ou extremamente pobres.

    

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